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Saiba mais sobre os dois candidatos que disputam à Prefeitura de Belém

Edmilson Rodrigues e Everaldo Eguchi. Um dos dois será escolhido pelos eleitores para ser o novo prefeito de Belém. Nestas entrevistas, eles falam de temas como a Covid-19 e dos problemas mais urgentes da capital

Imagem ilustrativa da notícia Saiba mais sobre os dois candidatos que disputam à Prefeitura de Belém camera Neste domingo (29), eleitores de Belém decidem entre os dois candidatos | Mauro Ângelo e Celso Rodrigues

Ex-prefeito de Belém, à época pelo PT, o professor universitário Edmilson Rodrigues (PSOL), 63, disputa o segundo turno neste domingo (29) para o comando da capital do Pará. Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, Edmilson disse apostar no que considera uma perda de prestígio de Jair Bolsonaro na região Norte para superar Everaldo Eguchi (Patriota) nas urnas. Após o fim da sua segunda gestão municipal, em 2005, ele trocou o PT pelo PSOL e ficou longe dos cargos eletivos por seis anos, até ser eleito deputado estadual em 2010. Quatro anos depois, foi eleito deputado federal pelo Pará, cargo para o qual foi reeleito nas eleições de 2018. É candidato de uma coligação que reúne PSOL, PT, PDT, PC do B, UP e Rede.

Economista e advogado, Everaldo Eguchi, 57, é delegado da Polícia Federal desde 2007 e tenta neste segundo turno seu primeiro cargo eletivo como candidato a prefeito de Belém.

Em 2018, ano em que Jair Bolsonaro foi eleito presidente, Eguchi tentou uma vaga de deputado federal pelo PSL, mas não foi eleito. Neste pleito, ele ainda recorre ao presidente Bolsonaro como seu maior trunfo de campanha.

Dois anos depois, ele se licenciou da PF para tentar a eleição para prefeito de Belém pela primeira vez, em uma chapa puro sangue do Patriota, defendendo um discurso de combate à corrupção e defesa dos “valores da família e da pátria”. Nascido em Tomé-Açu, no interior do Pará, mora em Belém desde os quatro anos de idade.

O delegado afirma não depender do apoio do presidente para conseguir a maioria dos votos em Belém. Confira abaixo as entrevistas dosdois candidatos.

Edmilson Rodrigues

Raio-X

- Arquiteto e doutor em geografia humana, foi deputado estadual por dois mandatos (1987-1994 e 2010-2014), prefeito de Belém por dois mandatos (1997-2004) e atualmente é deputado federal (desde 2014). Foi filiado ao PT e hoje está no PSOL

Edmilson Rodrigues
📷 Edmilson Rodrigues |Mauro Ângelo

- Entrevista

O senhor acredita que o apoio recente do presidente Jair Bolsonaro ao Delegado Eguchi (Patriota) pode influenciar o resultado do segundo turno nas eleições de Belém?

O presidente tem perdido prestígio em Belém, segundo as pesquisas de opinião. Está desgastado. Então é possível que o apoio dele agregue alguma coisa, mas também vai desagregar. É compreensível que apoie [Eguchi], pois têm [o candidato e Bolsonaro] visões muito próximas, no sentido do autoritarismo, do fascismo. Já vimos que os eleitos com discurso de combate à corrupção como única proposta não têm proposta para educação, para saúde, para habitação, para infraestrutura.

O senhor conseguiu reunir os partidos de esquerda em torno de uma única candidatura, ao contrário de outras cidades onde a esquerda pulverizou votos em candidaturas independentes.

A nossa frente é de seis partidos, o que me permitiu chegar bem na frente, e agora que as adesões estão chegando. Creio que, de 35 vereadores eleitos, mais de 20 nos procuraram.

Vários sindicatos, centrais sindicais, instituições e líderes religiosos, os artistas todos se envolvendo... No PSB, a direção nacional reuniu e orientou que nos apoiasse. E a frente mantém o PDT, que se reuniu comigo com 43 candidatos a vereador para declarar apoio.

O que o senhor considera que seja o mais urgente problema de Belém e qual sua proposta para solucioná-lo?

O mais urgente é a fome. No dia 1º de janeiro eu tomo posse e assino o decreto, imediatamente, do programa Bora Belém, de renda mínima, que vai complementar a renda das pessoas mais necessitadas com até R$ 450.

Caso eleito, o senhor pretende reabrir as escolas ou só irá retomar as aulas presenciais após termos uma vacina?

Vou seguir o protocolo. Sou professor universitário com doutorado e isso me obriga a ter responsabilidade com a ciência. Então não dá para entrar no negacionismo, obscurantismo, negar a vacina, negar as técnicas avançadas.

Então, se a orientação técnica é não abrir, não abrirei. E estou muito otimista com as vacinas e, se for necessário, investir recursos municipais para comprar vacina, priorizar uma faixa da população que seja mais vulnerável, mas também viabilizar para as crianças, para poder fazer a reabertura das escolas.

O prejuízo é real e as pessoas têm que pôr na cabeça que é uma pandemia, ninguém conhece a doença. Não podemos, de forma alguma, simplesmente aprovar [os alunos]. Mas também não podemos reprovar, então há de se flexibilizar os calendários; a criança pode ingressar numa dinâmica de modo que, ao final de 2021, ela seja aprovada acumulando conhecimento de dois anos. A prefeitura pode criar uma política de reforço escolar no contraturno, de modo que a criança possa ser responsavelmente aprovada.

O senhor é a favor ou contra as medidas de restrição de circulação e distanciamento social? Pretende adotá-las em seu governo?

Sou totalmente a favor. Estamos correndo o risco de uma nova onda e há de se considerar o conhecimento científico. Se eleito, minha primeira medida será reinstalar as dez unidades de urgência e emergência nos oito distritos de Belém em funcionamento 24 horas.

Porque, hoje, as UPAs [Unidades de Pronto-Atendimento] estão funcionando precariamente. Uma tarefa planejada é a criação de um centro de referência para o tratamento das sequelas da Covid-19, com fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, psicólogose médicos.

Como o senhor avalia a gestão do atual prefeito de Belém no enfrentamento à pandemia?

Foi sofrido, fechou portas de UPA em momentos críticos da pandemia. Foi caótica. Incapacidade de gestão, mau uso de recursos públicos.

E como avalia a gestão da pandemia pelo presidente Jair Bolsonaro?

Como criminosa, genocida. É isso. Diz tudo.

Qual sua opinião sobre tratamentos citados em contexto político, como a hidroxicloroquina e agora as vacinas?

Quem tem autoridade é o médico, eu sou arquiteto urbanista. A China pode quando é para comprar os produtos do agronegócio que estão relacionados ao desmatamento, para levar a carne bovina produzida extensivamente em função da extinção da floresta. Enfim, não pode ter vacina chinesa, mas pode ter o ingresso de bilhões de reais por ano por conta da exportação para a China?

Qual o papel da Prefeitura de Belém no combate ao avanço dos crimes ambientais, como o desmatamento ilegal na Amazônia?

A cidade de Belém é o portal, aqui é o principal entreposto comercial. É daqui que saem as motos produzidas em Manaus e outros produtos da Zona Franca de Manaus. Além do que é produzido aqui no Pará mesmo de minério, madeira e alguns produtos industriais. Claro que tem competências, mas podemos fazer um debate e a Câmara Municipal também pode ajudar.

Como o candidato avalia seu concorrente à Prefeitura de Belém?

Ele é um camarada muito violento, usa o nome de Deus como todo político de extrema direita num cinismo atroz, porque quem é contra a renda mínima para combater a fome não pode ser a favor da família nem ser cristão. Então, na verdade, estamos disputando com alguém que é muito arriscado para a cidade.

Everaldo Eguchi

- Raio-X

Economista e advogado, é delegado da Polícia Federal desde 2007. Foi candidado a deputado federal em 2018 pelo PSL, mas não se elegeu. Hoje está no Patriota

Everaldo Eguchi
📷 Everaldo Eguchi |Celso Rodrigues

- Entrevista

Em 2018, o senhor tentou uma vaga de deputado federal, mas não foi eleito. O que mudou desde então para que decidisse disputar a prefeitura?

Eu me licenciei da Polícia Federal, retornei quando acabaram as eleições, e depois eu vim candidato a prefeito porque os grupos de conservadores daqui de Belém indicaram meu nome e eu aceitei o desafio. Então não foi uma decisão minha, foi uma decisão dos grupos conservadores de Belém que me indicaram, meconvidaram e eu aceitei.

O senhor é um dos policiais que concorrem ao cargo de prefeito no país, com ideias alinhadas às do presidente Bolsonaro. O resultado das urnas foi reflexo desse alinhamento?

Com certeza foram as ideias que o presidente tem que nos trouxeram ao segundo turno. Agora, no segundo turno, é uma outra eleição.

Quão decisivo é o apoio do presidente para a sua vitória no segundo turno? A queda de popularidade dos candidatos apoiados pelo presidente neste ano o preocupa?

Não, porque eu não sou candidato dele. Sou o candidato do Patriota alinhado às ideias dele. Inclusive, nem o apoio dele eu tive, formal. Ele fez um comentário de “se tivesse em Belém”, mas isso não quer dizer que eu seja o candidato dele. Eu tenho ideias, propostas similares às propostas dele, que também são as mesmas dos conservadores.

Avalia então que sua vitória agora independe de um apoio formal do presidente?

Pelo menos eu cheguei no segundo turno derrotando a máquina do governo, a máquina da prefeitura, sem apoio de nenhum outro partido, sem fundo partidário e sem apoio do presidente da República.

PSe eleito, que postura pretende adotar de combate à Covid-19, sobre funcionamento de escolas e comércio?

Sou contra “lockdown”. Só será tomada uma medida dessas, caso eu seja eleito, se realmente os técnicos envolvidos, que são da saúde, orientarem como imprescindível. Fora isso, não haverá “lockdown”. Porque se a máscara protege no supermercado e na farmácia, ela protege na escola e no restaurante.

Isso inclui a reabertura de escolas?

Sim, claro, a reabertura de tudo. Desde que se cumpram os requisitos de saúde exigidos.

Qual a sua opinião sobre o uso da hidroxicloroquina e vacinação contra a Covid-19? Pretende investir na aquisição de vacinas se eleito?

Acho que essa resposta tenho que primeiro seguir orientações da área da saúde. Por enquanto estou me preocupando com as eleições, não tive tempo de analisar com profundidade esse tema, mas sempre vou seguir as orientações dos técnicos da saúde para tomar uma decisão.

O que o senhor considera que seja o maior problema de Belém e qual sua proposta para solucioná-lo?

Belém tem muitos problemas crônicos. Nas nossas caminhadas pela periferia há muita reclamação por causa do lixo acumulado nas esquinas. E com os alagamentos porque aqui, em janeiro, é época de chuva, junto com a maré alta e, como grande parte de Belém fica abaixo da linha do mar, acumula e alaga a cidade, que se torna intransitável, por falta de planejamento e de ações práticas.

Como pretende resolver essa questão?

Primeiro, acabando com a corrupção, que suga centenas de milhões de reais que poderiam servir para tirar esses projetos do papel, mas infelizmente esses milhões vão para o bolso de grupos políticos e econômicos que sempre comandaram a cidade.

Eu não tenho nenhum envolvimento com grupo político, oligarquia política ou grupo empresarial aqui de Belém, então vou ter isenção para tomar essas medidas que eu acho corretas.

Segundo: acabar com a politicagem. Não fizemos coligação por isso. Normalmente o poder é fatiado e cada partido se torna um feudo de uma secretaria do município de Belém. Também isso vai acabar.

Secretaria vai ser técnica, sem interferência política, e nós vamos combater com veemência qualquer ato de corrupção, e quando a indicação política passar pelo nosso crivo: ficha limpa, competência, honestidade, ética. Mas se utilizar o cargo com viés ideológico é substituição na hora. Quem tem que ter autoridade sobre secretaria não é partido político, é a população.

O senhor é simpatizante das escolas cívico-militares defendidas por Bolsonaro. Pretende implantar o modelo na rede municipal?

Com certeza. A melhor escola do norte se chama colégio Tenente Rego Barros, que fica em Belém e onde meus três filhos estudam. A média do Ideb [Índice de Desenvolvimento da Educação Básica] dela é muito acima da média nacional, é uma escola cívico-militar gerida pela Aeronáutica, mas diversos professores são civis. Não é uma escola militar, é militarizada, onde o aluno tem que cantar o hino nacional uma vez por semana, onde o professor tem que ser obedecido na sala de aula e onde a hierarquia e disciplina predominam.

Quantas terão deste modelo em Belém?

Se possível, todas [transformá-las]. Mas isso vai depender do orçamento.

O seu concorrente tem uma frente ampla de apoio, enquanto a sua candidatura é isolada. Neste segundo turno o candidato já recebeu sinalização de apoio de outros que não passaram para o segundo turno?

Quase todos e vieram com pedidos imorais quenão foram aceitos.

Como você avalia seu concorrente à Prefeitura de Belém?

Um radical de esquerda.

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