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Hydro é flagrada abrindo canal irregular e contaminando igarapé

Quatro meses após a contaminação dos igarapés e mananciais de Barcarena com metais tóxicos derramados pela empresa Norsk Hydro Alunorte, a mineradora voltou a degradar o meio ambiente e prejudicar as comunidades. Desde anteontem (13), moradores da região

Quatro meses após a contaminação dos igarapés e mananciais de Barcarena com metais tóxicos derramados pela empresa Norsk Hydro Alunorte, a mineradora voltou a degradar o meio ambiente e prejudicar as comunidades. Desde anteontem (13), moradores da região perceberam novamente a presença de lama vermelha no igarapé do Tauá, localizado na área rural da cidade.

Segundo o advogado das comunidades afetadas, Ismael Moraes, a Hydro tentou abrir uma espécie de canal clandestino por dentro da mata para usá-lo como corredor de despejo dos resíduos de uma das bacias de rejeitos químicos para dentro do igarapé. Ismael garante que não há vazamento dessa vez, já que não está chovendo na região. “Dessa vez não houve rompimento ou vazamento. Há uma ação planejada da Hydro para esvaziar uma de suas bacias”, explica o advogado.

A atitude da empresateria ocorrido devido à decisão judicial que determinou a vedação com concreto dos canais clandestinos flagrados pelo Instituto Evandro Chagas e por peritos criminais no início deste ano. Com isso, a mineradora ficou impedida de dar vazão aos rejeitos pelos rios. Ismael explica que tudo leva a crer que a intenção era utilizar o canal para proceder ao escoamento, mas que algo deu errado e acabou contaminando os mananciais outra vez.

Na manhã de ontem, moradores da área levaram o caso ao conhecimento do delegado da Divisão Especializada de Meio Ambiente (Dema), Vicente Costa, que estava em diligência em Barcarena, e acabou flagrando o crime ambiental cometido pela empresa. Quando os fiscais chegaram ao local do suposto canal, os trabalhadores que operavam as máquinas retroescavadeiras teriam fugido sem dar explicações.

O DIÁRIO tentou contato, na noite de ontem, com a Polícia Civil e a empresa Hydro Alunorte, mas não conseguiu.

LEGISLATIVO

A empresa também está sendo alvo de uma Comissão Parlamentar de Inquérito na Assembleia Legislativa do Estado, que investiga não só o vazamento, mas as denúncias de sucessivas contaminações nas comunidades de Barcarena ao longo dos anos. Os deputados já ouviram moradores, cientistas e diretores da multinacional.

Na última terça-feira (12), os parlamentares aprovaram a convocação do presidente internacional da empresa envolvida, Svein Richard Brand, além da quebra de sigilo de informações de alguns diretores da mineradora, e dos gerentes operacionais que estavam de plantão nos dias 16 e 17 de fevereiro, para acelerar o processo conclusivo do relatório.

No mesmo dia, houve uma audiência pública na Câmara dos Deputados, em Brasília. O objetivo do debate foi analisar todo o trabalho feito após 100 dias do vazamento dos rejeitos da empresa norueguesa instalada na região de Barcarena.

Segundo o coordenador da comissão, deputado Edmilson Rodrigues (Psol-PA), a Hydro Alunorte é reincidente: em 2009, a empresa já tinha sido multada pelo Ibama por fato semelhante, mas recorreu e até hoje não pagou a punição, avaliada atualmente em cerca de R$ 17 milhões. Entre os parlamentares que fazem parte da comissão externa, a deputada Elcione Barbalho (MDB-PA) lembrou durante a audiência que esteve in loco em visita aos igarapés contaminados.

Contaminações, investigações e mortes no caminho da mineradora em 2018

Desde o vazamento ocorrido em fevereiro, a empresa hydro foi alvo de reclamações, avaliações e suspeitas, que tiveram inclusive repercussão nacional e multinacional, motivando um pedido de desculpas da empresa. À época, a Alunorte descartou qualquer contaminação proveniente de sua planta industrial. Mas reviu seu posicionamento, quando no dia 18 de março, o próprio o presidente e CEO da Hydro, Svein Richard Brandtzæg, confessou que mineradora poluia o Rio Pará.

No dia 12 de março, Paulo Sérgio Almeida Nascimento, 47 anos, foi morto com quatro tiros. Paulo era um dos representantes da Associação dos Caboclos, indígenas e Quilombolas da Amazônia (CAINQUIAMA), que desde de 2017 já havia cobrado da prefeitura de Barcarena se a empresa Hydro possuía autorização para construção das bacias de rejeito. Em documento protocolado pelo 2° promotor de Justiça Militar Armando Brasil Teixeira em 19 de janeiro, foram pedidas proteções aos membros da associação, mas ignoradas pelo Governo do Estado.

Armando Brasil agora investiga a omissão da Defesa Civil do Estado sobre o desastre ambiental da Hydro e o processo de concessão do Habite-se da empresa.

A mineradora tambpem já está sendo investigada por uma força-tarefa dos Ministérios Públicos Estadual e Federal. Os procuradores propuseram um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com a mineradora, mas, em abril, as negociações foram suspensas, já que a Hydro rejeitou as condições para a tomada de ações emergenciais contra impactos do vazamento de rejeitos da empresa em fevereiro em Barcarena, e prevenção a novos acidentes. No final de maio, a empresa fez uma contraproposta, que está sendo analisada pelos Ministérios Públicos.

(Leidemar Oliveira/Diário do Pará)

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