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COMPRA-SE VENTILADORES

Artista paraense faz proposta inusitada para refletir sobre cotidiano e adaptação na Amazônia

“Compra-se ventiladores com gambiarras e suas histórias”: o curioso anúncio, presente em algumas avenidas de Belém, faz parte do projeto “Ventos do Norte”, aprovado pela Lei Aldir Blanc Pará. Saiba como você pode fazer parte da obra!

Imagem ilustrativa da notícia Artista paraense faz proposta inusitada para refletir sobre cotidiano e adaptação na Amazônia camera O artista visual Mauricio Igor possui diversas obras expostas no Brasil e em Portugal. | Foto: ARCES

Os ventiladores são eletrodomésticos fundamentais nas residências na Amazônia. Devido às altas temperaturas, em geral nós, amazônicos, fazemos o possível para mantê-los em bom funcionamento, garantindo assim mínimo conforto diante do forte calor. Para isto, muitas vezes, recorre-se a "gambiarras", isto é, pequenos e criativos ajustes que, se não resolvem de fato o problema, ao menos oferecem soluções paliativas. Em Belém, sabemos, isto não é diferente.

Atento a este contexto, o artista visual e pesquisador paraense Maurício Igor criou uma curiosa provocação que pode ser vista em postes de algumas avenidas da capital paraense. O cartaz, feito com a técnica de lambe lambe, atrai logo na primeira mirada: "Compra-se ventiladores com gambiarras e suas histórias", diz o anúncio.

De acordo com Maurício, “serão comprados 6 ventiladores e suas respectivas histórias, em que vou me encontrar com o/a dono/a e gravar em áudio um breve relato sobre como surgiram as gambiarras no objeto”, explica o artista.

Através da obra, ele pretende mostrar o quanto pequenos hábitos e práticas possibilitam a observação de nós mesmos, destacando nossos modos de experiência, adaptação e criatividade. Isso, você já deve imaginar, rende grandes histórias.

“Os ventiladores são bem característicos aqui na região. Com o clima quente, eles fazem parte também da nossa sobrevivência e adaptação. Assim, vejo as gambiarras como estratégias de manter essa sobrevivência quando eles quebram ou apresentam algum defeito. Paralelo a esta ideia, o trabalho também levanta reflexões sobre a sobrevivência na/da própria região amazônica e as vidas que nela residem", destaca Maurício.

Para o artista, isto é fundamental principalmente no contexto contemporâneo de preconceito e segregação em que vivemos em relação ao poder federal. "Tendo em vista acontecimentos, como queimadas, o apagão no Amapá ou o erro do Ministério da Saúde na troca de quantidade de doses de vacinas contra a Covid-19 entre Amazonas e ao Amapá, vejo as pessoas e a Amazônia em uma situação de luta por sobrevivência e assistência", enfatiza.

Tal panorama, que toca a vida de algum modo de todos nós, se espraia também de forma ágil e em movimentos sinuosos por diversas áreas, tal qual as hélices dos ventiladores. “Esses reflexos aparecem em diversas vertentes, como políticas, sociais, econômicas, artísticas... É como se o restante do país não nos olhasse como deveria, o que é realmente triste, pois o Norte e a Amazônia, são de uma potência e importância gigantescas", finaliza Maurício.

FAÇA (P)ARTE!

Maurício Igor segue com as “compras abertas” para os ventiladores e histórias. Quem desejar vender os aparelhos ou apenas enviar seus relatos que também serão utilizados como parte das criações, pode entrar em contato através do perfil do instagram do artista (@mauricioigor) ou através do whatsapp 91-98568-6498.

Tal processo singular e criativo faz parte do projeto “Ventos do Norte”, que foi aprovado Lei Aldir Blanc Pará, pelo edital de artes visuais promovido pela Associação Fotoativa. A exposição da obra ocorrerá no final de março no espaço cultural Candeeiro, na Cidade Velha, Belém. A curadoria é assinada por Heldilene Reale.

O ARTISTA

Mauricio Igor é graduado em Licenciatura em Artes Visuais pela Universidade Federal do Pará. Em 2019, foi contemplado com bolsa do Programa Santander de Bolsas Ibero-Americanas para estudos na Faculdade de Belas Artes na Universidade do Porto, em Portugal.

Seu trabalho é focado em reflexões sobre o corpo não hegemônico, atravessando questões de identidades inseridas em temas como miscigenação, sexualidade e o cotidiano amazônico. Tais processos se desdobram em fotografias, performances, vídeos, textos, intervenções e instalações. Por meio destes, participou de importantes exposições coletivas no Brasil e em Portugal, além de ser premiado no Prêmio Rede Virtual de Arte e Cultura, promovido pela Fundação Cultural do Estado do Pará, e ter sido capa da revista luso-brasileira Performatus, ambos em 2020.

Com o trabalho “Vir a ser”, recebeu Menção Honrosa na XXVIII Mostra de Arte CCBEU Primeiros Passos, em Belém, e com a série “Ô lugarzinho pra ter viado” recebeu menção honrosa no FotoSururu - 1º Encontro de Fotografia Criativa, em Maceió-AL.

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