Guardas de Nazaré: a força da dedicação e da fé

Há 10 anos, o contabilista Luiz Fernando Osório, de 60 anos, tem uma nova função: Guarda de Nazaré. Depois que foi convidado por um padrinho, ele passou a integrar o grupo da Arquidiocese de Belém que atua no Círio e desenvolve outras ações durante todo o ano. Segundo ele, o trabalho voluntário exige força e dedicação, mas é recompensador. “O que nos motiva é a fé que temos por ela (Nossa Senhora). Minha devoção vem de geração e é a realização de um sonho”, destaca Luiz.

Ele explica que, no dia do Círio, os Guardas de Nazaré se dividem em 4 grupos: um à frente da berlinda - também conhecido como início da corda ou núcleo de cabeça -, no atrelamento da corda, entre o início que fica na Praça Pedro Teixeira e o final, na Rua Frutuoso Guimarães com a Castilhos França, e os núcleos de estação, que, ao todo, são 5, espalhados ao longo da procissão.

Além de diretor nos últimos 2 anos, Luiz será um dos cerca de 3 mil guardas que atuarão no Círio 2016. Serão 1.700 homens da Arquidiocese de Belém, e 1.300 guardas de apoio das paróquias da capital, região metropolitana e municípios do interior do Estado. Aproximadamente, 400 entraram no mês de junho.

Para outro diretor da Guarda, Jorge Gomes, que atua há 15 anos e está há 5 na direção, a Guarda de Nazaré possui papel importante em uma das maiores manifestações religiosas do País. “Ser guarda é um complemento da fé que tenho em Nossa Senhora de Nazaré. Fazer parte desse momento é uma honra pra mim e para todos os que são Guardas da Santa”.

DEDICAÇÃO À IGREJA E EXEMPLO PARA A COMUNIDADE

Segundo o coordenador Guilherme Azevedo, a Guarda foi fundada em 1974 por Padre Giovanni Incampo. “Naquele tempo, o Círio de Nazaré tinha o apoio de militares para abrir espaço nas linhas de frente durante a procissão, mas Padre Giovanni sentia que precisava ter gente da própria Igreja para cumprir a missão”, conta Azevedo. Com o decorrer do tempo, a Guarda ganhou mais funções e hoje funciona durante o ano todo em serviços à Igreja Católica e à comunidade. “Participamos do treinamento de novas guardas paroquiais e realizamos ações sociais, por exemplo. Tudo isso serve como preparação para o Círio, que é a missão mais importante”, destaca o coordenador.

A formação para novos guardas acontece apenas a cada 2 anos e não é aberta a qualquer um. Para se tornar candidato, é preciso ser indicado por quem já pertence à Guarda de Nazaré. O interessado passa, então, por curso de 4 meses de duração. Segundo Azevedo, dos 508 inscritos neste
ano, mais de 100 foram reprovados.

Depois de aprovado como Guarda de Nazaré, é preciso assumir alguns compromissos: participar de no mínimo 20 celebrações religiosas por ano e ser um exemplo para a sociedade. “Quando você veste a camisa, passa a ser uma referência, então tem que ser um exemplo de pai, de filho, de marido e de pessoa”, enfatiza.

CoMO PARTICIPAR?

A formação para novos guardas acontece apenas
a cada 2 anos e para se tornar candidato, é preciso ser indicado por quem já pertence à Guarda de Nazaré.

Outros pré-requisitos são ser homem maior de 18 anos, não ter ocorrência na Polícia
e ser católico praticante.

O interessado passa, então, por curso de 4 meses que avalia se o candidato deve
ser aprovado ou não.

(Michelle Daniel e Alice Martins Morais/Diário do Pará)