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Comunidades de Barcarena estão contaminadas com metais tóxicos

A pesquisadora Simone Pereira, do Laboratório de Química Analítica e Ambiental (Laquanam) da Universidade Federal do Pará (UFPA), não conteve as lágrimas. Depois de quase 3 anos, ela apresentou, na manhã de ontem (2), o resultado de 90 amostras de cabelo

A pesquisadora Simone Pereira, do Laboratório de Química Analítica e Ambiental (Laquanam) da Universidade Federal do Pará (UFPA), não conteve as lágrimas. Depois de quase 3 anos, ela apresentou, na manhã de ontem (2), o resultado de 90 amostras de cabelo coletadas por moradores de 14 comunidades de Barcarena no ano de 2015. Chumbo, níquel e cromo são metais tóxicos que estão presentes nas amostras com níveis altos de contaminação nos organismos dos moradores. Na região, funcionam várias indústrias, incluindo a refinaria da mineradora Hydro Alunorte.

“Levamos quase 3 anos para fazer essa análise. Isso por que o laboratório não teve recursos. Fizemos com recursos próprios. E nesse tempo, pessoas morreram”, afirmou, emocionada. “Espero que o Ministério Público Federal assuma, de fato, a indenização para essas famílias, mesmo algumas delas não estando mais presentes”. O resultado dos exames foi entregue no salão paroquial da Igreja de Vila do Conde, em Barcarena, na manhã de ontem (2).

Foram encontrados 21 elementos químicos no organismo das pessoas, o que foi uma surpresa para a própria pesquisadora. Entre esses elementos, 3 merecem atenção: níquel, chumbo e cromo, altamente cancerígenos. Nas amostras, os metais tóxicos estavam acima do permitido: níquel 2 vezes maior; chumbo 3 e cromo 5. Assim, podem causar uma série de problemas à saúde daquela população, principalmente no sistema nervoso central e nos ossos. “O alumínio, por exemplo, está quase 27 vezes maior que o permitido. A situação em Barcarena é crítica, difícil de ser entendida”, disse Simone. “E a presença desses metais vem ao longo de anos. De 2015 pra cá alguma coisa deveria ter sido feita. Outras pessoas ainda podem morrer e, com certeza, pode ter uma relação com a contaminação”, reforça.

Ela explica que é preciso fazer exame de sangue para confirmar o nível de contaminação interna dos moradores, já que a análise do cabelo pesquisa apenas substâncias que estão sendo expelidas pelo organismo. “Agora, precisamos acelerar o processo para retirar as pessoas debaixo da área atingida. Para nós, a urgência é o tratamento da saúde dessas pessoas”, diz a agricultora de Vila do Conde, Cleide Monteiro, de 40 anos.

“É difícil receber um resultado acima do esperado. Tenho medo de estar altamente contaminado. Vou tentar interpretar os exames e procurar o serviço de saúde”, desabafou o assistente social Lúcio Negrão, de 41 anos. Ele foi uma das pessoas que teve amostra do cabelo coletado em 2015. Atualmente, ele mora em Vila do Conde, porém, na época residia na comunidade Dom Manuel, mas precisou se mudar devido à poluição no ar.

Um deles mostra o resultado individual de contaminação (Foto: Wagner Santana)


Simone Pereira disse que exames surpreenderam (Foto: Wagner Santana)


Deputados da CPI da Hydro acompanharam audiência (Foto: Wagner Santana)

CPI começa a realizar oitivas sobre as contaminações

Cópia do resultado das análises foi entregue pessoalmente aos deputados estaduais membros da Comissão Parlamentar de inquérito (CPI) que estiveram realizando a primeira atividade externa nas instalações da empresa Hydro, ontem (2) . O objetivo da Comissão é investigar os danos ambientais provocados pelas mineradoras instaladas no polo industrial de Barcarena.

Para o deputado Carlos Bordalo (PT), o resultado dos exames apresentados pela pesquisadora reforça que a situação de Barcarena é de calamidade pública, de emergência social. Segundo ele, após os 90 dias de apuração, a CPI vai apresentar um relatório sobre a atual situação daquele município e propor medidas concretas a serem adotadas para prevenir desastres ambientais. De acordo com o deputado José Scaff (MDB), com o trabalho da Comissão, a sociedade terá a resposta que tanto precisa. E isso também envolve a investigação da isenção fiscal que a empresa Hydro recebeu do Governo do Estado. “O Estado reclama que está com dificuldades e por que deu isenção até 2030 no valor de R$ 7 bilhões?”, questiona. “Iremos junto à Secretaria de Meio Ambiente para saber quais critérios foram adotados para conceder licença para a empresa operar”, garante o parlamentar.

Hoje (3), iniciam as oitivas da CPI. O advogado Ismael Moraes, da associação dos moradores de Barcarena, um subcomandante do Corpo de Bombeiros e um pesquisador em saúde pública do Instituto Evandro Chagas serão ouvidos a partir das 13h, na sede da Alepa.

(Michelle Daniel/Diário do Pará)

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