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HISTÓRIA DA CEIA

Jantar especial da noite de Natal tem origem na Europa

O especialista também falou sobre o formato que conhecemos dos festejos de Natal, que hoje são voltados mais para um seio restrito e familiar

Imagem ilustrativa da notícia Jantar especial da noite de Natal tem origem na Europa camera Mesa posta com ceia de Natal. | (Foto: Divulgação/Arquivo Carrefour)

As festas de final de ano trazem consigo muitos costumes, entre elas, a famosa ceia de Natal, uma das mais importantes tradições dessa época. No Brasil, o momento também é conhecido pela característica de apresentar belos e fartos pratos de comida, mas que só podem ser consumidos após a passagem do dia 24 para 25 de dezembro. Mas será que as comemorações e as ceias natalinas sempre foram assim?

O historiador e cientista da religião, professor Márcio Neco, conta que a ceia de Natal surgiu na Europa, onde os cristãos faziam jejum de preparação do espírito. “Era um costume fazer esse jejum e, somente após a meia-noite, fazer a ceia para recompor as energias do corpo. Porém, as famílias começaram a perceber que muitos peregrinos vinham de longe para fazer suas orações nas igrejas, e que não tinham como se alimentar. Por isso, eles abriam as portas de suas casas para recebê-los e confraternizar”, disse.

O professor destaca que o momento da ceia é importante porque não se resume somente a uma tradição histórica, mas também, por desenvolver um caráter de sociabilidade. “Muitas pessoas, por exemplo, que nunca foram para a cozinha, vão para esse espaço preparar os pratos. Há lugares em que temos as trocas de presentes, a união para decorar, entoar cânticos etc. Uma participação coletiva mesmo”, pontuou Márcio Neco.

O especialista também falou sobre o formato que conhecemos dos festejos de Natal, que hoje são voltados mais para um seio restrito e familiar, diferentemente do que era visto na Europa quando surgiram as celebrações. “Esse modelo com todas as características citadas anteriormente começa no século 19, após a Revolução Industrial e ascensão da burguesia, onde surge o culto de privacidade e a ceia passando a ser uma celebração mais em família”, conta.

CULTURAL

Em outras religiões e locais, o momento da ceia vai além do aspecto religioso, se caracterizando também como uma formação cultural. “No judaísmo, por exemplo, coincidentemente nessa mesma data é celebrado o Hanukkah, que significa a festa das luzes, onde as famílias fazem a ceia com alimentos preparados com azeite, representando ainda o povo de Israel liberto dos domínios gregos. Na Polônia, eles evitam o consumo de carne vermelha e também podemos destacar a Alemanha, onde a ceia tem o porco e o mel como alimento principal”, diz o historiador.

As reuniões de Natal também podem ser vistas de diferentes formas em outros países. As características climáticas são um dos fatores que proporcionam mudanças nas celebrações. “Quando falamos de Natal e ceia, temos sempre aquela imagem da neve caindo, das famílias aconchegadas dentro de casa etc. Porém, em locais quentes, o costume é fazer a ceia na rua ou até mesmo na praia, algo comum de se ver, inclusive em nossa região”, observou.

ORIGENS

Tratando-se das comidas servidas durante a ceia, a historiadora da alimentação, Sidiana Macêdo, destaca que o formato que conhecemos hoje no país, possui diversas origens. “Podemos verificar que a ceia de Natal brasileira possui vários elementos que são influência de outras regiões. O bacalhau, por exemplo, que está presente na mesa é uma tradição portuguesa. O famoso peru tem influência dos índios da América do Norte, que serviam a ave na celebração”, lembra.

Assim como no presente, no passado a ceia de Natal também sempre esteve atrelada ao momento de fartura. Por isso, alimentos que passassem essa mensagem e também de exclusividade, sempre foram destaques nas mesas. “O peru, por ser uma ave grande, traz consigo essas características, mas não somente isso. Ele também é um alimento que traduzia uma hierarquia, quando apenas o chefe da família poderia cortá-lo e servi-lo conforme o grau de importância dos membros que ali estavam reunidos”, disse a especialista.

CULTURA ASTECA

Outra tradição envolvendo o peru, que hoje tem destaque nas mesas, está ligada à cultura asteca. “Havia toda uma simbologia referente à fartura, então essa civilização costumava servir a ave nesse mesmo período, mas fazendo homenagens e cultuando o Deus Sol. Com o passar do tempo foi que a Igreja Católica incorporou não somente esse, mas outros costumes vistos como pagãos ao seu calendário religioso. Então, todo esse processo dos alimentos da ceia foi se modificando ao longo dos anos”, conta Sidiana Macêdo.

No Brasil, a historiadora lembra ainda que um dos costumes era criar o peru em casa. “Por muito tempo, na primeira metade do século 20, as famílias tinham o costume e essa missão de cuidar da ave até chegar ao final do ano, onde ela seria abatida e servida na ceia. Inclusive, nas semanas que antecediam o Natal, uma alimentação especial era servida ao animal, na intenção de deixá-lo mais saboroso”, revelou.

Além da carne principal e independente da religião, a historiadora da alimentação pontua que a ceia de Natal sempre estará atrelada à fartura. “São comidas que carregam esse significado, seja pela forma de preparo que garante um montante maior, quanto pela exclusividade de alguns itens como as frutas e outras especiarias como as castanhas e amêndoas, geralmente de valores mais elevados, e que são apresentadas somente nessa época do ano”, diz.

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