Sobreviver ao câncer é o principal objetivo de qualquer paciente com a doença. Pesquisa pioneira do Instituto Nacional de Câncer (Inca) mostra que o desafio, no entanto, não termina com o fim do tratamento.
A pesquisa Compreendendo a Sobrevivência ao Câncer na América Latina: Os casos do Brasil foi desenvolvida entre 2014 e 2015, com 47 indivíduos do Rio de Janeiro e Fortaleza que foram diagnosticados com câncer de próstata, mama, colo do útero ou leucemia linfoblástica aguda (LLA). O estudo analisou o pós-tratamento dos sobreviventes para garantir mais
qualidade de vida a eles.
Um dos principais aspectos identificados foi a reavaliação que os pacientes fizeram sobre seus estilos de vida. Muitos deles deixaram de fumar e adotaram dietas mais saudáveis. Também foi percebida grande demanda de suporte emocional por parte dos sobreviventes e, principalmente, das famílias e cuidadores, que não contam com atendimento psicológico.
Depressão, problemas financeiros, dificuldade de reinserção no mercado de trabalho e o medo da recorrência da doença são algumas das questões identificadas pelo estudo, um dos primeiros do país com enfoque na forma como os sobreviventes passaram a lidar com as consequências do câncer.
ACOMPANHAMENTO
A gerente da Divisão de Pesquisa Populacional do Inca, Liz Maria de Almeida, afirmou que os pacientes precisam de tratamento integral, mesmo após estarem livres da doença. É uma forma de evitar complicações futuras. “Passamos mais tempo preocupados em mantê-los vivos, só que agora é preciso pensar em como estão vivendo”. Liz Maria ressaltou outro desafio: oferecer informações essenciais sobre a doença para que o paciente seja o agente principal do tratamento.
Para a médica oncologista Inês Gadelha, o câncer também é um desafio para os gestores da saúde, porque é uma doença grave e com muita incidência. “O câncer é uma doença que atinge todos os órgãos e isso leva ao gestor da saúde um desafio enorme, que é oferecer toda a medicina. Em 2018, o tratamento do câncer foi o maior custo isolado do SUS. Foram R$ 5 bilhões, sem considerar o diagnóstico, toxicologia, mamografia, e outros”, completou.
(Diário do Pará)
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