“Um ano é tempo demais sem respostas. A impunidade alimenta o ciclo de violência e coloca em risco aqueles que ousam levantar a voz pedindo justiça para um dos maiores massacres no campo”. O desabafo é da diretora-executiva da Anistia Internaciona, Jurena Wernerck no dia em que se completa um ano da chacina de Pau D´arco, no sudeste paraense.
No dia 24 de maio de 2017, o Pará foi o palco da segunda maior chacina no campo da história do país, 10 trabalhadores rurais foram mortos durante uma ação policial na Fazenda Santa Lúcia.
Dezessete policiais militares e civis foram denunciados, sendo que 15 foram presos e dois respondem em liberdade após acordo de delação premiada.
Famílias voltam a ocupar área da chacina
Um ano após a chacina, 70 famílias voltaram a ocupar a fazenda. O local foi batizado de acampamento Jane Júlia, em homenagem a única mulher entre as 10 vítimas do atentado.
Mesmo com o medo de um novo confronto, posseiros começaram a transformar os lotes em pequenas propriedades rurais.
Segundo a Anistia Internacional, apenas no último ano, chegou a 70 o número de pessoas assassinadas em conflitos no campo documentados pela Comissão Pastoral da Terra - o maior número desde 2003.
"Pau D´Arco não pode cair no esquecimento. Exigimos urgência nas investigações e reparação para os familiares vítimas e sobreviventes ", apela Jurema Werneck.
Para o advogado do caso, José Vargas Junior, "as forças de segurança têm consigo uma falsa percepção de que determinado grupo de pessoas, em situação de vulnerabilidade, podem ser assassinados sem que haja consequência jurídica, investigação e reparação".
José Vargas Junior pontua que, além da investigação e reparação, é fundamental que o Estado brasileiro reconheça e implemente políticas concretas para garantir a proteção das trabalhadoras e trabalhadores rurais. "A demora em uma resposta no caso de Pau D'Arco já causou mais uma morte: um dos líderes da comunidade, Rosenildo Pereira de Almeida em julho do ano passado", relembra.
Para a diretora-executiva da Anistia Internacional, é dever do Estado Brasileiro proteger as trabalhadoras e os trabalhadores rurais e que se garanta justiça, investigação e reparação aos familiares das vítimas do massacre. "A justiça é essencial para garantir a segurança dos trabalhadores rurais que continuam lutando por seus direitos," concluiu.
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Relembre o massacre
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