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Venezuelanos ainda esperam por abrigos

Todos os dias pela manhã, quando deixa o albergue em que vive com os dois filhos na travessa Campos Sales, em Belém, a venezuelana Maria Ângela sai com a missão não apenas de garantir alimento para ela e a família, mas também de assegurar mais um dia de m

Todos os dias pela manhã, quando deixa o albergue em que vive com os dois filhos na travessa Campos Sales, em Belém, a venezuelana Maria Ângela sai com a missão não apenas de garantir alimento para ela e a família, mas também de assegurar mais um dia de morada. Desde que chegou a Belém em uma embarcação, em dezembro de 2017, a refugiada ainda aguarda a oportunidade de ir para um abrigo público.

Enquanto a tão esperada vaga não chega, Maria precisa pagar R$30 por dia para viver em uma pensão com outros 47 indígenas venezuelanos da etnia Warao. Assim como ela, eles migraram de seu país de origem em busca de uma vida melhor. O que eles têm conseguido, até então, é apenas sobreviver a partir da ajuda da população. “O que mais falta é comida e fraldas”, comenta, ao explicar que por várias vezes já tentou seguir para o único abrigo disponibilizado pelo Governo do Estado. “Tem muita gente. Fizeram um cadastro, mas ainda não me chamaram”.

Junto com Maria vieram os dois filhos. Os pequenos Su, um menino de 10 anos, e Susa, uma menina de 7 anos. A família tem passado as manhãs nas ruas para pedir por colaboração em dinheiro aos condutores de carros que param nos sinais. Sem entender o português, Maria pediu a um mototaxista que escrevesse um cartaz explicando sua situação aos possíveis colaboradores que passam nos carros. Essa é a única fonte de renda para que a família consiga arcar com os custos das necessidades mais básicas para se viver.

FAMÍLIA

O mototaxista Enoc Pereira, 27 anos, é fluente em espanhol e, por isso, se tornou o grande elo de comunicação de Maria com as demais pessoas que buscam ajuda-la. Enoc conta que, além do cartaz que já escreveu, a família refugiada pediu para ele fazer outro. “A mãe da Maria Ângela ficou na Venezuela e ela já me pediu para escrever um cartaz pedindo para as pessoas ajudarem eles a juntar dinheiro para trazer a avó das crianças para Belém”.

Através de Enoc, Maria conta que a vida em Belém está difícil, mas que na Venezuela era pior. Quando questionada sobre a vida na cidade de Tucupita, onde morava no país de origem, ela baixa o olhar e silencia. Só o que consegue é confirmar que não havia remédios e sequer comida.

Alimentação e moradia são as demandas

Em Belém, a alimentação e o abrigamento são as demandas mais urgentes apontadas pelos indígenas venezuelanos, segundo o procurador do Ministério Público Federal (MPF), Felipe de Moura Palha. Na última segunda-feira, o MPF e órgãos estaduais e municipais ouviram os indígenas sobre suas principais necessidades na capital paraense. “A questão mais urgente, para eles, é o abrigo porque eles pagam um valor muito alto nessas pensões”, destaca o procurador. “Eles não conseguem fazer essa arrecadação durante o dia (para pagar pela pensão) e também ter dinheiro para se alimentar”.

O procurador explica que, por solicitação do MPF, a Prefeitura de Belém decretou situação de emergência social e, com isso, recebeu recursos do Governo Federal para prestar auxílio aos venezuelanos refugiados. “Com esse recurso o município está providenciando três novos abrigos para poder retirar todos os indígenas dessa situação, dessas tensões das ruas”, apontou Felipe de Moura Palha. “Eles se comprometeram a fazer isso gradativamente: a primeira casa já será entregue na semana que vem e as demais até o início de novembro”.

Além das diárias caras, o procurador destaca que as pensões utilizadas pelos indígenas são insalubres. “As crianças estão adoecendo por causa da insalubridade dessas pensões. Eles estão, principalmente as crianças, em situação de risco, então é urgente que o município acelere e entregue o quanto antes os novos abrigos”.

RECURSO

A presidente da Fundação Papa João XXII (Funpapa) – órgão municipal responsável por providenciar os abrigos a partir dos recursos federais -, Adriana Azevedo aponta que a liberação do recurso foi realizada no último dia 25 e que, apenas após isso, o município pode iniciar os trâmites administrativos para a locação dos imóveis que servirão de abrigos. “Já temos a primeira casa que está no trâmite final para a contratação e que vai ser a primeira casa abrigo”, apontou, ao informar que a entrega deverá acontecer na próxima semana. “A casa abrigará um grupo de em média 50 indivíduos”.

Já em relação aos dois abrigos restantes, Adriana esclarece que a Funpapa ainda está a procura dos imóveis. “Estamos enfrentando certa dificuldade de encontrar casas que se adequem ao perfil que eles precisam”. As casas deverão ser alugadas por seis meses, que é o período para o qual o recurso federal foi disponibilizado. Segundo a Funpapa, a primeira casa que está em trâmite final de contratação está localizada no bairro da Terra Firme, na Perimetral.

(Cintia Magno/Diário do Pará)

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