CPI começa a ouvir moradores próximos ao rio Pará

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga a contaminação cometida pela Hydro e outras frentes na bacia hidrográfica do rio Pará iniciava sua segunda rodada de oitivas, dessa vez com moradores do entorno dos rios Pará e Murucupi. Os depoimentos foram unânimes em afirmar que a promessa do progresso atrelada aos “grandes projetos” iniciou uma realidade de escassez e dificuldades que os moradores da área até então desconheciam.

Morador da comunidade Sítio Conceição, próximo à Vila dos Cabanos, Roberto Cravo reconhece que a expectativa de geração de mais empregos à população se limitou à época das obras de instalação física das sedes. “Temos 100 famílias na comunidade mas ninguém está incluído em nenhum plano emergencial. Não houve distribuição de água ou cesta básica, nem assistência social”, confirmou ele, que mora em uma área distante menos de 2 km da DRS2.

Maria de Fátima Dias dos Anjos mora desde que nasceu no Curuperé, comunidade que hoje conta com apenas 15 famílias, mas já teve mais de 200. “As empresas expulsaram, a gente foi saindo. Hoje em dia quase todo mundo ali tem e morre de câncer, minha mãe morreu de câncer. Não era assim antes”, relatou. Junto com os demais moradores, ela tenta apoio junto ao Ministério Público Federal para serem indenizados pelo Estado. “A gente já lutou muito, agora precisa sair. Não tem água, não tem luz, nem estrada. As pessoas abandonam suas casas e saem. Se não saem, adoecem”, revelou.

(Carol Menezes/Diário do Pará)