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COMPORTAMENTO

Quais aprendizados tirar de um ano marcado pelo medo e incertezas?

O DIÁRIO ouviu três especialistas em áreas bastante atingidas: saúde mental, saúde em geral e finanças. Confira!

Imagem ilustrativa da notícia Quais aprendizados tirar de um ano marcado pelo medo e incertezas? camera Deborah Crespo, médica infectologista | Fernando Araújo

Ofim do ano sempre traz reflexões sobre a vida, comportamentos e como encaramos as dificuldades nos dias que ficaram para trás. Este 2020, por ter sido tão atípico por conta de um cenário pandêmico, coloca as pessoas diante de questionamentos sobre quais aprendizados e lições foram extraídos. Afinal, de alguma maneira, todosforam atingidos.

A saúde mental, a questão financeira ou a mudança de hábitos sanitários, que muitas vezes eram negligenciados, tiveram impactos expressivos no dia a dia da população. Mas será que diante de tantas experiências ficará um aprendizado que possa ser levado para a vida inteira? Segundo a médica infectologista Deborah Crespo, as mudanças começaram com medidas simples de higiene sanitária e de etiqueta pessoal, evitando o contato mais próximo com o outro e pensando no cuidado da saúde como um todo.

“A importância da atividade física, a boa alimentação, a manutenção do peso ideal e uma atenção maior com os grupos de risco. Por outro lado, fica também a lição de olhares mais criteriosos em relação a atitudes rotineiras, das pessoas colocando a mão na farinha, na feira, ou assoprando a vela de um bolo de aniversário, por exemplo. O grau de assimilação disso tudo veremos nos próximos meses ou anos, mas desejo que possamos extrair disso tudo algo bom”, ressalta.

 Jureuda Guerra
📷 Jureuda Guerra |Divulgação

Olhando a questão emocional, a psicóloga Jureuda Guerra destaca o aumento significativo da procura por serviços de saúde mental e a forma como a população encarou isso. “Logo no início da pandemia acompanhamos a criação de várias frentes de atendimento voluntário às pessoas em sofrimento e houve uma quebra de preconceito sobre a especialidade. Porém, viu-se a necessidade de um investimento maior do poder público, haja vista a primordialidade do serviço, que por sua vez, foi muito bem recebido pela sociedade”.

As finanças também tiveram papel importante neste processo de aprendizado, já que foi necessário falar mais sobre poupar e garantir uma reserva financeira de emergência.

“Infelizmente, houve muito endividamento, sobretudo por causa do desemprego. As pessoas já não conseguiam honrar os pagamentos e muitos se queixaram de não terem feito reservas para a garantia de dias mais confortáveis. Mas tudo isso fez com que as pessoas reavaliassem os conceitos em relação às compras e ao que realmente era necessário adquirir”, comentou a educadora financeira Ana Ferrari.

Ana Ferrari
📷 Ana Ferrari |Octavio Cardoso

Quais aprendizados tirar de 2020

- Saúde mental

“A lição com a saúde mental foi um desafio grande para todo mundo. Afinal, foi uma vivência e uma transformação nunca vivida, algo inesperado. Quem iria imaginar que um vírus iria modificar a vida de tantas pessoas? Isso gerou ansiedade, compulsividade alimentar, insônia, sedentarismo no período de confinamento, ou seja, fatores que impactaram muito a vida do ser humano, além das crianças, que tiveram seu desenvolvimento psicossocial de alguma forma atingido, e os idosos, com a falta de convívio familiar”, comentou Deborah.

- Negacionismo

“É inerente ao ser humano acreditar que coisas ruins acontecem com os outros e não consigo, ou que pode passar por dificuldades e se sair bem, e quem não passa é mais fraco. Isso não é por falta de amor ao próximo, é um mecanismo individual de sobrevivência que diz: eu nego para não sofrer, para não me alinhar a isso. Ou então, porque me considero mais esperto. Daí a importância da estrutura de um governo que faça uma intervenção paterna, determinando horários e regras em meio a pandemia”, diz Jureuda Guerra.

- Empreendimentos

“As pessoas investiram mais em recursos tecnológicos. Muitos se tornaram empreendedores para ter uma forma de sustento ou tiraram algum projeto do papel, seja uma lojinha virtual ou serviços delivery. Houve maior busca para qualificação profissional, com cursos de ensino a distância ou até mesmo os básicos de computação”, contou a educadora financeira.

- Empatia

“A falta de empatia ainda é muito grande em uma parcela da sociedade que atua somente entre si, com o bem que faz, por exemplo, apenas para os moradores do seu prédio ou para o vizinho que conhece, mas é incapaz de fazer algo por alguém desconhecido. Fica o questionamento este ano de até que ponto tivemos uma mudança de comportamento neste sentido”, indaga a psicóloga.

- Vacinação

“Ao longo dos anos a vacinação sempre foi muito questionada, mas vimos de forma pedagógica a conquista de termos vacinas para prevenir doenças (...). É valioso que todos estejam vendo a importância da vacinação e que o Brasil tem um programa amplo e eficaz. Se a cobertura não atinge os índices ideais é porque é um trabalho que exige esforço tanto dos gestores quanto da sociedade”, destaca a infectologista.

- Valorização

“O esforço coletivo e a união da família foram vistos com outros olhos. De viver este ano e passar pela pandemia juntos, com planejamento, pensando em mudar hábitos e valorizando a vida financeira também. Foi priorizado o esforço do trabalho de quem traz o dinheiro para dentro de casa. Embora muitos tenham ficado home office, tinham pessoas na linha de frente, prestando serviços essenciais e que, até então, muitos familiares não valorizavam e passaram a enxergar de outra forma, como guerreiros”, disse Ana.

- Rotina

“Desejo muito que esses aprendizados se consolidem como conquista e um ganho a partir deste ano tão impactante. Que traga mudanças para a rotina. Sabemos que nem todos vão extrair isso de forma positiva, pois vemos ainda a pandemia se propagando porque as pessoas relaxam, acreditam que já estão livre o problema”, pontua Deborah.

- Guardar dinheiro

“São poucos os que têm hábito de guardar dinheiro e ainda costumam comprar por impulso. Atualmente, este cenário mudou um pouco. Pesquisas apontam que de cada dez pessoas, sete tem comprado por impulso. Tem-se observado uma redução, já que não se sabe o dia de amanhã, então as pessoas refletem mais. Muitos têm comprado apenas conforme a necessidade familiar e isso foi um ensinamento”, relatou Ana.

É importante cuidar também da saúde mental

Nesse cenário de pandemia, os especialistas chamam a atenção para os cuidados com a saúde mental. A psicóloga Niamey Granhen lembra que os maiores impactos vivenciados pelos indivíduos este ano estão relacionados à situação de insegurança e do medo.

“Dependendo da estrutura de cada um, as pessoas passaram a desenvolver ansiedade, depressão e pânico. Isso porque começamos a ter a questão do limite, de ser freado na sua fluidez e de ficar recluso. De modo geral, as pessoas foram impactadas, algumas de forma ainda mais grave”, disse.

A especialista ressalta que 2020 não deve ser avaliado como um ano perdido. “Até mesmo já se preparando para 2021, temos que aprender com a questão do enfrentamento e da resiliência emocional. Essa precisa começar a ser treinada ainda na infância para ir se desenvolvendo. Esse ano ainda está acontecendo, então é preciso analisar o que aprendi e como posso crescer perante uma dificuldade. Claro que a esperança e a questão do otimismo também são fundamentais na saúde mental”, diz Granhen.

Os debates sobre a saúde mental, assim como a questão da saúde do corpo físico, devem ser constantes na sociedade, diz a psicóloga. “Se fala muito sobre o corpo físico por ser mais palpável e que dá sinais visíveis se ocorrem problemas. Mas se uma pessoa tem depressão, por exemplo, outras não enxergam. Às vezes, dizem até que é uma besteira ou que é uma tristeza passageira. Então, temos que falar de saúde mental sim, sempre de forma constante dentro do aspecto de saúde como um todo. O serhumano é inteiro”, afirma.

A família e os amigos são extremamente importantes durante o processo de tratamento e na identificação de quando algo não vai bem, conta a especialista. “A gente precisa falar dos nossos sentimentos e ter um espaço de escuta. Não somente com um profissional que já é treinado, mas nos ambientes sociais”, pontua.

AJUDA

A psicóloga observa que, em boa parte dos casos, a busca por um profissional só acontece quando o paciente está no ápice da doença. “Como a nossa cultura é uma cultura curativa, tem-se o pensamento que é preciso estar muito doente para buscar ajuda. Porém, a questão mental é aquela menos enxergada e somente notada nesse ápice. Quando a pessoa não está se alimentando ou dormindo bem, ou não consegue sair para o trabalho, por exemplo, é que as pessoas se preocupam”, diz.

A mudança de comportamento é o principal indicativo de alteração na saúde mental. “Quem convive com a pessoa sempre observa os comportamentos mais comuns dela. Então, uma alteração significativa desse estado já é algo para acenderalerta”, destaca Niamey.

“Quando a gente realmente olha o outro e conhece seu funcionamento, pode-se perceber essa mudança. Aqui, o que precisa ser observado é a intensidade e a frequência dessa mudança e, caso não consiga dar conta sozinho, deve-se sempre buscar uma ajuda”, orienta a psicóloga.

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