No dia em que completou 14 anos da morte do jovem Gustavo Russo, assassinado com sete tiros enquanto era refém de um assaltante, dezenas de pessoas que também perderam familiares para a criminalidade se uniram, ontem à tarde, em caminhada por algumas ruas do bairro do Marco, em Belém, para pedir paz e justiça.
Com cartazes nas mãos, camisas com os nomes e rostos das vítimas, os manifestantes seguiram da travessa Chaco até a travessa Mauriti. Ao longo do trajeto, discursos de luta, dor, esperança e justiça eram feitos, além de louvores e orações que também emocionavam os participantes.
O encontro foi organizado pelo Movimento Pela Vida (Movida), fundado por Iranilde Russo, mãe de Gustavo, que desde a morte do rapaz mobiliza a caminhada. “Não podemos deixar morrer a esperança de um mundo melhor. Infelizmente, a sociedade ainda não conseguiu atingir esse sonho. Mesmo assim, não vamos parar. A paz e a justiça ainda são o melhor caminho”, disse Iranilde.
Outro sentimento que brada em alguns familiares de vítimas é a revolta. Nazareno Lobato, de 56, não se conforma por ter perdido três parentes: mãe, irmã e neta.
O primeiro caso ocorreu em 2007, quando a mãe e a irmã do microempresário foram atropeladas. Em 2014, a neta de apenas oito anos foi torturada, estuprada e morta, juntamente com a amiga, no bairro do Tenoné. Segundo ele, em nenhum dos casos houve punição dos acusados.
“O sentimento é de revolta, de um Brasil que a gente não merece que não respeita seus filhos. Apesar de tudo, ainda acredito que um dia verei os responsáveis pelas mortes da minha neta, irmã e mãe serem punidos”, disse.
Durante a caminhada que foi regada pela chuva, mas não afastou os manifestantes, a técnica de enfermagem Sandra Printes, 63, estava emocionada. Há dois anos e cinco meses, a filha do meio, Alessandra Paes, 37, morreu vítima de erro médico.
Segundo a mãe, o caso ainda está é investigado. “A saudade não passa. Para mim, parece que foi ontem. Dói demais perder uma filha”, lamentava. Alessandra trabalhava como operadora de call center e morreu durante uma lipoaspiração. Ela deixou dois filhos.
Já Gustavo Russo foi feito refém por Lucivaldo Cunha Ferreira, que fugia da polícia, estava disfarçado de PM e também foi morto. O crime aconteceu no bairro do Marco. O carro onde eles estavam foi atingido por 22 tiros, sete acertaram o jovem que trabalhava como promotor de eventos.
Todos os disparos foram feitos por policiais militares. Até hoje a família de Gustavo não recebeu a indenização do Estado por danos morais. Os policiais envolvidos no caso foram absolvidos pela Justiça.
(Michelle Daniel/Diário do Pará)
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