Cidade Velha atrai 30 mil foliões no penúltimo final de semana da festa

A alegria contagiante deu o tom da programação de pré-carnaval da Cidade Velha, em Belém, em mais “arrastões” de blocos pelas ruas do bairro. Bregaço e Diretoria foram os dois blocos que agitaram os foliões. O primeiro contou com a presença especial de Pinduca; da banda Fruta Quente puxando o minitrio e de outras bandas locais. Em seguida, a Diretoria presenteou os brincantes com a participação das bandas: Babado Novo e FB Mania. Cerca de 30 mil pessoas participaram do evento no último sábado (16), segundo estima a organização.

A programação de pré-carnaval se dividiu em dois momentos: no primeiro, o público não pagou para ter acesso aos minitrios na rua. Em seguida, a folia continuou nas casas de shows da redondeza, detalha o diretor de Infraestrutura da Liga dos Blocos, Carlinhos Belo. “O acesso é grátis para todo mundo porque a gente acha que, na rua, tem de contemplar o povo. A população é muito carente de eventos e, esse ano, o quinto da Liga à frente da organização, a gente conseguiu fazer esse carnaval para todas as tribos”, diz o organizador.

Na rua Dr. Assis, na esquina com a Sé, de onde os blocos se concentravam para sair em seguida, a animação era intensa. Pessoas de todas as idades, com diversas fantasias. A pedagoga, Solange Pinheiro, de 42 anos, conta que se vestiu com a fantasia de bruxa a pedido da sobrinha Isabela Figueroa, 8. “É carnaval, então por lazer e diversão achei legal fazer a produção de toda a fantasia, depois que ela me convenceu”, disse aos risos.

Até quem foi para faturar durante a folia se rendeu à alegria de vestir um personagem. Foi o caso do vendedor de guloseimas, Daniel Oliveira, 30. “Durante a semana, estou nos ônibus, nas ruas e até nos hospitais fazendo visita como um personagem de história infantil e no final de semana, a gente aproveita para tirar uma grana extra”, conta.

Sônia Pinheiro produziu a própria fantasia de bruxa (Foto: Irene Almeida/Diário do Pará)

IMPROVISO

Em duplas, trios ou em grandes grupos, as pessoas se reuniram e foram para as ruas se divertir. A professora Leila Melo, 32, tirou uma folga das salas de aula para cair na folia. “O Carnaval é para isso: para se divertir e compartilhar esse momento com os amigos”, confirma. Ela diz que buscou acessórios que já tinha em casa para fazer a fantasia. “Foi meio improvisado, mas acho que no carnaval pode tudo, pode brilho, colorido, o que você quiser, com tanto que se sinta à vontade”, considera. Pela primeira vez no carnaval, a amiga dela, a servidora Caroline Rodrigues, 31, conta que se sentiu motivada a participar por causa das músicas de brega de um dos blocos. “Estar no meio de gente, no carnaval, é o que me faz feliz e eu quero aproveitar”, frisa.

Este foi o penúltimo final de semana de pré-carnaval que ocorre nas ruas do bairro da Cidade Velha. Com 180 policiais militares fazendo o policiamento nas ruas, o major Anilson Almeida informa que não houve nenhuma ocorrência grave durante os festejos. “Os trabalhos são em conjunto Polícia Militar, Polícia Civil, Prefeitura Municipal, que entra com a Secon e a Guarda Municipal. Os efetivos são deslocados para cá e após às 19h, as vias são reabertas e só ficam funcionando alguns estabelecimentos que ficam abertos somente até 2h da manhã”, ressalta.

(Wal Sarges/Diário do Pará)

(Foto: Irene Almeida/Diário do Pará)

Já no domingo, a brincadeira se misturou à devoção

Momento de confraternização, alegria e de louvor a Deus. Foi com esse entusiasmo que famílias inteiras participaram na manhã de ontem (17) da primeira edição do “Bloco da Sé - Carnaval com Fé”. Promovido pela Catedral Metropolitana de Belém, a Igreja da Sé, o bloco levou evangelização em clima de Carnaval pelas ruas do bairro da Cidade Velha, em Belém. A organização do evento estimou a participação de 500 pessoas, em virtude da venda de abadás.

Antes de saírem às ruas, os fiéis participaram de uma missa celebrada pelo Cônego Roberto Cavalli. Vestindo abadás e levando suas crianças fantasiadas, os paroquianos acompanharam o trio elétrico ao som da banda Sal e Luz. O percurso terminou no Colégio do Carmo, onde os brincantes assistiram ao show da Comunidade Shalom. O evento foi idealizado pela paróquia, juntamente com os paroquianos e o Cônego. “Temos louvor e evangelização até às 14h, com o objetivo de mostrar que o Carnaval é alegria e que na igreja é carnaval com fé”.

(Foto: Irene Almeida/Diário do Pará)

Já o Cônego Roberto Cavalli ressalta que a ideia era justamente levar os fiéis a vivenciar uma comemoração diferente. “É um momento de brincarmos, nos alegrar-mos e louvar-mos a Deus, demonstrando que a fé nos chama a viver a alegria. O Papa Francisco nos fala: ‘quero cristãos alegres’ e que testemunhem a fé com alegria. É uma festa religiosa, com a família, um momento de confraternizar”, pontua.

A advogada Patrícia Feitosa, 44 anos, levou boa parte da família para “pular” no bloco católico. Acompanhada do esposo, cunhada, sobrinhos e do casal de filhos fantasiados, ela acredita ser o evento mais apropriado para reunir a família. “Acho que a igreja está se integrando aos dias atuais. Reúne a família pra comemorar de forma sadia, cristã. Nós enquanto pais nos sentimos mais a vontade de trazer nossos filhos pra um festejo como esse”, reforça.

Paroquiana da Sé, a assistente social Ana Márcia Serrão, 49, levou a mãe Ângela Farias, 80, para viver a alegria do Carnaval católico. “É uma forma salutar de viver o Carnaval, com Jesus, rezando agradecendo. O evangelho diz que o cristão deve ser grato e alegre, então tem tudo a ver com a alegria do Carnaval”, pondera.

(Pryscila Soares/Diário do Pará)