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O Estado é fraco: facções 'proíbem' roubos na Grande Belém

Quando o Estado não se faz presente na Segurança Pública e em outras áreas fundamentais, facções criminosas começam a ditas regras para os cidadãos. Na Grande Belém, mensagens que seriam de facções criminosas impõem leis estabelecendo uma justiça paralela

Quando o Estado não se faz presente na Segurança Pública e em outras áreas fundamentais, facções criminosas começam a ditas regras para os cidadãos. Na Grande Belém, mensagens que seriam de facções criminosas impõem leis estabelecendo uma justiça paralela.

Um inquérito policial que investiga um suposto recrutamento de pessoas para atuarem na facção do Comando Vermelho, no bairro do Aurá, em Ananindeua, está sendo apurado pela Delegacia do bairro. O caso foi registrado na semana passada (mais precisamente na noite do último dia 29) após a Polícia Militar checar a existência de uma suposta reunião do grupo criminoso naquela localidade.

O encontro ocorreu na sede da “Galera do Aurá”, que pertence ao vereador Deivite Galvão, mais conhecido por “Gordo do Aurá”. Na ocasião, a PM encontrou cerca de 60 mototaxistas que preenchiam uma ficha de cadastro. As pessoas na reunião e o vereador informaram que a reunião ocorria para tratar sobre o transporte de passageiros no bairro. Ninguém comentou sobre o suposto cadastro para entrar no Comando Vermelho.

Todos foram levados para a Seccional Urbana da Cidade Nova para prestar esclarecimentos. Um homem foi preso por crime de receptação, a motocicleta que ele tinha estava com registro de roubo.

As diligências agora ficam com a delegacia do Aurá que poderá investigar ainda denúncias que passaram a circular em redes sociais de que a facção Comando Vermelho (CV) estaria extorquindo moradores e comerciantes que moram no bairro.

As denúncias - que se massificam por meio de aplicativos de trocas de mensagens e demais redes sociais – apontam ainda outras facções e grupos de crimes organizados discordando com a suposta atitude do comando Vermelho. Um destes grupos rivais ao CV seria uma facção denominada “Pica-pau”, conforme diz o texto das mensagens. O teor dos textos anuncia um provável conflito entre as facções.

Contudo, nenhuma denuncia formal sobre este conflito ou de ameaças foi registrado pelas Polícias Civil e Militar.

Nem mesmo a fachada de um antigo PM Box, em frente a um juizado de pequenas causas, de Ananindeua, escabou dos "tentáculos" da bandidagem. (Foto: Ricardo Amanajás/Diário do Pará)

PICHAÇÕES "MARCAM" TERRITÓRIO DO "CV"

Não está confirmado se o ato de vandalismo num posto da Polícia Militar foi de fato cometido por alguém que se diz membro do “poder paralelo”. Porém, é fato que onde a polícia deixa de estar presente fisicamente em tempo integral a criminalidade certamente vai comandar determinados territórios. Num prédio onde há 5 anos funcionou uma base da PM as iniciais do Comando Vermelho (CV) e Família do Norte (FDN) foram pichadas na fachada, num claro recado que ali dita as regras são outras “instituições”.

É curioso também que o PM Box está localizado em frente à sede de um juizado especial de pequenas causas, na Estrada da Providência, no conjunto Cidade Nova 8, em Ananindeua. A comunidade lamenta a desativação da base da PM e denuncia que a criminalidade só tem aumentado por ali.

“Se vocês passaram por aqui, a noite, vão encontrar usuários de drogas e assaltantes se escondendo aí dentro”, apontou uma comerciante que trabalha quase em frente ao PM Box. O espaço está em situação de abandono. O telhado está desmanchando, a fiação está exposta e o lixo tomando conta do prédio. “Eu não sei como ainda não roubaram o ventilador de teto que tem aí”, frisou a comerciante.

A comerciante não quis se identificar sob a justificativa de que pode sofrer represálias por parte dos bandidos. “Eles ameaçam mesmo!”, afirmou categoricamente. “Eles se escondem aí e quando dão certas horas da noite saem rápido para assaltar”, destacou.

Ela não sabe quem pichou “CV” e “FDN” na fachada do prédio, mas acredita que o antigo PM Box possa estar também servindo de ponto de venda de drogas.

O aposentado Lucio Correa, de 72 anos, comentou que mora há 10 anos no conjunto Cidade Nova 8. “Mudei-me para cá numa época em que todo mundo queria vir morar na Cidade Nova, agora todo mundo quer sair daqui por causa da violência”, desabafou.

Ao ser questionado sobre as pichações no prédio, ele disse não viu quem fez, mas que os riscos foram feitos do dia para noite. “Já amanheceu assim”, comentou. “A polícia (viaturas) passam por aqui, mas os ‘elementos’ agem quando não tem viatura por perto”, ressaltou Lúcio.

Próximo ao antigo PM Box funciona uma praça (Complexo do 8) e escolas. Estudantes e usuários da praça seriam as principais vítimas de assaltos naquela área.

A Polícia Militar informou que o posto foi desativado há 5 anos e que o efetivo do 6º Batalhão de Policiamento Militar realiza operações ostensivas e preventivas através de viaturas e motos. Atualmente, a PM utiliza bases móveis e trailers para servir de apoio as policiais militares de plantão e que desde 2010 os denominados “PM box” começaram a ser substituídos por bases comunitárias móveis, dentro do projeto criado no Pará , denominado “Segurança Cidadã”.

Em relação as pichações, a PM respondeu que não há como fazer juízo de valor e afirmar se foram feitas por supostos membros de facções sem uma devida investigação pela Polícia Civil.

O aviso, as iniciais do fundador da facção e o local em que está instalada: "CV RL PA". (Foto: Mauro Ângelo/Diário do Pará)

PICHAÇÃO DECRETA QUE É "PROIBIDO ROUBAR"

Na verdade, as pichações que citam o Comando Vermelho e a Família do Norte, duas das maiores facções que comandam o tráfico de drogas no Brasil, já são vistas em vários bairros de Belém e Região Metropolitana. A maioria delas, inclusive, vem com um aviso que indica que “ é proibido assaltar ou roubar” naquela determinada área. Muitas ainda citam a sigla “RL”, que faz menção a Rogério Lemgruber, fundador da Facção Vermelha, que posteriormente veio a ser “Comando Vermelho”.

No ano passado, numa espécie de “blitz” feita pelo DIÁRIO as pichações foram observadas em 3 bairros de Belém: Jurunas, Parque Verde e Val-de-Cans, sendo que nesse último o “aviso” foi escrito num box em frente ao Posto de Saúde do conjunto Paraíso dos Pássaros.

Em nenhum dos locais onde essas pichações foram feitas ficou comprovado que os riscos foram feitos por pessoas ligadas ao CV e a FDN. No geral, os rabiscos – ora escritos em tinta vermelha, ora em tinta preta – sinalizam o crescimento da violência na capital paraense e passam a demarcar novas áreas de risco de assaltos e roubos, conforme a própria população confirma.

(Diário do Pará)

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