Nada de brinquedos de plástico, pisos acolchoados e superproteção! As crianças devem ser “expostas aos riscos”. É o que dizem estudos nacionais e internacionais, contrariando o pensamento de muitas mães e pais superprotetores.
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Segundo as pesquisas, escalar brinquedos altos, subir em árvores, descer de cabeça para baixo no escorregador ou optar por brinquedos de madeira, pneus, pedras e areias, além de contribuir para o desenvolvimento infantil, ajuda a formar pessoas mais seguras, com mais habilidades sociais e melhor aprendizado.
Quem também defende as pesquisas é a pedagoga e neuropsicopedagoga Clíssia Silva, do Espaço Motiva. Segundo ela, com base nos estudos da neurociência, muitos fatores podem contribuir para o processo de desenvolvimento da criança, sejam eles de base neurobiológicas ou sociais.
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“É crucial que a criança vivencie experiências que as desafiem, para que ela receba estimulações que ative o funcionamento do seu cérebro, influenciando diretamente no seu desenvolvimento cognitivo e da sua aprendizagem”, explica a especialista.
Neuropsicopedagoga Clíssia Silva ressalta a importância dos "riscos benéficos". (Foto: Arquivo Pessoal)
Para Clíssia, os pais precisam aprender a lidar com a própria ansiedade e insegurança para avaliar o perigo real.
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“Esse é um dos primeiros passos que os pais devem dar antes de limitar as ações de seus filhos. É sempre válido ressaltar que dificuldades e frustrações, todo o indivíduo terá durante a sua evolução, afinal, isso faz parte da vida. Quanto mais somos expostos a esses fatos, estaremos sofrendo estímulos e resultando em outras possíveis respostas que influenciarão no nosso desenvolvimento social e cognitivo”, destaca.
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Para a neuropsicopedagoga, o que se deve avaliar é, até que ponto a superproteção pode ser um benefício ou um malefício para a criança. "Não são todos os estímulos que trarão resultados ou benefícios, mas a ausência deles podem desenvolver atrasos ou dificuldades. O estímulo ideal acarretará em uma aprendizagem efetiva e um bom desenvolvimento, e para que isso ocorra, a criança deve sentir o prazer em estar realizando-o e o ambiente deve estar propício a isso. Portanto, é importante avaliar que estimulações são de fato efetivas e a que tipo de situações essas crianças estão sendo expostas, pois a estimulação realizada de maneira inapropriada, motivará em um desenvolvimento ou em um atraso", ressalta.
Explorar e se arriscar para se desenvolver!
Uma pesquisa feita no Canadá, que analisou vários estudos sobre o assunto, apontou que não há relação entre aumento de quedas e machucados e altura dos brinquedos.
Segundo os especialistas, crianças que se arriscam mais, na verdade, se machucam menos.
Um documento mundial elaborado pela Internacional School Grounds Alliance está pedindo que pais e educadores incentivem políticas para que as crianças sejam expostas a "riscos benéficos" em pátios das escolas, por exemplo.
Uma outra pesquisa realizada na Nova Zelândia incentivou que as escolas passassem a ter parquinhos "mais perigosos", ou seja, nada de brinquedos de plástico ou pisos acolchoados. As crianças precisam experimentar um pouco de risco, claro, de acordo com a sua idade, em áreas e ambientes que tenham brinquedos que imponham desafios, como rampas, escadas e pontes e que permitam contato com areia, pedras e com a natureza.
Elaborado pelo Grupo de Trabalho em Saúde e Natureza da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), o Manual de Orientação “Benefícios da Natureza no Desenvolvimento de Crianças e Adolescentes” recomenda que crianças tenham “acesso diário, no mínimo por uma hora” a ambientes como parques, praças e praias para “se desenvolver com plena saúde física, mental, emocional e social”.
A pedagoga e neuropsicopedagoga Clíssia Silva também concorda com o manual, pois acredita que a exposição a esses ambientes podem trazer benefícios para o desenvolvimento cognitivo e do processo de aprendizagem.
Para a especialista, crianças expostas a "riscos benéficos" ajuda no combate a exposição excessiva a telas de celulares e computadores, por exemplo, além de incentivar que saiam do confinamento dos espaços fechados.
"A interação em grupo torna-se mais divertida, pois estimula a criança a troca de experiências e conhecimento à cerca do que elas estão vivenciando naquele momento. Sendo a interação com o outro uma forma de estimulação, uma brincadeira de faz de conta ou até mesmo uma brincadeira com regras, permite com que ela tenha outras experiências que permitirão agregar conhecimentos a respeito do convívio em sociedade. O importante é que o simples fato de brincar e interagir trarão benefícios significativos ao seu desenvolvimento cognitivo, social e do processo de aprendizagem", garante Clíssia.
Se para a maioria dos pais expor os filhos a certos riscos pode apavorar, a fotógrafa Tereza Jardim, mãe da pequena Izabel Jardim, que ainda vai completar dois anos no mês que vem, sabe lidar muito bem e entende a imortância do equilíbrio de proteger e incentivar os desafios da filha.
Veja a entrevista:
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Reportagem: Andressa Ferreira
Multimídia: Demax Silva e Gabriel Caldas
Coordenação: Enderson Oliveira
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