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POLÍCIA

Violência aumenta quase 20% no Pará e polícia não dá conta

Ao que tudo indica 2018 não será diferente do ano que passou, pelo menos no que se refere à violência que assola a população em todo o Pará: de 1 a 17 de janeiro de 2018 já foram registradas 240 mortes violentas em todo o Pará, com a média diária de 14 mo

Ao que tudo indica 2018 não será diferente do ano que passou, pelo menos no que se refere à violência que assola a população em todo o Pará: de 1 a 17 de janeiro de 2018 já foram registradas 240 mortes violentas em todo o Pará, com a média diária de 14 mortes. Foram 206 homicídios, 8 latrocínios, uma lesão corporal seguida de morte e 25 mortes por intervenção policial.

Apenas em Belém foram registradas 44 mortes violentas, sendo 41 homicídios, 2 latrocínios e uma morte por intervenção policial. A fonte é do Sistema Integrado de Segurança Pública (SISP) do Governo do Estado. Os números do período já superam a média de 2017, que foi de 12 mortes violentas por dia.

A falta de investimento em educação e cidadania, a ausência do Estado e a impunidade transformam o Pará numa “terra sem lei”. De um lado uma polícia com efetivo reduzido e sem condições de trabalho. Do outro, muitas pessoas sendo mortas.

A insegurança que tomou conta de Belém está tão crítica que não poupa nem quem quer ir à igreja rezar. Para se prevenir da onda de crimes, a direção da Basílica Santuário de Nazaré anunciou que irá fechar alguns acessos ao local em determinados horários, como medida de segurança para os fiéis. A gestão da segurança pública sabe do caos instalado, mas se limita a “analisar os acontecimentos” e pensar em “novas estratégias para conter a criminalidade”, como disse em entrevista essa semana o delegado Rogério Morais, secretário Adjunto de Inteligência.

Comparativos (Diário do Pará)

Segundo ele, a polícia já está tomando “medidas para conter esses acontecimentos” através de operações como as que foram realizadas no ano passado que, ao que os números indicam, foram inócuas. Na avaliação de Pablo Farah, vice-presidente do Sindicato dos Policiais Civis do Estado (Sindpol-PA), o Pará vive hoje tempos em que a barbárie impera:

“A violência bate recorde em cima de recorde e chegamos a 14 assassinatos por dia. Apenas nos dois últimos anos (2016 e 2017), o número de pessoas mortas no Pará passou de 4 mil, números superiores a muitas guerras pelo mundo afora”.

O investigador lembra que o Estado possui 8 milhões de habitantes. “Se dividirmos pelo número de homicídios, veremos que o Pará já é o segundo Estado do Brasil em mortes violentas. Sem contar o número de roubos e furtos, que já passam de 60 mil ao ano”, contabiliza.

ABANDONO

Pablo afirma que não há como diminuir a violência no Pará e na capital “se temos um governo e uma prefeitura que abandonaram seu povo”. Segundo ele, não há investimento em saúde, habitação, moradia, educação e lazer. “Isso acaba gerando graves problemas sociais que sobrecarregam a polícia, que tem de manter a ordem e segurança mas não é reconhecida”.

Para o vice-presidente do Sindpol, é necessário que o governo valorize, qualifique, pague melhor e respeite os seus policiais. Ele lembra que a Organização das Nações Unidas (ONU) determina que a relação seja de um policial para cada 250 habitantes. “Aqui no Pará temos um efetivo de 2.600 policiais civis. Fica muito longe do que é necessário para um mínimo de segurança”, calcula.

Esse número, segundo ele, é diminuído em 30% contando os que estão de licença saúde, cedido a outro órgão ou afastado para aposentadoria. “No final ficam algo em torno de 1,8 a 2 mil policiais civis efetivos trabalhando”, coloca.

Isso impacta diretamente no índice de resolutividade dos crimes. “Hoje, nosso índice é de apenas 8% dos casos. Enquanto que países que adotam a carreira única e ciclo completo é o inverso. Nesses locais, a polícia desvenda cerca de 80% dos homicídios”.

Advogado e sociólogo Henrique Sauma (Foto: Divulgação)

SEM RESPOSTAS DO PODER PÚBLICO

Advogado criminalista, sociólogo e estudioso da área de segurança pública, Henrique Sauma não vislumbra, num curto espaço de tempo, qualquer mudança no cenário da violência no Estado. “Não se trata apenas de repressão, mas da política adotada pelo Estado, envolvendo cidadania, investimentos na área social. Segurança pública é um pilar da política criminal e não se resume a policiamento nas ruas. Precisa haver uma mudança de mentalidade”.

Para o advogado, Estado e município deveriam firmar um grande pacto de cidadania. “Belém e Ananindeua têm guardas municipais e deveriam criar Secretarias Municipais de Segurança Pública redirecionando o papel dessas guardas, fazendo parcerias com as polícias Civil e Militar, otimizando o planejamento e integrando operações. Hoje essa integração nas polícias é falácia”, opina.

EFETIVO

Aumentar efetivo nas ruas, diz o advogado, é bonito e dá a falsa impressão de tranquilidade. “Mas, se por trás não houver políticas públicas de controle e de resgate de cidadania, o problema volta. É um círculo vicioso. Não adianta trazer Força de Segurança Nacional para cá sem essas políticas, pois quando a repressão for embora, toda a violência volta. Não adianta repressão como política isolada”, analisa.

O silêncio da Secretaria de Segurança Pública do Estado incomoda. “A violência aumenta a olhos vistos e não vemos o secretário de segurança pública (Jeanot Jansen) ou o governador (Simão Jatene) virem a público dar uma satisfação do que está sendo feito para combater a criminalidade. Como a população não sente a resposta do poder público, ficamos todos fragilizados”.

A postura letárgica do secretário de Segurança Pública do Estado, Jeanot Jansen, vem sendo muito criticada nos últimos meses, mas Henrique diz que “não adianta mudar o comando sem mudar a mentalidade“. Para ele política de segurança pública não rende votos. “É gasto. Não é obra. Para isso precisa haver uma inversão e prioridades”.

(Luiz Flávio/Diário do Pará)

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