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PARÁ

Multinacional nega despejo de fezes e diz ser comprometida com o meio ambiente

A Minerva Foods se manifestou sobre a denúncia de moradores da região do Curuperé Miri, em Abaetetuba, nordeste paraense, na noite desta segunda-feira (29). A empresa, que possui uma fazenda às margens do rio Curuperé, negou que despeje toneladas de fezes

A Minerva Foods se manifestou sobre a denúncia de moradores da região do Curuperé Miri, em Abaetetuba, nordeste paraense, na noite desta segunda-feira (29). A empresa, que possui uma fazenda às margens do rio Curuperé, negou que despeje toneladas de fezes e urina de gado diretamente no rio e nos igarapés da localidade.

Em nota, a empresa, que é a segunda maior de carne bovina do país, disse atender exigências da legislação vigente, e que é comprometida com as causas socioambientais.

“A companhia adota as melhores práticas na condução de suas atividades e atua em colaboração permanente com os órgãos de controle ambiental e social. A empresa reitera também que não despeja qualquer tipo de dejetos no Rio Curuperé. A água de chuva gerada nas áreas de confinamento de gado é devidamente tratada em lagoas e enviada para irrigação de pasto, conforme autorizado em Licença de Operação.”, disse a empresa.

Moradores e Especialistas Contestam

Para quem vive e depende do rio Curuperé para sobreviver, a versão da empresa não corresponde à realidade. A possibilidade de que a morte do rio seja irreversível é grande, pois não há mais nenhum tipo de vida marinha presente nas águas.

Desde que se instalou no local, há sete anos, os moradores passaram a conviver com o forte odor de fezes e urina nas comunidades. A cor da água se alterou visivelmente, e a biodiversidade do local foi destruída. Para quem mora nas proximidades da empresa, estes são indícios suficientes para a criminalização da empresa.

"O forte odor de fezes e urina é insuportável, se sente há quilometros de distância. Não existe mais nenhum tipo de vida no local. Onde antes havia peixes, onde as pessoas retiravam água para beber e tomar banho, hoje não passa de um líquido pastoso e esbranquiçado", disse uma denunciante que por medo prefere não se identificar.

A fazenda está localizada em um declive em relação às comunidades e os dejetos lançados no rio Curuperé vão parar diretamente em, pelo menos, três igarapés (igapó-açu, bacuri, cataiandeua) que serviam para a subsistência das comunidades. Com as chuvas, o fluxo de dejetos é ainda mais intenso.

“O povo está há sete anos sofrendo o desastre. A minerva está acabando com tudo o que é deles. São três comunidades afetadas, cerca de 400 famílias. A fazenda deles pega todo Rio Curuperé. O povo está humilhado, massacrado. Eles viviam da agricultura, da pesca, da roça, são quilombolas e ribeirinhos. A água deles acabou. Ali está só fezes de boi. Empresa não os recebe, os trata pior do que os animais”, relata Socorro Burajuba, presidenta da associação Caíque Ama, que está no local acompanhando a situação, acompanhada de especialistas em meio ambiente.

A falta de água onde antes havia abundância se tornou um grave problema. Além da subsistência, os moradores utilizavam as águas dos igarapés para consumo e banho. Mesmo com a visível destruição do rio, muitos ainda utilizam o líquido pastoso que se tornou o rio, pois não possuem outra alternativa. Há relatos de adultos e crianças que adquiriram doenças devido este consumo.

Protesto Continua

Mais de 200 moradores da comunidade localizada na fronteira entre as cidades de Abaetetuba e Igarapé-Miri, continuam acampados na entrada da fazenda da multinacional. Com a interdição, nenhum caminhão de boi entra ou sai da fazenda.

Eles denunciam que a empresa está contratando seguranças à paisana para ameaçá-los. Alguns alegam que os homens circulam constantemente no local, ameaçando-os de morte.

(Igor Wilson/DOL)

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