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PARÁ

Avanços na medicina aumentam esperança por curas

Depois de passar por um procedimento para tratamento de um câncer, um paciente que era portador do HIV passa a não apresentar mais sinais do vírus. Há 35 anos, quando o vírus causador da Aids foi descoberto, essa possibilidade era impensada. Hoje, porém,

Depois de passar por um procedimento para tratamento de um câncer, um paciente que era portador do HIV passa a não apresentar mais sinais do vírus. Há 35 anos, quando o vírus causador da Aids foi descoberto, essa possibilidade era impensada. Hoje, porém, é uma realidade divulgada por pesquisadores da University College of London. O caso, que chamou a atenção da comunidade científica e de pacientes no mundo, é o segundo já registrado. Segundo publicação feita na revista científica Nature, um paciente tratado em Londres, na Inglaterra, teria sido curado do HIV após passar por um transplante de medula óssea. Além de HIV, o paciente em questão tinha um tipo de câncer que se origina nos gânglios do sistema linfático. Para combater o câncer, o paciente recebeu transplante de medula doada por outra pessoa.

Tal medula tinha uma mutação genética rara que torna o indivíduo imune ao vírus HIV e, por esse motivo, o paciente acabou curado do HIV. Um primeiro caso já havia sido registrado em 2008, quando um paciente tratado em Berlim, na Alemanha, também deixou de apresentar o vírus após passar por um transplante de medula para tratamento de câncer no sangue.

Diante de uma doença que ainda não possui cura, a ocorrência do segundo caso soa como uma esperança de que, um dia, o HIV possa ser efetivamente eliminado do organismo das pessoas que o possuem. Ainda assim, é preciso compreender que os casos registrados em Londres e em Berlim ainda são exceções.

Professora de infectologia da Universidade Federal do Pará (UFPA), a médica infectologista Rita Medeiros esclarece que os casos de cura do HIV relatados em Londres e Berlim não são transponíveis para a população em geral. “Não é nenhuma medida que se possa pensar em termos de saúde pública para os milhões de portadores do vírus no mundo”, adianta. “Mas, claro, serve como modelo de como se eliminar o vírus, de quais são as vias necessárias. Esses casos ajudam os cientistas a buscarem alternativas factíveis que possam de fato beneficiar um dia a população portadora do vírus”.

Há cerca de aproximadamente 20 anos já se tem em prática um tratamento para o HIV com base em um modelo que utiliza três antivirais. De lá para cá, o avanço percebido no tratamento da doença tem ocorrido no sentido de desenvolver antivirais com menor dose possível e com menos efeitos colaterais.

EFICÁCIA

“O avanço foi nesse sentido de ter drogas eficazes na repressão da multiplicação do vírus, portanto, deixar o indivíduo longe dos danos da doença viral sem que traga efeitos colaterais importantes para o paciente”, afirma a médica. “Hoje nós temos um tratamento totalmente eficaz com uso de antiviral, com tomada de comprimido todos os dias e isso faz com que a pessoa tenha uma vida normal e com qualidade, longe dos riscos relacionados ao desenvolvimento, por exemplo, da Aids”.

Independentemente desse e de outros avanços que possam estar por vir, Rita Medeiros reforça que a prevenção ainda é a grande medida de combate ao HIV. Com relação à cura, a médica sinaliza que há certa esperança. “A cura vem? Hoje a gente acredita mais que um dia virá e talvez esteja mais próximo do que a gente imaginava antes”, considera. “Nós sabemos já o que precisa ser controlado, o que precisa ser combatido para que se elimine totalmente o vírus do organismo, só falta transformar isso em uma realidade terapêutica que possa ser adotada para todos os indivíduos”.

Como pessoa vivendo com HIV, o professor Hugo Sousa, 32 anos, também vê com esperança o anúncio feito pela University College of London, mas, da mesma forma, mantém cautela ao analisar a situação. “Vemos com cautela porque a gente sabe que depende de vários fatores para que essa cura possa vir a ocorrer. O que a gente espera é que, a partir de agora, possam avançar as novas pesquisas nesse campo da questão celular, que tenhamos um novo caminho”, apontou.

Da mesma forma que a médica, Hugo faz questão de ressaltar a importância da prevenção. Há mais de 10 anos o professor é indetectável para o vírus HIV, o que significa dizer que a quantidade de vírus é tão pequena em seu organismo que ele já não transmite o HIV. Nesse sentido, a adesão ao tratamento e a adoção da prevenção combinada tem seu papel de contribuição para o controle do vírus da Aids. “Quando a pessoa que vive com HIV faz o tratamento correto, toma as medicações direitinho, pode chegar à condição de indetectável. Então, independente dos avanços da ciência, não se pode esquecer todas as formas de prevenção combinada”.

AVANÇOS

Quando se trata dos avanços da medicina no combate a doenças que ainda não possuem cura ou que são de difícil tratamento, publicações recentes apontam novas perspectivas. No que se refere ao tratamento do câncer, o Prêmio Nobel de Medicina premiou, no final do ano passado, imunologistas que atuavam no aprimoramento de uma terapia que utiliza os recursos do próprio sistema imunológico para atacar as células cancerígenas, a chamada imunoterapia.

O oncologista Sandro Cavallero destaca que a imunoterapia é, de fato, um dos grandes avanços registrados no campo da oncologia, já que melhora de forma considerável a eficácia do tratamento. “A imunoterapia nada mais é do que estimular o seu próprio organismo a agir contra a doença, por isso ela é menos invasiva”, ressalta. “Infelizmente não é todo mundo que responde à imunoterapia, mas aqueles que respondem, respondem muito bem”.

O médico aponta que, de uma maneira geral, os avanços observados no tratamento oncológico também estão relacionados ao que se chama de medicina personalizada. “Antigamente a gente usava o mesmo tratamento para todo tipo de câncer e hoje não se faz mais isso. Hoje se faz todo um estudo de cada paciente e se consegue verificar que aquele paciente responde melhor a uma determinada droga e outro, mesmo que tenha o mesmo câncer, pode responder melhor a outra droga”, explicou.

“Claro que, com isso, estamos falando exclusivamente de tratamento quimioterápico, mas a gente teve muitos avanços na radioterapia, tivemos grandes avanços na cirurgia porque antigamente as melhores cirurgias eram as maiores cirurgias. Hoje mudou completamente: a gente tira o mínimo que a gente pode mantendo a mesma eficácia”.

Diante do aumento das chances de cura e da obtenção de técnicas de tratamento que proporcionam uma melhor qualidade de vida ao paciente, o oncologista reforça que as perspectivas são de um avanço cada vez mais significativo na área. “As pesquisas não param. Então a cada mês a gente tem novos lançamentos, novas drogas e novas indicações”, aponta Sandro Cavallero.

“Com a quantidade enorme de pesquisas que a gente tem, a cada ano que passa teremos maiores avanços. Hoje a gente já fala em cura de pacientes com doença disseminada – nos casos de doença inicial a gente já tem cura há muitos anos, mas o problema é a doença avançada. Cada vez a gente tem curado mais pacientes e com tratamentos cada vez menos agressivos”.

Seguindo essa perspectiva positiva de evolução da medicina, o DIÁRIO fez um levantamento dos anúncios recentes que sinalizam descobertas importantes para o tratamento também do Parkinson, do Alzheimer e do Diabetes tipo 1. Confira!

(Cintia Magno/Diário do Pará)

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