Jatene recebeu mais de R$ 400 mil da Revita

A Revita Engenharia, responsável pela gestão do aterro sanitário instalado em Marituba, na Região Metropolitana de Belém, foi uma das maiores doadoras da campanha à reeleição do governador Simão Jatene (PSDB), em 2014. A empresa doou quase R$ 420 mil a Jatene. Ou seja, 6% do total arrecadado pelo PSDB naquela eleição – R$ 7 milhões – foram doados pela firma acusada de instalar o maior caos já gerado na questão sanitária, ao supostamente construir um aterro sem qualquer participação da população de Marituba. Há acusações até de contaminação do ar e de nascentes próximas. A situação é tão grave, que os moradores realizam, hoje, um grande protesto (leia abaixo).

A contribuição da Revita para a reeleição de Simão Jatene foi feita em 8 etapas. A primeira doação, no valor total de R$ 280 mil, ocorreu em 29 de setembro de 2014, conforme consta do site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). As duas últimas foram realizadas em 3 e 20 de outubro daquele ano, logo após a divulgação do resultado do primeiro turno, no valortotal de R$ 31 mil.

MÁ GESTÃO

O aterro construído pela Revita tem causado transtornos a comunidades que vivem no entorno. Além do mau cheiro, os moradores de Marituba reclamam da falta de diálogo com a empresa e do descumprimento de acordos firmados. Os moradores afirmam, ainda, que a má gestão e falhas no projeto da Central de Tratamento e Processamento de Resíduos, sob responsabilidade da Revita, têm causado problemas graves para a saúde e contaminação do meio ambiente. A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) declarou, após inspeção, que a manutenção do lixão em Marituba é insustentável e que o mesmo nunca deveria ter sido iniciado.

Hoje, a Região Metropolitana de Belém vive um verdadeiro caos do lixo. (Foto: Jader Paes/Diário do Pará)

Já foram assinados termos de ajuste de conduta e mais de 20 medidas para corrigir problemas do aterro, mas quase nada foi cumprido pela empresa que pagou parte da campanha eleitoral do governador. Não tendo suas demandas atendidas, a população voltará às ruas hoje, para protestar contra a Revita Engenharia.

SERVIÇO

O aterro sanitário de Marituba recebe todo o lixo das cidades de Belém e Ananindeua. Com as constantes manifestações da população, o serviço de recolhimento foi interrompido pelo menos duas vezes desde o início deste mês. A primeira interrupção, em 1º de março, provocou acúmulo de lixo, ratos e insetos nas ruas de Belém, além de insuportável mau cheiro. A coleta só foi retomada após 3 dias. Mas, duas semanas depois, a situação continua caótica. Após a última interrupção, o quadro se agravou. E parece estar longe de uma solução.

JBR/FRIBOI DESPEJOU MAIS R$ 500 MIL NA CAMPANHA DE SIMÃO JATENE

Ao todo, Simão Jatene recebeu R$ 7 milhões em doações para a campanha de 2014. Dentre os principais doadores estão empreiteiras e construtoras como a OAS, a Queiróz Galvão, Comin Construtora, Engeterra, entre outras. Jatene também está na lista dos políticos que receberam doação do grupo JBS/Friboi, um dos principais alvos da Operação Carne Fraca, deflagrada na última sexta, 17.

Em 2014, na campanha para reeleição, a JBS doou R$ 499 mil para Jatene, segundo planilha disponível no site do Tribunal Superior Eleitoral. Foram feitas quatro doações da JBS, nos valores respectivos de R$ 315 mil, R$ 114 mil, R$ 45 mil e R$ 25 mil. As quatro doações foram pagas com cheques.

(Luiza Mello/Diário do Pará)