Abandono dos espaços de lazer traz riscos ao usuário

No canteiro central da avenida Marquês de Herval, entre as travessas Três de Maio e Antônio Baena, o espaço que seria destinado ao lazer já não oferece nenhuma condição de uso. Às vésperas das férias escolares, o parquinho já não possui mais assento nos balanços, a casa de madeira que dá acesso aos escorregas deixa pregos expostos e até mesmo os bancos de concreto já se encontram quebrados.

Na tarde de uma sexta-feira, o jovem Edielton Santos, 19 anos, aproveitava o único recurso que a praça ainda oferece aos moradores do entorno do bairro da Pedreira: a grama. Brincando de bola com o sobrinho de sete anos, ele alertava para os perigos escondidos pelos brinquedos quebrados. “Nessa parte tem um prego enferrujado. Tem que ter cuidado se não fura o pé mesmo”, comentou, demonstrando que ele mesmo já quase se feriu no local. “Eu tenho vontade de trazer mais o meu sobrinho para brincar aqui, mas do jeito que está é até perigoso”.

Na saída do escorregador que fica ligado à tradicional casinha de madeira, um buraco fundo impede que qualquer criança deslize. A própria estrutura de madeira, desgastada, dá a impressão de que a casa vai tombar a qualquer momento. Nas gangorras, já não há mais a tábua onde as crianças deveriam sentar e nos bancos os assentos quebrados deixam pregos expostos. “Está assim tem mais de ano”, afirma Edielton.

Com estrutura parecida, outra praça que servia de opção de lazer para as crianças está sem quaisquer condições de uso. Localizado na avenida Rômulo Maiorana, entre as travessas Humaitá e Chaco, o espaço serviu de abrigo, até a última segunda-feira (10), para um grupo de cerca de 60 refugiados venezuelanos.

Desde a realocação do grupo para um abrigo, a praça foi cercada por um tapume. “Mas mesmo antes dos venezuelanos virem para cá essa praça já estava sem condições. Os brinquedos estavam todos quebrados”, conta o mototaxista Milton Carvalho, 51 anos.

Milton recorda que chegava a levar a sobrinha para brincar no espaço. Agora, porém, com o local fechado, é menos uma opção de lazer na cidade. “As crianças hoje em dia não têm espaço para brincar. Belém tem falta de espaços de lazer”, avalia.

Da mesma forma, o autônomo Renato da Silva, 45 anos, acredita que os espaços de lazer destinados às crianças deveriam ser melhor cuidado. “Eu estou por aqui há seis meses e nunca vi essa praça cuidada. Os brinquedos ficam sempre quebrados”, conta. “As praças têm que ser reformadas e tem que ficar alguém da Guarda Municipal para cuidar também”.

Em nota, a Prefeitura de Belém, através da Secretaria Municipal de Urbanismo (Seurb), informa que “quanto à Praça das Mercês, uma equipe da secretaria esteve no local recentemente e fez o levantamento de suas necessidades. Agora, está em fase de elaboração de projeto” e que “a respeito da praça da Rômulo Maiorana, ela foi fechada nesta última semana e as obras de revitalização iniciarão nesta segunda-feira, 17 de junho, dentro do contrato de manutenção de logradouros públicos”.

LAZER

Às vésperas do início das férias escolares, Belém sente falta de espaços de lazer para as crianças.