Nicolas: xodó, ídolo e esperança bicolor para conseguir acesso

Para quem tem história como atacante do Paysandu, ver Nicolas se destacar por dois anos seguidos gera uma confirmação de que o jogador pode, daqui a alguns anos, quando parar de jogar, ser visto pela torcida do jeito que eles mesmo são hoje em dia. Artilheiro e campeão da Série B pelo Papão, o hoje técnico Cacaio vê em Nicolas o que muita gente deve ter visto nele quando chegou a Curuzu, no início da década de 90 no século passado: um achado.

“O Paysandu sempre deu sorte pra homens-gol, e o grande diferencial este ano foi ter renovado com ele. Um jogador com essas qualidades não se acha por aí. Ser artilheiro no Pará não é fácil. Espero que ele consiga levar o Paysandu até a Série A”, comentou Cacaio, que como treinador analisa a forma como o homem-gol bicolor atua e tem feito sucesso. “O Nicolas é um atacante nato, bom nas bolas paradas e que se movimenta muito”.

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“Ele corre muito e ajuda na marcação. Tomara que os gols dele nos leve à Série B do ano que vem”, comenta Vandick, que assim como Cacaio marcou um gol num jogo que deu acesso ao Paysandu, nos casos deles para a primeira divisão do Campeonato Brasileiro. Ex-centroavante e ex-presidente do Paysandu, Vandick vê em Nicolas não só um goleador, mas um jogador muito participativo, que ajuda bastante na criação das jogadas e também dando combate.

“Há dois anos ele é o nosso principal jogador, fazendo a diferença e dando muitas alegrias à nossa torcida. Ele merece toda essa idolatria que a torcida tem por ele. É um jogador que se empenha aos 90 minutos e sabe que ele fez o melhor quando acaba os jogos. O Nicolas tem uma bola aérea quase que perfeita. Os cruzamentos na área já nos dão uma expectativa boa de chegar nele”.

Também ex-centroavante do Papão, Róbson tem opinião semelhante a do antigo companheiro de time. Para Robgol, essa relação com a torcida vai além dos gols, com a Fiel reconhecendo alguém que se doa em campo e sempre dá o máximo que pode. “É um cara que joga para o time, que se movimenta muito bem, um excelente finalizador, tanto com os pés como de cabeça. É um verdadeiro ‘Matador’”, disse. “O Nicolas além de goleador, é um cara que honra o manto. É guerreiro dentro de campo e jogador com esse potencial cai na graça da torcida. É ídolo”, finalizou Róbson.

Que seja eterno enquanto dure!

Se chegar ao fim de seu contrato, o atacante Nicolas terá jogado quatro anos com a camisa do Paysandu, algo pouco corriqueiro nos últimos tempos no futebol paraense para quem vem de fora, de outro Estado. Contratado no fim de 2018 para ser uma opção de meio de campo, um meia-armador, aos poucos o gaúcho de Alegria (RS) foi se adiantando em campo, fazendo seus gols e virou um atacante de ofício, um artilheiro mortal.

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Nicolas marcou dois gols de cabeça, sua especialidade, na vitória de 3 a 2 sobre o Londrina-PR, sábado passado, e o técnico adversário, Alemão, se rendeu ao afirmar que seu time jogou muito bem e merecia algo melhor do que o resultado final, mas que pegou pela frente um atacante inspirado, alguém que, segundo ele, poderia estar jogando a Série A do Campeonato Brasileiro.

Jogar uma Série A já esteve bem mais próximo. No começo de novembro o Sport Recife-PE chegou a fazer uma sondagem, mas a impossibilidade de pagar a multa rescisória esfriou o interesse. O Paysandu se mostrou irredutível em diminuir o valor para a saída de seu principal jogador, que havia acabado de assinar uma extensão de contrato para dezembro de 2022. Na ocasião, Nicolas admitiu que outras propostas foram feitas, mas nada que fosse interessante o suficiente para deixar a Curuzu.

Além do acesso, em 2020 Nicolas pode chegar a uma meta pessoal que é a artilharia da Série C. O bicolor já balançou as redes nove vezes no campeonato, abaixo de Neto Pessoa, do Ypiranga-RS, que tem dez, e William Lira, do Ferroviário-CE, que tem onze. Restam três jogos desta fase e a possibilidade de outros dois, se o Papão for à decisão do campeonato. Além de Nicolas, Neto Pessoa ainda está no páreo. Já William Lira assiste a tudo de fora, pois o tricolor cearense foi desclassificado da Terceirona.

Se conseguir esse feito, Nicolas se igualará a outros três bicolores que foram goleadores de uma das séries nacionais em anos anteriores. Cacaio foi artilheiro da Série B em 1991 com 14 gols; Bruno Rangel fez oito gols na Terceirona de 2010; já Bergson marcou 16 vezes na segunda divisão de 2018.

O voo mortal do artilheiro

Dos 31 gols que Nicolas marcou com a camisa do Paysandu nesses dois anos, 17 foram de cabeça. Após a vitória do último sábado, o técnico do Londrina-PR, Alemão, afirmou que seu time treina muito as jogadas aéreas, mas que o atacante bicolor é muito forte nesse fundamento. O goleador bicolor deixa claro que isso não é apenas algo inato dele, mas fruto de muitos treinamentos. Algo que foi intensificado desde sua chegada em Belém.

“Isso não é à toa. Não é sorte, é trabalho. Treino nesse sentido há um bom tempo. Treino muito finalizações, em especial com o Bazílio (Amaral, auxiliar técnico). É um trabalho de longo tempo e por isso faço tantos gols de cabeça. Procuro sempre me aperfeiçoar nesse fundamento”, confirma Nicolas, que fez questão de dividir com os companheiros de elenco e demais profissionais do clube.

“Devo a cada um dos meus companheiros e dos membros da comissão técnica os meus números. Trabalho bastante para isso, mas sei que tenho a contribuição de todos. Isso porque quem ganha é o Paysandu e é isso que importa”.

Com a Série C em sua reta final, faltando três partidas para o fim da segunda fase, a que define quem conquistará o acesso para a Segundona do ano que vem, Nicolas confirma que subir com o Papão virou um objetivo também pessoal. Ao lado da maioria dos companheiros ele viveu e superou as frustrações do fim do ano passado após uma temporada muito boa. De acordo com o atacante, o acesso é algo que encara quase como uma obsessão. “É meu sonho individual. Ano passado chegamos muito perto do acesso e do título da Copa Verde. Isso ficou para trás, mas situações como aquelas nos moldam e nos deixam mais preparados. Não escondo de ninguém que particularmente quero muito isso e venho me preparando demais para isso”.