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Reportagem Especial

No final do último mês de setembro, a empresa paraense Dom Cookie, que produz brownies e outros produtos de panificação, chegou ao Chile com a missão de criar nesse país um novo nicho de mercado. Da mesma forma, os pães de queijo Mineirinho, da Maryne A

No final do último mês de setembro, a empresa paraense Dom Cookie, que produz brownies e outros produtos de panificação, chegou ao Chile com a missão de criar nesse país um novo nicho de mercado. Da mesma forma, os pães de queijo Mineirinho, da Maryne Alimentos, e os alimentos à base de açaí da Petruz – todos bem paraenses – devem encher os olhos e as prateleiras dos consumidores dos Estados Unidos nos próximos anos, após uma parceria bem sucedida.

Essas iniciativas mostram uma alternativa comercial e que tem tudo para se tornar uma tendência, para que as empresas paraenses possam enfrentar melhor a recente crise econômica que aflige o mercado interno brasileiro a partir da projeção cada vez maior da cultura e dos produtos amazônicos no mundo.

A internacionalização da produção tem diversas vantagens, como a ampliação do mercado consumidor e a mudança nas dinâmicas dos processos industriais. E essa não é uma possibilidade apenas para grandes empresas. Empreendedores e especialistas mostram os passos para esse caminho.

DIVERSIFICAÇÃO COMERCIAL

Atualmente, quase 84% do que se exporta do Pará são minerais (minério de ferro bruto, alumina calcinada, minério de cobre, dentre outros), herança de um modelo que marcou a região historicamente. "A característica econômica da região amazônica, desde o período colonial, é de fornecedor de matéria-prima", comenta Raul Tavares, gerente do Centro Internacional de Negócios do Pará (CNI), da Federação de Indústrias Paraense (Fiepa).

No entanto, nos últimos anos, o que se vê é um estímulo ao crescimento de outros setores da indústria paraense, que começam a conquistar o mercado mundial, como a indústria têxtil, a gastronômica e da Tecnologia da Informação.

"Dentro de uma política de incentivo ao mercado exterior você consegue trabalhar com uma moeda mais forte, você quebra as barreiras das fronteiras alfandegárias e começa a entender o ambiente global dos negócios", explica Raul Tavares.

ESTRATÉGIAS

O caminho pode parecer distante, mas é possível por meio de algumas estratégias, como a formação de coletivos, alternativa útil principalmente para pequenas e médias empresas e produtores. "Temos um projeto para trabalhar com pequenos coletivos empresariais, micro e médias empresas para que elas possam unir forças em coletivos e alcançar mercados lá fora", comenta Tavares.

As vantagens de internacionalizar a produção são diversas, segundo o gerente do CNI: conhecimento de mercado, ampliação do público do consumidor e geração de empregos são algumas delas.

"Quanto mais você amplia o mercado consumidor, mais tem a possibilidade de eliminar a ociosidade da produção por ausência de mercado. A capacidade produtiva chega a 100%. Com isso, você gera condições de emprego, porque vai exigir mais força de trabalho, vai investir em novas tecnologias", explica.

Raul Tavares destaca que a internacionalização gera mais empregos. Foto: Divulgação

Tavares diz que a renda que é gerada vai ser internalizada em outros setores da economia, porque o cidadão que está empregado pode aquecer a economia interna, comprando roupas, alimentos e outras necessidades. "Outra coisa é que você fica conhecido no mercado internacional. Você começa a compreender dinâmicas de outros mercados que são diferentes do mercado interno. São outras formas de comercialização, dentro do seu domínio de conhecimento", continua o gerente.

Empresas que alcançam com êxito o mercado internacional também acabam ganhando maior visibilidade no mercado interno. "Quando você está internacionalizado, começa a ser referência no seu mercado interno também, porque a percepção que se tem é que, se aquela empresa consegue atender uma demanda internacional, ela está pronta para atender uma demanda interna", conclui Raul Tavares.

Para saber mais sobre o serviço oferecido pelo Centro de Internacional de Negócios do Estado do Pará (CIN), da Fiepa, é só entrar em contato pelo telefone (91) 4009-4992/4995 ou pelo e-mail [email protected].

O DOL conversou também com industriais e empresários que alcançaram ou buscam mercados externos. Veja os relatos:

A indústria Maryne Alimentos atua há 23 anos no mercado paraense da panificação, conhecida pelo pão de queijo "Mineirinho", e encontrou no mercado dos Estados Unidos uma possibilidade de expansão dos negócios.

A exportação do pão de queijo foi facilitada pela parceria com a empresa de açaí paraense Petruz: as duas empresas precisam enviar os produtos em contêineres a uma temperatura de 18 graus negativos para os Estados Unidos. Elas dividem os contêineres, diminuindo o custo do envio para cada uma.

"Lá fora, o Brasil é considerado um país amigo, não tem fatores negativos. Nós vemos que os produtos com uma pegada mais latina são bem aceitos no mercado, além de que os brasileiros que moram lá também divulgam muito bem os produtos", comenta Délcio Sá, diretor comercial da Maryne.

A Maryne faz parte do projeto INSERI, da Federação das Indústrias Paraenses (Fiepa), o qual ajudou a indústria a desenvolver elementos necessários no processo de internacionalização como desenvolvimento da marca e da embalagem dos produtos. Esse processo de pesquisa durou aproximadamente um ano e meio, segundo Délcio.

"As empresas têm que se profissionalizar, participar de feiras internacionais, ir aos mercados de fora do Brasil para conhecer. A exigência é grande. É preciso oferecer um padrão de qualidade, instalações adequadas. Não existe espaço para amadorismo", comenta o diretor executivo.

As exigências do mercado externo são grandes, mas também são as vantagens para a atuação da empresa. "Você muda seu padrão de qualidade. A indústria passa a funcionar em um padrão internacional. O produto nacional também é beneficiado. Afinal, é a mesma fábrica para os dois mercados", finaliza Délcio.

A empresa "Jambu & Ubuntu" Tecnologia atua desde 1996 no desenvolvimento de softwares e soluções tecnológicas para empresas. O processo de internacionalização, no entanto, iniciou mesmo por volta de 2008, quando forneceu um software de Gestão Epidemológica de Tuberculose para o governo da Angola, país localizado na costa ocidental da África.

"Nossos dois principais produtos são o de gerenciamento de projetos para empresas de software e os softwares para coordenação de equipes de campo, que atuam, por exemplo, com vendas, auditorias", explica Marcelo Sá, diretor executivo da Jambu.

Um dos passos essenciais dados pela empresa, para se aventurar no comércio internacional, foi a obtenção, em 2012, do certificado Capability Maturity Model – Integration (CMMI), modelo de referência para desenvolvimento e manutenção de produtos na área de Tecnologia da Informação.

"A CMMI é a certificação mais adotada como modelo de maturidade de empresas de software. No Brasil, há mais ou menos 200 empresas com essa certificação. Na região Norte, nós somos a única", comenta o diretor executivo.

Para Marcelo, o Pará é um campo propício para o surgimento de grandes empresas de Tecnologia da Informação, pela grande qualificação dos profissionais.

"Aqui nós temos acesso a universidades de qualidade. Temos uma boa qualificação dos profissionais. São pessoas muito competentes e que apresentam boas soluções. Acontece que muitos desses garotos não conseguem emprego no mercado local e vão embora", diz Marcelo.

O diretor executivo opina que a obtenção de escala na produção e venda dos produtos é uma das vantagens da internacionalização. "É mais viável você atuar em mercados com um maior número de usuários do software. Os países de língua inglesa, por exemplo, têm um PIB geralmente maior que os de língua portuguesa", comenta.

Além de aumentar o número de compradores, o "esforço de internacionalização", como afirma Marcelo, permite um salto no padrão da empresa.

"O esforço de internacionalização exige uma reorganização impressionante da empresa. Tanto em gestão financeira, quanto administrativa, tanto na contabilidade internacional. São vários atestados que devem ser anexados ao processo", comenta o empresário.

"A equipe precisa aprender a falar o inglês, que é a língua padrão mesmo em mercados da Ásia ou Europa. É um processo de amadurecimento da empresa de forma diferenciada, para poder entrar de forma mais consistente no mercado internacional", conclui Marcelo.

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