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PERIGO

Ciclistas relatam drama para pedalar em Belém

Quem usa a bicicleta como meio de transporte conta que tem de se arriscar em meio a veículos e pedestres nas ruas e calçadas, já que as ciclovias espalhadas pela capital são insuficientes, precárias e sem conexão

Imagem ilustrativa da notícia Ciclistas relatam drama para pedalar em Belém camera A falta de planejamento no trânsito prejudica os ciclistas, que não possuem um local decente para se locomover pelas ruas da cidade | Mauro Ângelo

Adotar a bicicleta como principal meio de locomoção foi uma decisão corajosa que Rockson Machado, 38, tomou. Ele mora no bairro do Guamá e trabalha no Telégrafo. A distância entre um e outro é de pouco mais de sete quilômetros e o ciclista vai e volta, todos os dias, de bike. Além de fugir do engarrafamento, a bicicleta lhe permite uma atividade física que melhora a saúde e ainda é um modelo de transporte tido como sustentável. Questionado se tem um lado negativo nessa forma de mobilidade, ele respondeu com uma expressão de nervoso. “Todos os dias preciso me livrar (evitar) dos acidentes. Eu já escapei da morte várias vezes nessa ida e vinda. Pedalo com medo”, revelou.

E não é difícil entender a colocação do ciclista. Basta vê-lo andar alguns metros para constatar que ele se arrisca entre carros pequenos, ônibus, caminhões e motos na pista. Na avenida Senador Lemos, onde concedeu entrevista ao DIÁRIO, o cuidado dele foi redobrado. Isso porque a via, que é um dos principais corredores de tráfego de Belém, não tem uma faixa ou via que seja destinada ao trânsito desse público. “Por onde transito, a única rua que tem ciclovia é a dos Mundurucus, mas por ela pedalo por um curto trecho. O restante do percurso não tem ciclovia”, lamentou.

Em outro ponto da cidade, mais precisamente na avenida Augusto Montenegro, a situação é ainda pior. A via apresenta inúmeras irregularidades e o projeto visivelmente inacabado deixa claro o descaso da Prefeitura de Belém para com os ciclistas. No sentido Entroncamento/Icoaraci, a ciclofaixa foi implantada sobre as calçadas – a tal chamada calçada compartilhada – e termina antes de mesmo de chegar ao distrito.

No perímetro que começa um pouco antes da entrada do Conjunto Maguari até Icoaraci, o que existem para os ciclistas são pedaços de ciclofaixas sobre calçadas compartilhadas. No trecho em frente à Escola Palmira Gabriel, por exemplo, o trecho de ciclovia não tem sequer 30 metros de comprimento. Aliás, metade da fachada da escola sequer tem calçada. Muretas de concreto impedem o trânsito de pedestres e ciclistas que acabam dividindo, perigosamente, uma faixa da pista.

No sentido inverso, Icoaraci/Entroncamento, a situação é ainda mais ultrajante, pois em diversos trechos nem calçada tem para pedestres, tampouco faixa destinada aos ciclistas. “Aqui a gente só tem duas opções: Seguir pelas faixas do BRT ou pela beira da pista. Mas as duas opções são de alto risco para os ciclistas”, frisou Joel Medeiros.

O desabafo, de certa forma, expõe o que é possível ver diariamente pela Augusto Montenegro: pessoas andando de bicicleta pelas faixas destinadas ao BRT. “É imprudente, mas não tem outro jeito. Não tem por onde a gente pedalar. Parece que quando fizeram esse projeto, não levaram em consideração os ciclistas, apenas os carros”, reclamou Joel, 50.

O ciclista Ronaldo Santos, 23, que trabalha como carregador, também pedala pela Augusto Montenegro diariamente. “Todo dia a gente lida com a morte porque acidentes aqui são fatais”, descreveu. Ele foi um dos que precisaram pedalar pela faixa do BRT. “Como podem ver, não tem ciclovia nem faixa para a gente em nenhum dos dois sentidos da pista”, apontou. A entrevista com ele foi no perímetro próximo a um posto de combustível, localizado na entrada do Conjunto Maguari.

RESPOSTA

A Superintendência Executiva de Mobilidade Urbana de Belém (Semob) informa que atualmente existem 109,8 quilômetros de ciclofaixas e ciclovias no município e que um dos principais investimentos realizados entre 2013 e 2020 foi voltado à interligação e ampliação da malha cicloviária, já que antes de 2013, Belém era dotada de ciclovias e ciclofaixas isoladas, sem conexões entre si.

Porém, nos últimos oito anos foram implantadas mais de 41 quilômetros de faixas de uso exclusivo de ciclistas, possibilitando atravessar a cidade de uma ponta a outra por uma ciclorrota presente em mais de 40 vias de grande circulação, como a rua dos Mundurucus (paralela à avenida Magalhães Barata), além das avenidas José Bonifácio, Duque de Caxias, Pedro Álvares Cabral (paralela à Senador Lemos), Júlio César, Centenário, entre outras, que passam por constante manutenção e fiscalização.

Já a Secretaria Municipal de Urbanismo informa que está prevista uma etapa de urbanização, com construção de ciclovia e calçadas, no trecho entre o elevado José Affonso e o Terminal Maracacuera, para complementar a obra, uma vez que tais serviços não faziam parte do projeto inicial. Procedimentos de contratação dos serviços estão sendo providenciados.

Enquanto isso, calçadas compartilhadas foram construídas de forma provisória para atender aos ciclistas e pedestres.

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