Venezuelanos continuam pedindo ajuda pelas ruas de Belém

A confirmação, no sábado (26), da morte por sarampo de um bebê venezuelano reacendeu a preocupação com a condição em que os refugiados vivem em Belém. O bebê morreu na madrugada de sexta. Segundo informações oficiais do Hospital Universitário João de Barros Barreto (HUJBB), o bebê, de quatro meses de idade, tinha sarampo confirmado e sintomatologia para H1N1. Outro bebê refugiado também morreu, no dia 24 de agosto. Porém, nesse primeiro caso os testes de sorologia deram negativo para sarampo

Ontem, a reportagem encontrou uma família de índios venezuelanos da etnia Warao na avenida Pedro Miranda, no bairro da Pedreira. Sentados sobre pedaços de papelão estirados na calçada, uma mulher adulta e três crianças pediam por colaborações em dinheiro. Com idades diferentes, as crianças brincavam pela calçada descalças.

Durante a semana, a cena se repete em diferentes localidades da cidade, como na Praça da República, na avenida Duque de Caxias, na travessa Lomas Valentinas. No domingo, porém, a única família avistada durante a manhã foi a que se encontrava na Pedro Miranda.

Pelo menos desde outubro de 2017 o DIÁRIO vem alertando sobre a condição que os refugiados vivem em Belém. Mais recentemente, ainda na edição do dia 14 de julho de 2018, o DIÁRIO conversou com uma refugiada que, na época, pedia colaborações em dinheiro na Praça da República e que informou que dependia da solidariedade dos paraenses para conseguir alimentar e vestir os dois filhos.

DECRETO
No dia 16 de julho deste ano, a Prefeitura Municipal de Belém assinou o decreto de nº 91.614 que declarou “situação de emergência em virtude da presente intensa migração de indígenas venezuelanos da etnia Warao, submetidos à situação de risco pessoal e social, em especial, crianças e adolescentes e idosos”.

Em entrevista concedida ao DIÁRIO para matéria publicada no dia 20 de agosto deste ano, o procurador da República Felipe de Moura Palha destacou que, apesar do decreto ter sido assinado em julho, o Ministério Público Federal já havia feito recomendações cobrando assistência aos refugiados há cerca de um ano antes
desse período.

Através de nota encaminhada na sexta-feira (24), a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa) informou que “todas as decisões em relação ao atendimento aos indígenas Warao já foram tomadas pela Prefeitura de Belém, sobretudo após o decreto assinado pelo prefeito Zenaldo Coutinho no dia 17 de julho deste ano, que declarou a situação de emergência social na capital, e solicitou apoio financeiro ao Ministério do Desenvolvimento Social para o atendimento à população imigrante dos índios Warao”. A nota afirma também que, no que diz respeito à saúde, “todos que já estavam em Belém foram vacinados, receberam consultas, tratamentos e internações”.

A Prefeitura de Belém, por meio da Fundação Papa João XXIII (Funpapa) e Secretaria Municipal de Educação (Semec), diz que desenvolve as atividades de acolhimento em parceria com o Estado. E que, junto com outras secretarias, garante o transporte para passeios, retirada de documentos, transporte de materiais de doações que os Waraos acumulam para enviar à familiares na Venezuela, e outras necessidades de acordo com cada caso. Também afirma que há uma discussão a respeito do tipo de acolhimento que melhor atenda as necessidades culturais dos Waraos.