plus

Edição do dia

Leia a edição completa grátis
Previsão do Tempo 25°
cotação atual R$


home
NOTÍCIAS PARÁ

População ainda sofre com fortes odores de lixão

O ano era 1951. Mesmo tendo o ciclo da borracha ficado para trás no Pará, a multinacional italiana Pirelli, fabricante de pneus, comprou uma fazenda em solo paraense. Era a fazenda Uriboca, no município de Marituba. Lá foram plantadas seringueiras que for

O ano era 1951. Mesmo tendo o ciclo da borracha ficado para trás no Pará, a multinacional italiana Pirelli, fabricante de pneus, comprou uma fazenda em solo paraense. Era a fazenda Uriboca, no município de Marituba. Lá foram plantadas seringueiras que forneciam matéria-prima para a produção dos pneus da unidade da Pirelli no Brasil. Hoje, a área cortada pela rodovia Alça Viária, abriga a maior reserva florestal de região metropolitana do mundo - a floresta da Pirelli - que é tombada e mantida peloGoverno Federal.

As seringueiras ainda estão lá como as únicas sobreviventes da época. Ali próximo existe um local que está tirando a paz de moradores, como Érika Cunha. “A gente só quer poder comer e dormir sem esse mau cheiro. A gente só quer respirar novamente como antes”, diz, falando sobre o Aterro Sanitário onde é depositado todo o lixo gerado na RegiãoMetropolitana de Belém.

Mãe de uma menina de 12 anos e grávida de 7 meses da segunda filha, a dona de casa já teve problemas respiratórios e recebeu, em seu acompanhamento pré-natal, um laudo médico com a recomendação para que ela deixe o local se não quiser ter novos problemas de saúde. “Mas como vou deixar a casa onde vivo desde criança com minha família? E para onde eu iria? Não seria melhor lutar para que nossa vida volte ao normal?”. As perguntas de Érika ainda estão sem resposta definitiva.

Vende-se

Ao se passar pela rodovia Alça Viária, já é possível avistar de longe a montanha de lixo, que se tornou o ponto mais alto de Marituba. Mas é durante a noite, quando os ventos também sopram na área da floresta, que o odor insiste em visitar a casa das pessoas. “De madrugada a gente acorda sentindo o fedor”, relata a dona de casa Simara Santos, mãe de Geovana, de 5 anos, e da pequena Thayla,de apenas 3 meses.

Logo na primeira semana de vida o bebê teve uma internação por problemas respiratórios. “Aos 7 dias de vida minha filha foi hospitalizada e precisou entrar no antibiótico”, diz Simara. “A recomendação dos médicos também foi para sairmos daqui. Mas isso não é possível para mim. Vou para onde? Minha casa é aqui, há mais de 20 anos”.

Imóveis

Hélio Oliveira, do Comitê Cidadania e Resistência de Marituba, afirma que, mesmo os moradores que desistiram de ficar na área, estão encontrando dificuldades para vender seus imóveis. “Tivemos vários casos de pessoas que, como eu, moram muito próximas ao lixão. Elas colocaram suas casas à venda, mas não aparece ninguém nem para olhar os imóveis, sinal de que ninguém vai querer comprar nada nessa área”, diz Oliveira.

Justiça designou interventores ao local

A situação no lixão instalado há um ano em Marituba agravou-se tanto nos primeiros meses deste ano, que os protestos constantes dos moradores obrigaram a Procuradoria-Geral do Estado (PGE) a ingressar com uma Ação Civil Pública contra as empresas Guamá Tratamentos de Resíduos Ltda. (Revita), Revita Engenharia S/A, Vega Valorização de Resíduos S/A e Solvi participações S/A, na Vara da Fazenda Pública da Comarca de Marituba. A ação pediu a designação de um administrador judicial para gerir a empresa em regime de co-gestão, para cumprir as medidas corretivas e preventivas apontadas pela Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas).

Porém, em relação ao mau cheiro e a cobertura dos resíduos, os prazos da Revita já estão esgotados, segundo informou Wagner Luís Cardoso, engenheiro ambiental da Semas. Ele é um dos interventores designados pela Justiça, junto com o delegado de Polícia Civil Marcos Antônio Lemos, que atua na Divisão Especializada em Meio Ambiente (Dema), e a técnica Maria do Socorro Colares.“A cobertura foi retomada e deverá ser contínua de acordo com o recebimento de resíduos. Isso já está minimizando o mau cheiro. Constatamos que há um avanço significativo, porém há ainda uma quantidade de resíduos expostos”, afirmou Cardoso.

Resposta Revita

Em nota, a Revita informou que essas obras foram “fortemente impactadas pelas chuvas recordes que assolaram a região no início desse ano. Com as chuvas, a unidade passou a exalar um odor fora da normalidade operacional”, diz.A empresa informou ainda que a resolução dos problemas está em andamento, incluindo a cobertura, acelerada pela operação de uma nova área para recebimento de resíduos, além da utilização de um equipamento neutralizador de odores e a parceria com a Universidade Federal do Pará para o monitoramento do odor nas comunidades.

(Cléo Soares/Diário do Pará)

VEM SEGUIR OS CANAIS DO DOL!

Seja sempre o primeiro a ficar bem informado, entre no nosso canal de notícias no WhatsApp e Telegram. Para mais informações sobre os canais do WhatsApp e seguir outros canais do DOL. Acesse: dol.com.br/n/828815.

Quer receber mais notícias como essa?

Cadastre seu email e comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Conteúdo Relacionado

0 Comentário(s)

plus

Mais em Notícias Pará

Leia mais notícias de Notícias Pará. Clique aqui!

Últimas Notícias