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NOTÍCIAS PARÁ

Pará registrou 10 chacinas em apenas oito anos

Aforma de atuação segue um padrão. Chegando de repente, pessoas com o rosto encoberto se aproximam da vítima e efetuam disparos. Na maioria das vezes o cenário também se repete: uma rua de um bairro periférico da Região Metropolitana de Belém (RMB). Com t

Aforma de atuação segue um padrão. Chegando de repente, pessoas com o rosto encoberto se aproximam da vítima e efetuam disparos. Na maioria das vezes o cenário também se repete: uma rua de um bairro periférico da Região Metropolitana de Belém (RMB). Com tantas ocorrências de crimes de execução em sequência – a última registrada ocorreu no bairro do Tapanã, na segunda-feira (29) -, as chacinas têm se tornado cada vez mais presentes no cotidiano das periferias e demandam organização do sistema de segurança pública.

Dentro do contexto de matança desenfreada no qual o Pará está inserido já há alguns anos (confira o box com 10 casos mais recentes), outro padrão é percebido. Muitos dos casos de homicídios em sequência registrados nos últimos oito anos foram precedidos pelo assassinato de policiais.

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CIRCUNSTÂNCIAS

Foram nessas circunstâncias que ocorreu a chacina dos dias 4 e 5 de novembro de 2014, após a morte do cabo PM ‘Pety’. Da mesma forma, a chacina dos dias 20 e 21 de janeiro de 2017 ocorreu após a morte do soldado da Rotam, Rafael da Silva. A coincidência se repetiu ainda em outras duas chacinas ocorridas em 2017 e mesmo na recente chacina registrada no bairro do Tapanã, quando oito pessoas foram mortas a tiros na segunda-feira, cinco dias após o assassinato do sargento da Polícia Militar João Batista Menezes Dias.

Passados três dias dos assassinatos de oito pessoas em diferentes pontos do Tapanã, o silêncio ainda se impunha na manhã de quinta-feira (01). Nas ruas, comércios e feiras a rotina seguia movimentada, como de costume. Porém, sem que moradores se arriscassem a fazer qualquer comentário a respeito da situação de insegurança instalada na área. Diante da mudez das pessoas, apenas uma faixa preta estendida na entrada da Escola Estadual Doutor José Márcio Ayres, na Estrada do Tapanã, dava o recado: “Luto e Paz”.


Promotor Armando Brasil (Foto: Fernando Araújo/Diário do Pará)

Ausência do Estado favorece atuação de organizações criminosas, diz promotor

Promotor de Justiça Militar do Ministério Público do Estado do Pará (MPE), Armando Brasil aponta que o número de denúncias de crimes desse tipo que chegam à promotoria tem crescido nos últimos anos. “Devido essa ausência do Estado, as organizações criminosas – milícias, traficantes de drogas, Comando Vermelho - se instalaram com facilidade no nosso Estado”, contextualiza. “Não ouvíamos falar disso no Pará. Isso começou de quatro anos para cá e as denúncias chegam à promotoria também a partir de delação anônima por parte da população”.

ATUAÇÃO

No que se refere às milícias, apesar de já ter sido possível desarticular grupos que atuavam na grande Belém – como a prisão, em 2017, dos acusados de envolvimento em um grupo de milícia instalado no bairro da Pedreira, Armando explica que a investigação demanda um trabalho intenso de monitoramento. “Se utiliza toda uma técnica de investigação desses grupos de extermínio em razão da gravidade e da alta complexidade como eles se organizam”.

O promotor explica que a forma de atuação desses grupos costuma ser a mesma, a diferença está na ocupação dos territórios. Segundo o promotor, normalmente os milicianos expulsam o traficante da área em que pretendem atuar e assumem o comando da criminalidade. “De uma maneira geral, eles se organizam em bairros e cada um respeita o limite do outro”.


(Foto: Ney Marcondes/Arquivo/Diário do Para)

------ CHACINAS ------

Episódios recentes de assassinatos em sequência na Região Metropolitana de Belém

27 DE AGOSTO DE 2011

4H30, BAIRRO NOVO HORIZONTE, SANTA IZABEL DO PARÁ

O crime: Cinco homens encapuzados invadiram uma residência e renderam todos os presentes. Os criminosos teriam ordenado que o pai, a mãe e três crianças da família se abraçassem em um canto da casa e levaram outras sete pessoas da família para outro cômodo, executando-as com tiros de escopeta na cabeça.

Vítimas fatais: Seis pessoas da mesma família morreram. Elas tinham idades entre 16 e 28 anos.

Andamento do caso: Em novembro de 2017 um policial militar acusado de participação no crime foi inocentado por falta de provas. No total, são cinco os suspeitos, sendo que quatro recorreram às instâncias superiores da Justiça.

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9 DE NOVEMBRO DE 2011

23H, DISTRITO DE ICOARACI, BELÉM

O crime: Dois homens em uma moto teriam se aproximado dos jovens, obrigando-os a se enfileirar, ajoelhar e colocar as mãos sobre a cabeça. Dessa forma, em frente a um órgão público, os jovens foram executados. Na época, testemunhas relataram ter ouvido mais de 20 disparos de arma de fogo.

Vítimas fatais: Seis adolescentes com idades entre 12 e 17 anos foram assassinados.

Andamento do caso: Em maio deste ano, os policiais Mauro Reis Coelho, Rosevan Moraes e José Percival da Conceição foram condenados pela morte dos adolescentes. Rosevan teve pena somada de 76 anos de prisão e Mauro e Percival foram condenados a 46 anos de prisão cada um.

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4 E 5 DE NOVEMBRO DE 2014

BAIRROS DA TERRA FIRME, GUAMÁ, JURUNAS, TAPANÃ E SIDERAL, EM BELÉM

O crime: Desde o início da noite do dia 4 de novembro, uma série de assassinatos foi iniciada em diferentes bairros de Belém. As vítimas foram atingidas por armas de fogo, nas ruas da cidade, por homens encapuzados.

Contexto: Os crimes foram registrados após a morte do cabo da Polícia Militar conhecido como ‘Pety’.

Vítimas fatais: Dez pessoas foram assassinadas.

Andamento: Provocada a partir da chacina, uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) foi instalada na Assembleia Legislativa do Estado do Pará (Alepa). Na época, a investigação reconheceu a existência de pelo menos quatro grupos de extermínio no Estado.

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(Foto: Wagner Almeida/Diário do Pará)

20 E 21 DE JANEIRO DE 2017

BAIRROS DO BENGUI, SACRAMENTA, CAMPINA, GUAMÁ, CREMAÇÃO, CONDOR, PEDREIRA, UNA, PRATINHA, COQUEIRO E SIDERAL, EM BELÉM. BAIRROS DO ENTRONCAMENTO, GUANABARA, CURUÇAMBÁ, CIDADE NOVA 5, ICUÍ-GUAJARÁ, ÁGUAS LINDAS E ÁGUAS BRANCAS, EM ANANINDEUA. AINDA NO BAIRRO NOVO E BAIRRO NOVO HORIZONTE, EM MARITUBA.

O crime: Desde a tarde de sexta-feira foram registrados homicídios em diferentes bairros da Região Metropolitana de Belém sempre com características de execução. As vítimas foram baleadas por arma de fogo nas ruas. Os tiros teriam partido de homens encapuzados.

Contexto: Os crimes ocorreram após a morte do soldado da Ronda Tática Metropolitana (Rotam), Rafael da Silva Costa, 29 anos. O policial foi morto no dia 20 de janeiro, com um tiro na cabeça, após troca de tiros com criminosos no bairro da Cabanagem.

Vítimas fatais: 28 homicídios foram registrados.

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04 DE ABRIL DE 2017

ENTRE 19H50 E 23H55, BELÉM E ANANINDEUA

O crime: Testemunhas apontaram que homens vestidos de preto e com capuzes chegaram em motos e atiraram contra as vítimas.

Contexto: A sequência de assassinatos teria ocorrido após a morte do policial militar Adson Baía, assassinado durante um assalto em Ananindeua.

Vítimas fatais: 10 pessoas foram mortas a tiros.

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04 DE MAIO DE 2017 DISTRITO DE ICOARACI, BELÉM

O crime: Homens em uma motocicleta preta teriam efetuado disparos contra as vítimas.

Contexto: O crime aconteceu 24h após o assassinato do soldado da PM Ronivaldo Barreto, morto enquanto atuava como segurança em um comércio.

Vítimas fatais: 4 pessoas foram assassinadas.

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06 DE JUNHO DE 2017

21H30, BAIRRO DA CONDOR, BELÉM

O crime: Três carros fecharam a rua Nova II e pelo menos 10 criminosos encapuzados desceram e iniciaram um tiroteio contra pessoas que assistiam a um jogo de futebol em um bar.

Vítimas fatais: Quatro homens e uma mulher foram mortos. As vítimas tinham entre 32 e 45 anos de idade.

Feridos: Outras 14 pessoas foram atingidas pelos disparos.

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(Foto: Marcelo Lelis/Agência Pará)

09 DE ABRIL DE 2018

ENTRE 14H30 E 18H, BAIRROS DISTRITO INDUSTRIAL, 40 HORAS E ICUÍ-GUAJARÁ, EM ANANINDEUA. BAIRRO DO TAPANÃ E CONJUNTO SATÉLITE, EM BELÉM

O crime: Homens em motos teriam executado com tiros de arma de fogo diversas pessoas em diferentes bairros de Belém e Ananindeua.

Contexto: Os crimes aconteceram horas após o assassinato do Policial Militar Ivaldo Joaquim Nunes da Silva, baleado no bairro da Sacramenta, em Belém. No dia anterior, 8 de abril, o cabo da Polícia Militar Ernani Costa foi morto, também com um tiro, no bairro do 40 Horas, em Ananindeua.

Vítimas fatais: Dez pessoas foram mortas a tiros. As vítimas tinham entre 18 e 30 anos.

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29 DE OUTUBRO DE 2018

A PARTIR DAS 18H, BAIRRO DO TAPANÃ, BELÉM

O crime: Pelo menos quatro homens em duas motocicletas efetuaram os disparos contra as vítimas que se encontravam em diferentes ruas do bairro. Os criminosos agiram com o rosto encoberto pelos capacetes.

Contexto: Os crimes ocorreram cinco dias após o assassinato do sargento da Polícia Militar João Batista Menezes Dias, morto com um tiro na cabeça enquanto voltava para casa.

Vítimas fatais: Oito pessoas foram mortas. As vítimas tinham entre 18 e 25 anos.

Feridos: Três pessoas ficaram feridas.

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------ CHACINAS NO INTERIOR ------

24 DE MAIO DE 2017

PAU D’ARCO, SUDOESTE DO PARÁ

O crime: Inicialmente, a Polícia sustentou a versão de que as mortes foram resultado de confronto entre polícia e posseiros, porém, exames cadavéricos balísticos apontaram que não houve confronto. Em julho de 2017, os órgãos de segurança pública do Estado confirmaram que se tratou de um crime de execução.

Vítimas fatais: Dez trabalhadores rurais foram assassinados durante o cumprimento de mandados de busca e apreensão e de prisão de posseiros acampados em uma fazenda particular.

Andamento: 15 policiais, sendo 13 militares e 2 civis, chegaram a ser presos preventivamente acusados de atuarem durante a execução de Pau D’Arco. Porém, em junho de 2018 o Supremo Tribunal de Justiça (STJ) decidiu que os acusados poderiam responder pelos crimes em liberdade, soltando-os.

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(Cintia Magno/Diário do Pará)

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