Mercado de São Brás está abandonado pela Prefeitura de Belém

Por dentro e por fora do Mercado de São Brás, em Belém, o cenário retrata o abandono do poder público. Há sujeira por todo lado, pichações, pintura descascada, mato nas paredes, urubus em cima do lixo espalhado nas laterais e insegurança. Tudo isso tem afastado a população de visitar o lugar e entristecido trabalhadores que atuam no local.

Construído no século passado, durante o Ciclo da Borracha, o Mercado já foi considerado um dos principais cartões postais da capital paraense. Vários setores como hortifruti, carne, peixe, refeição, ervas, farinha, mercearia, artesanato, serviços de consertos, entre outros, compõem o complexo, localizado no bairro de São Brás, na confluência das avenidas Almirante Barroso, José Bonifácio e Magalhães Barata.

Rosana Martins, de 57 anos, vende ervas medicinais há 30 anos. Segundo ela, depois de várias reclamações feitas durante dois anos pelos feirantes junto à Prefeitura de Belém, há três meses as lâmpadas internas foram trocadas. “Ainda assim, outros problemas continuam, como infiltrações, paredes manchadas e goteiras”, diz a integrante da Comissão de Feirantes de São Brás.

INSEGURANÇA

Além dos problemas estruturais, a falta de segurança preocupa. Um exemplo disso foi o furto de duas esculturas, em 2016, que faziam parte do mural da Praça Floriano Peixoto, em frente ao Mercado de São Brás. Rosana Martins diz que por diversas vezes as demandas foram apresentadas à gestão municipal, inclusive o pedido de retorno da Guarda Municipal. “Todas essas demandas são conhecidas pela Prefeitura, mas nada fazem”, reclama.

“Desde o primeiro governo do prefeito Zenaldo Coutinho, acreditávamos que íamos conseguir melhorias, mas até hoje nada. Só descaso”, lamenta Rosana.

Cerca de 200 pessoas trabalham dentro do prédio. A maioria está ali há décadas, como Edilberto Guimarães, de 52 anos, que atua no setor de industrializados. “Por muito tempo essa era minha única renda para sustentar a família. Tinha condições de manter um padrão de vida bom. Infelizmente, hoje não mais”, comenta.

(Foto: Marco Santos/Diario do Pará)

Com a deterioração do outrora belo e histórico prédio e a insegurança no entorno, os visitantes se tornaram escassos. “Sentimos falta dos clientes. A segurança ficou muito ruim, tanto para nós, quanto para os visitantes. Estamos abandonados aqui”, afirma Edilberto.

Cristiano Santos, 41 anos, mora no Distrito de Icoaraci, em Belém. Ele lamenta a situação. “Dá um pouco de medo, por causa do sinal de abandono que vemos. Está muito sujo, precisando de uma revitalização”, comenta o operador de produção.

A aposentada Maria das Graças Santos, de 69 anos, também se entristece com o que vê. “Lembro que era bem mais organizado, mais limpo. Infelizmente está abandonado. É triste um patrimônio desses nessas condições”, diz.

OUTRO LADO

Em nota, a Prefeitura de Belém diz que no último mês de junho foi lançado edital para selecionar propostas para a reforma do mercado. Após a seleção da proposta, será realizada uma licitação para escolha da empresa que ficará responsável pelas despesas e execução da obra, além da administração do mercado, por concessão.

O texto não dá prazo e pontua que a Guarda Municipal faz ronda na área e que a limpeza é feita regularmente, com novos contêineres de lixo.

(Michelle Daniel/Diário do Pará)