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Epilepsia: tratamentos ajudam na qualidade de vida a portadores da doença

A epilepsia é uma das doenças neurológicas que mais causam limitações na vida de seus portadores. Imagine acordar todos os dias sem saber quando poderá ser acometido pelas crises e os consequentes “apagões”? Essa é a realidade que atinge cerca de 2% da po

A epilepsia é uma das doenças neurológicas que mais causam limitações na vida de seus portadores. Imagine acordar todos os dias sem saber quando poderá ser acometido pelas crises e os consequentes “apagões”? Essa é a realidade que atinge cerca de 2% da população mundial.

No Brasil, trata-se de 1,5% da população ou três milhões de epilépticos. Apesar do número não parecer expressivo, o dia 26 de março foi adotado como Dia Mundial de Conscientização da Epilepsia (Purple Day), justamente para levar informações e desenvolver atividades que contribuam para a melhoria da qualidade de vida dos portadores da doença e das pessoas com quem eles convivem.

“Há relatos de que, aproximadamente, 1/3 das pessoas com epilepsia, que se casaram depois do início das crises, não contaram para seus cônjuges sobre sua condição, usando fugas como ‘desmaios’ ou ‘ataques’ para justificá-las. Além disso, mais da metade das pessoas com a doença nunca contou para os seus chefes sobre a sua condição e 18% dos que falaram, tiveram incidentes que prejudicaram suas carreiras”, analisa Francinaldo Lobato Gomes, mestre em neurociências e especialista em neurocirurgia de epilepsia e distúrbios de movimento pela Universidade Federal de São Paulo/Escola Paulista de Medicina (UNIFESP/EPM).

Francinaldo Gomes esclarece a importância do tratamento e do diagnóstico precoce da doença (Foto: Divulgação)

Nascido e criado no distrito de Icoaraci, em Belém, Allan Barreirinhas conhece bem essa realidade. Apesar de ter apresentado os sintomas já adulto, o soldador de 28 anos experimentou a depressão e as limitações causadas pela doença em pouco tempo. “Eu fui diagnosticado aos 23 anos, minhas crises eram diferentes. Eu comecei a ficar ausente, perdia a noção do que eu fazia, ficava parado e não respondia a nenhum estímulo. Minha esposa foi a primeira a perceber isso”, relembra.

Para quem levava uma rotina agitada, foi preciso se afastar de tudo. A carteira de habilitação foi deixada de lado e ele abriu espaço para as cartelas de remédio. Tarefas que antes eram feitas com rapidez e confiança, precisaram de calma e paciência. “No começo foi complicado. Por causa da doença a gente fica muito ruim. Eu fazia muitas coisas e precisei parar. Quando trabalhava com meu pai, era sempre com muito cuidado e isso tudo foi muito difícil de superar, cheguei a ter depressão”, desabafa.

Allan Barreirinhas recebeu o diagnóstico quando adulto e hoje leva uma vida tranquila após ser submetido a uma cirurgia (Foto: Arquivo Pessoal)

Para combater a doença não existe outro caminho que não seja o tratamento. Gomes recomenda que os portadores evitem fatores que desencadeiam os sintomas da doença como estresse, privação de sono e ingestão de bebidas alcoólicas. “As queixas mais frequentes dos pacientes estão relacionadas às crises porque eles nunca sabem quando terão, além dos lapsos de memória, ansiedade, sonolência excessiva por conta dos remédios e a depressão após a rejeição de amigos, cônjuges ou patrões no trabalho”, diz.

Temendo a estigmatização, chega a ser comum que os portadores da doença se recusem a compartilhar sua condição. Além das restrições legais como dirigir, a doença dificulta a inserção ou reinserção no mercado de trabalho, que detém um índice de desemprego três vezes maior do que o da população geral.

No caso de Allan, desde o diagnóstico até o pós-tratamento sua família sempre esteve presente para dar o suporte necessário. Há poucos meses do casamento, logo quando sua esposa descobriu a doença, ela não se abalou e seguiu em frente. “Ela sempre esteve comigo. Até falei pra [sic] ela me deixar porque não era obrigada a suportar isso, mesmo assim nos casamos. Ela nunca desistiu de mim. Hoje temos dois filhos, um menino e uma menina”, diz orgulhoso.

Após iniciar os tratamentos, Allan foi submetido a uma cirurgia ressectiva. Nesta semana, ele completa um ano sem apresentar qualquer tipo de crise. “Hoje eu aproveito a vida, costumo dizer para as pessoas (até mesmo aquelas que não sabiam que eu tinha a doença) que eu nasci de novo. Eu continuo o acompanhamento e, se Deus quiser, para o ano posso até ter os remédios suspensos se continuar melhorando. Também não perdi a vontade de ser militar [o que o impediu no começo], então quero tentar mais uma vez”.

Texto: Fernanda Palheta

Edição: Fabiana Batista

Arte: Gabriel Caldas

(DOL)

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