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'Motorista de aplicativo' virou profissão perigo

As novas tecnologias cujo acesso está na palma da mão das pessoas têm ajudado, e muito, a vida de homens e mulheres em todo o mundo, é fato. Assim como se observa a nível de Brasil, em Belém e Região Metropolitana, é grande o número de pessoas que utiliza

As novas tecnologias cujo acesso está na palma da mão das pessoas têm ajudado, e muito, a vida de homens e mulheres em todo o mundo, é fato. Assim como se observa a nível de Brasil, em Belém e Região Metropolitana, é grande o número de pessoas que utilizam com frequência aplicativos de mobilidade urbana e transporte de passageiros. Uber e 99, por exemplo, caíram na preferência e no bolso dos usuários que recorrem a plataforma para acionar uma corrida e levá-los aonde quiserem.

A corrida pode ser barata, rápida e confortável. Por outro lado, essa facilidade aliada a comodidade tem se tornado alvo de preocupação para quem trabalha com este segmento. Assaltos tem colocado em cheque a necessidade de repensar o esquema de segurança tanto para passageiros quanto para os condutores que, em pouco tempo, já questionam algumas – que podem ser consideradas – falhas no sistema de segurança.

Afinal, os motoristas não sabem ao certo quem vão transportar e em contrapartida os passageiros não conhecem o tipo de motorista que irão pegar durante. O elo de confiança entre as partes ainda é o combustível dessa viagem. Sem conseguir um emprego formal na área em que se formou (Comunicação Social), um motorista de aplicativos – que trabalha tanto com Uber quanto com 99 – viveu momentos de terror durante uma destas corridas. Há quase dois meses ele foi acionado para uma corrida solicitada por um casal, por meio de um dos aplicativos.

A corrida começou no centro da capital e o destino seria um bairro periférico de Ananindeua, numa área considerada de risco. Porém ele só soube do trajeto depois de apanhar os passageiros. “O casal entrou normalmente no carro, cumprimentou e conversou. No meio da corrida anunciaram o assalto e eu fiquei por cerca de dez minutos sob as ameaças deles”, relatou.

O motorista foi abandonado no conjunto Cidade Nova e o carro, junto com a renda do dia, foi levada pelos assaltantes. “Isso aconteceu num sábado. Eu registrei o Boletim de Ocorrência e na segunda-feira seguinte levei até o escritório do aplicativo para verificar o que eles poderiam fazer por mim e não fizeram absolutamente”, lamentou a vítima.

Ele pediu o cancelamento do perfil do assaltante que solicitou a corrida, mas nem isso os responsáveis pelo aplicativo fizeram. “A empresa informou que não iria cancelar o perfil porque não era política deles. Fariam somente se a polícia levasse o inquérito adiante e solicitasse o cancelamento ou bloqueio do perfil”, enfatizou. O carro ele recuperou uma semana depois, batido provavelmente durante um acidente de trânsito.

Apesar de ter ficado decepcionado com o posicionamento dos responsáveis pelo aplicativo, o motorista continua com este tipo de serviço. “Estou desempregado e tem sido a minha fonte de renda, mas eu não estou sozinho nessa. Centenas de motoristas estão nessa porque estão sem emprego”, justificou. “A gente que trabalha dessa forma, não tem seguro nenhum por parte dessas empresas - tanto a Uber quanto da 99. A gente se vira como pode e como acha mais correto garantir a nossa segurança. Não tem seguro para a gente, nem para o veículo. Temos de fazer o seguro por fora”, frisou.

Tanto a Uber quanto a 99 não divulgaram nenhum dado referente ao número de assaltos sofridos pelos seus motoristas. Justificaram que estes índices só podem ser repassados pela Polícia Civil. A polícia por sua vez ainda não trabalha com uma categoria específica de motorista de aplicativos, já que os casos são registrados como roubo e roubo de veículos.

Empresa diz que busca sempre aprimorar o serviço e a segurança

Assaltos têm colocado em cheque a necessidade de repensar o esquema de segurança tanto para passageiros quanto para os condutores, em Belém. (Foto: Reprodução)

No decorrer da semana que passou, um grupo de motoristas de aplicativos chegou a se manifestar nas ruas de Belém. Eles exigem mais segurança para trabalhar. “Uma das nossas reivindicações é saber qual o destino da corrida, por exemplo”, disse o motorista que já foi vítima de assalto. “Sabendo para onde estamos indo já seria de grande ajuda para evitar transitarmos por áreas consideradas vermelhas”, atentou.

Para a motorista de aplicativos que tem 23 anos, que também pediu para não ser identificada, as empresas de aplicativos não gostam de dialogar com os condutores e ouvir as sugestões dos trabalhadores. “A gente tem que se adequar as regras que não levam em consideração as características de cada cidade. Belém é uma cidade violenta, todos sabem e a gente precisa ter melhores condições de segurança para trabalhar”, comentou.

Ela pretende parar de trabalhar com aplicativos assim que se formar em pedagogia e entrar no mercado de trabalho. “Eu sou mulher e isso, querendo ou não, me coloca numa situação mais vulnerável. Já não rodo a noite porque fui assaltada e a empresa do aplicativo nada fez por mim”, disse. A reportagem entrou em contato com a Uber e 99 para saber sobre os problemas apontados pelos próprios motoristas como falhas de segurança. A Uber respondeu a nossa demanda e disse que a segurança é uma das prioridades dos aplicativo, que busca sempre se aprimorar.

A nota da empresa do aplicativo não respondeu, por exemplo, se irá atender ao pedido de seus motoristas de informar o destino das corridas antes de aceitá-las, mas informou que usa a tecnologia para bloquear viagens consideradas mais arriscadas. A Uber lembrou que o motorista pode compartilhar a localização, o trajeto e o tempo de chegada em tempo real com quem desejar – o mesmo pode ser feito pelos passageiros.

Ainda, segundo a empresa, os motoristas parceiros contam com um número de telefone 0800 para registrar casos de emergência e solicitar apoio da Uber – mas isto somente depois que estiverem em segurança e tiverem contatado as autoridades competentes, no caso a Polícia.

A nota encerra citando que motoristas e usuários são cobertos durante cada viagem por um seguro APP da Uber para acidentes pessoais, contudo não expõe se há seguro para o caso de assaltos – lembrando que o próprio motorista parceiro, vítima de assalto, afirmou que não há seguro para estas ocorrências.

Já a 99 emitiu uma nota afirmando que a empresa "tem como política estar sempre aberta ao diálogo com os usuários, motoristas e passageiros", e que "respeita o direito à liberdade de expressão e manifestação". O aplicativo ainda afirma que "lamenta profundamente qualquer caso de violência e se encontra aberto a colaborar com as autoridades, caso necessário".

Em relação à segurança, a 99 afiram que "montou uma equipe especialmente dedicada, composta por mais de 70 pessoas incluindo ex-militares, engenheiros de dados e psicólogos" e que "o time trabalha 24 horas por dia, sete dias por semana, cuidando exclusivamente da proteção dos usuários", e que o trabalho já ajudou em reduzir em 82% os incidentes na plataforma em 2018.

A 99 ainda afirma que "usa tecnologia de ponta para focar especialmente em prevenção", com câmeras de segurança embarcadas nos veículos e conectadas diretamente com a central de monitoramento da companhia; inteligência artificial que monitora o perfil de todas as chamadas, identificando situações de risco e bloqueando o acesso à plataforma; mapeamento de áreas de risco que envia aos motoristas notificações sobre zonas perigosas; canal de atendimento exclusivo para incidentes de segurança no 0800-888-8999, que pode incluir o envio de um carro em ocorrências em que o veículo tenha sido levado, por exemplo; o aplicativo pede que todos os passageiros coloquem CPF ou cartão de crédito antes da primeira corrida; condutores podem optar por não receber pagamento em dinheiro; todos os usuários estão protegidos em suas corridas por um seguro contra acidentes pessoais de até R$ 100 mil; e o aplicativo realiza rodadas de treinamento para condutores, em que apresenta um curso especial com dicas práticas de proteção.

(Denilson D`almeida/Diário do Pará)

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