Perigo, pichações e sujeira dominam Memorial da Cabanagem

Monumento de grande importância histórica, o Memorial da Cabanagem, no complexo do Entroncamento, em Belém, segue abandonado pela Prefeitura, que não protege e preserva a única obra do grande arquiteto brasileiro, Oscar Nyemeyer, em solo paraense.

Símbolo da luta dos cabanos, importante revolução paraense, nos anos de 1800, quando negros, mestiços e indígenas batalharam por direitos iguais, o monumento hoje serve com o abrigo para moradores de rua e é alvo de constantes pichações vandalismos.

(Foto: Ricardo Amanajás/Diário do Pará)

A área também é considerada suja e perigoso por moradores do entorno. “É uma vergonha. Aqui tem muito assalto, já presenciei vários, principalmente mulheres”, critica o funcionário público Edilson Damasceno, 61, que todos os dias precisa cruzar o complexo para ir trabalhar. “Tem muito morador de rua e usuário de droga também. Eles sujam tudo, tomam banho ao ar livre”, denuncia. Ele questionou o que Prefeitura faz com o dinheiro dos impostos do povo, já que ele não enxerga nenhum retorno.

A visão da técnica em enfermagem Vanda Nascimento, 53, que mora no perímetro, não é diferente. “Isso aqui já foi muito bom, as pessoas se reuniam, tinha água, peixes. Agora está péssimo, desde que começou essa obra do BRT só tem piorado”, relata. Para ela, além de ter ficado escondido e de difícil acesso, não há qualquer iniciativa do poder público em restaurar e fazer a manutenção do monumento. “Tudo vandalizado, sujo. Atrai usuários de drogas, é um abandono total”, disse.

(Foto: Ricardo Amanajás/Diário do Pará)

O Memorial está completamente pichado e depredado, com lixo espalhado pelo perímetro, mato invadindo o concreto e ainda poças de água parada que se acumulam após a chuva no vão onde ficavam os antigos lagos artificiais.

EXPLICAÇÕES

A Prefeitura de Belém, por meio da Secretaria Municipal de Saneamento (Sesan), informou que a varrição no local é realizada diariamente e que faz roçagem, capinação e retirada de entulho do lago presente no espaço. Ainda ontem, a Fundação Papa João XXIII (Funpapa) prometeu encaminhar uma equipe de abordagem social ao local para oferecer os serviços da assistência. Já a Guarda Municipal garante que realiza rondas com motos e viatura no local.

(Arthur Medeiros/Diário do Pará)