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Vendas cheias de humor e criatividade

Durante uma visita a Algodoal, ainda no ano de 1991, o autônomo José Maria Favacho Brito teve a inspiração que transformaria a forma como ele trabalharia dali em diante. Desde os 12 anos de idade o homem tem na venda de amendoins a renda necessária para s

Durante uma visita a Algodoal, ainda no ano de 1991, o autônomo José Maria Favacho Brito teve a inspiração que transformaria a forma como ele trabalharia dali em diante. Desde os 12 anos de idade o homem tem na venda de amendoins a renda necessária para sustentar a sua família. Porém, foi depois que ele começou a se vestir como o personagem principal de uma grande série mexicana, o Chaves, que ele viu a sua atividade profissional alavancar.

Quando tinha 33 anos de idade, José Maria não conhecia ainda o Chaves. A curiosidade surgiu quando, depois de ganhar um chapéu parecido com o do personagem, ele começou a ser parado na praia de Algodoal, enquanto vendia seus amendoins. “As moças e senhoras começaram a pedir para fazer foto comigo. Eu aceitava, mas comecei a achar estranho e perguntei o por quê?”, lembra. “Aí elas me falaram que eu era a cara do Chaves”.

Os anos foram passando e a comparação só aumentou. Foi quando ele teve a curiosidade de procurar pelo tal Chaves na televisão. A semelhança com o personagem foi atestada por ele próprio e, dali em diante, José Maria tomou uma decisão. “A partir de hoje eu só vou trabalhar como Chaves”, lembra.

De pouco conhecido, hoje o personagem faz parte da vida do autônomo de forma direta. José Maria tem o hábito de vender os amendoins quentinhos em bares e casas de shows da Cidade Velha, em Belém, mas em qualquer canto da cidade em que para, os olhares curiosos se voltam para ele. Muitos desconhecidos não se contêm e chegam a cumprimentá-lo como se falassem com um amigo de longa data. “Fala, Chaves!”, se ouve de um e de outro que passa pela rua. “Onde é que está a Chiquinha, Chaves?”

A popularidade do personagem e a própria semelhança que mantém com ele fizeram com que as portas se abrissem para o autônomo, como ele mesmo gosta de pontuar. “Eu comecei a poder entrar nas casas de shows para vender os amendoins, coisa que antes não deixavam”, conta. “Aqui em Belém, onde eu chego, as pessoas reconhecem, as crianças vêm tirar foto”.

Para que a verdadeira estratégia de marketing ficasse completa, José Maria precisou estudar o personagem. Passou a assistir diversos episódios do seriado e a tentar imitar os trejeitos do Chavinho. Hoje a forma de falar do menino pobre que morava em um barril é adotada até mesmo para oferecer os amendoins. “Começaram a dizer para mim: eu só compro se você imitar o Chaves”, lembra, sorrindo. “Aí eu comecei a observar como ele falava ‘isso, isso, isso...’”.

PERSONAGEM

O estudo também fica evidente quando alguém se aproxima e pede para fazer uma foto. A pequena Sara Isabela, de 4 anos, ficou encantada ao encontrar, em plena Praça da República, o personagem da série que assiste pela televisão. “Olha o Chaves, vovô!”, exclamou. Tão empolgado quanto a neta, o motorista João Porfírio, 62 anos, também aprovou a estratégia de venda. “Com certeza chama muita atenção porque é um personagem de um programa que fez muito sucesso, e faz até hoje”.

Ao relembrar do tempo em que também passavam horas na frente da televisão assistindo aos episódios do Chaves, os estudantes Nayara Lima e Marcelo Santos, ambos com 20 anos, se animaram para comprar um pacote de amendoim. “É engraçado e muito criativo”, descreve Marcelo. “Com certeza é uma boa estratégia para chamar a atenção para o produto dele”, complementou Nayara.

Foi da mesma forma, por acaso, que os personagens também entraram na rotina de trabalho do autônomo Raul Santos, 36 anos. Ele conta que antes de passar a vender bombons nos coletivos da cidade, trabalhava como catador no antigo lixão do Aurá. Diante da impossibilidade de ter acesso ao local, fechado em 2015, ele precisou encontrar outra forma de trabalhar. “Como eu estava desempregado, comecei a vender bombons no coletivo. Só que, ao invés de entrar no coletivo e ficar contando os meus problemas e as minhas dificuldades para tentar convencer as pessoas a comprar, eu vi no humor a melhor forma de vender”.

O primeiro personagem encarado por Raul nos coletivos foi o palhaço Tiririca, depois veio o comunicador Silvio Santos, o ex-presidente Lula e, hoje, ele já encarna também o pirata Jack Sparrow, o personagem Bob Esponja e o cantor Michael Jackson. Apesar da grande variedade de personagens que é capaz de encarnar, Raul lembra que não foi nada fácil desenvolver as habilidades necessárias para isso.

“Eu não sei dançar. Então eu tive que estudar muito os passos do Michael para imitar porque as pessoas pediam que eu dançasse”, lembra, ao contar que também precisou aprender a fazer a maquiagem e desenvolver as roupas. “Eu comecei a levar comigo uma caixa de som e tive que dançar”.

Raul percebeu que, vestido de algum personagem, as vendas aumentavam. Além disso, ele já conseguiu identificar quais personagens dão os melhores resultados. “O Michael Jackson faz mais sucesso. Antes, quando eu não me vestia como ele, eu fazia R$20 por dia. Como Michael Jackson eu faço de R$30 a R$45”, estima. “A renda é pouca, mas já ajuda”.

Dependendo do trabalho como autônomo para sustentar a família formada por quatro filhos, Raul já começa a perceber novos desdobramentos para a estratégia de venda adotada por ele desde novembro do ano passado. “As pessoas me viam vestido de Michael e começaram a convidar para apresentações em festas”, conta. “Eu já fiz duas festas de aniversário desde que comecei a me vestir como Michael Jackson”.

(Cintia Magno/Diário do Pará)

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