Capela Pombo está em situação precária

A professora aposentada Fátima Braz, 64 anos, olha com tristeza a Capela Pombo. Ela se lembra dos momentos de fé que passou com a sua mãe dentro da pequena igreja localizada no centro comercial de Belém. “É uma capela muito bonita. As imagens dos santos eram lindas. Todas as vezes em que vinha ao comércio parava aqui para fazer orações. Agora, do jeito que está, dá pena”, diz.

O vendedor ambulante Moisés Macedo, 19 anos, não teve a mesma experiência que Fátima. Quando começou a trabalhar perto da capela, na travessa Campos Sales, há 3 anos, já estava fechada. “Precisa ser reformada. Se continuar assim, não sei o que pode acontecer”, afirma.

A capela está com a parede descascando, fachada deteriorada e mato brotando do telhado. Do lado de dentro a situação é ainda pior, segundo o arquiteto e professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU), da Universidade Federal do Pará (UFPA), Flávio Nassar, também coordenador do projeto Fórum Landi. “A situação é precária. É necessário restauração urgente na parte elétrica, estrutural, arquitetônica e hidrossanitária. Há risco de desabamento de parte do monumento que, até o momento, não sofreu nenhuma intervenção”, destaca.

A capela foi projetada pelo arquiteto Antônio Landi e construída em meados do século XVIII. Em 2014, a capela – também conhecida como Capela do Senhor dos Passos - passou a ser de propriedade da UFPA, por meio do Projeto Fórum Landi e, desde então, a instituição tenta iniciar obras de restauro do prédio.

Fachada deteriorada é o problema mais visível na Capela Pombo. Porém, há muitos outros (Foto: Ricardo Amanajás)

PROJETO

O projeto de restauro do espaço tramita no Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) desde 2015. Em 2016, o Iphan solicitou ajustes no projeto e orçamento. “Todas as alterações foram atendidas. Agora, esbarram na questão orçamentária, mudanças essas que o Fórum acredita que poderiam ter sido feitas nas observações anteriores”, afirma o coordenador do Fórum.

A obra foi orçada, no primeiro projeto, em 2015, no valor de R$ 900 mil, para restauração da parte elétrica, estrutural, arquitetônica e hidrossanitária. Ainda segundo o professor, o Iphan foi informado sobre a necessidade da restauração e o quanto a demora nas intervenções colocam em risco o imóvel. Nassar diz que a capela também será utilizada pela UFPA como local de apresentação de canto religioso.

Por causa da demora nas obras necessárias, no último dia 15, a UFPA iniciou obra emergencial para prevenir riscos de desabamento, como escoramento do telhado e a retirada de vegetais encontrados do lado de dentro da capela. Além disso, o Fórum pediu ao Iphan, no início deste ano, que considere o processo em caráter emergencial. “Facilmente a capela voltará ao que era. Ela é uma pequena joia que possui elementos grandiosos da arquitetura de Landi. Um estilo diferente de barroco, importante para a arquitetura brasileira”, considera Flávio Nassar.

Iphan

Segundo a assessoria de comunicação do Iphan, em Brasília , o projeto para a intervenção foi apresentado ao Iphan que, em fevereiro de 2016, pediu ajustes de projeto e de orçamentos. “Essas complementações foram apresentadas ao Iphan em janeiro de 2018. No entanto, o Instituto solicitou novos ajustes e aguarda, desde fevereiro, nova apresentação do projeto, segundo o que foi solicitado”.

A nota diz ainda que, a partir do tombamento, e como consequência dele, “o Iphan passa a ter responsabilidade no acompanhamento da preservação do bem. Contudo, a responsabilidade pela conservação continua sendo dos proprietários”.

(Michelle Daniel/Diário do Pará)