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Executivo da Vale fala sobre inovação e segurança

No ano passado, o Rio de Janeiro sediou o principal evento do setor de mineração no mundo: o Congresso Mundial de Mineração (WMC, na sigla em inglês), que ocorre a cada 3 anos. Realizado pela primeira vez na América do Sul, o congresso teve a inovação com

No ano passado, o Rio de Janeiro sediou o principal evento do setor de mineração no mundo: o Congresso Mundial de Mineração (WMC, na sigla em inglês), que ocorre a cada 3 anos. Realizado pela primeira vez na América do Sul, o congresso teve a inovação como tema principal. Esse assunto, tão essencial para diversas áreas, também é fundamental para a mineração, porque proporciona o desenvolvimento de ferramentas que visam aumentar a segurança e a produtividade no setor e reduzir o impacto socioambiental. Segundo o neurocientista Luiz Mello, gerente-executivo de Inovação e Tecnologia da Vale, uma das patrocinadoras do evento, a inovação é chave para o sucesso da mineração nos próximos anos, em um cenário de preços mais baixos da commodity no mercado internacional. Mello cita como exemplo o Projeto S11D, o maior da história da Vale, que vai entrar em operação comercial no primeiro trimestre deste ano. O S11D será a primeira mina de minério de ferro do mundo a operar sem a necessidade do uso de barragens de rejeito e de caminhões fora de estrada, o chamado sistema truckless. Esta solução vai permitir a redução anual de, no mínimo, 50% das emissões de gases do efeito estufa do S11D, se comparado com uma mina do mesmo porte operando pelo método tradicional – ou seja, com caminhões.

P:Quais foram os temas mais importantes abordados no WMC sobre inovação?

R:Foi um congresso extremamente importante porque trouxe diferentes atores: as empresas que fazem mineração, aquelas que prestam serviço de consultoria, os fabricantes de equipamentos, as agências governamentais e outras entidades não governamentais. Trouxe todo mundo para um mesmo fórum em um período de uma semana para discutirem as principais questões da mineração. Alguns temas que foram discutidos envolvem barragens de rejeitos, flutuações de preço, incertezas políticas. Enfim, tivemos a oportunidade de falar sobre questões fundamentais que vão ajudar a mineração a avançar nos próximos 4 anos. No caso da Vale, pudemos expor soluções tecnológicas que estamos desenvolvendo no Instituto Tecnológico Vale, o ITV, que tem uma sede aqui em Belém e que vem pesquisando temas de interesse não apenas da empresa, mas também da sociedade brasileira e dos paraenses.

P:Você poderia dar um exemplo?

R:Posso citar como exemplo o estudo de disponibilidade hídrica da Bacia do Rio Itacaiúnas, que abastece parte do Sudeste do Pará. Nele, o ITV avalia, desde 2012, como o mosaico florestal, onde está localizada a mina de Carajás e que é protegido com o apoio da Vale desde os anos 1980, colabora para reduzir impacto climático provocado pelo desmatamento histórico na região. Nosso objetivo é saber qual é a disponibilidade hídrica da bacia e como essa disponibilidade pode afetar o abastecimento de água para a população e indústria da região.

P:Qual a importância da inovação para a mineração?

R: Existe muita inovação na mineração. A mineração é pioneira no sentido de trazer várias soluções inovadoras para a humanidade. A locomotiva, a construção civil, há inúmeros exemplos de inovação, que só surgiram graças à mineração. Quando a gente inova, a gente diminui custos, aumenta a segurança, desenvolve métodos sustentáveis ambientalmente. Então, inovação é chave para o sucesso da mineração para os próximos anos, assim como para qualquer atividade industrial.

P:E na Vale? Como a inovação beneficia as operações da empresa?

R: Inovação, como atividade, é transversal e permeia a empresa, desde o RH até a mina, da corporação à operação. Na atividade minerária em si, você tem inovação para logística, para os trens e para os portos. Há inovação tanto nas unidades operacionais como em áreas específicas criadas para este fim, como os centros de pesquisa da Vale. Há um grupo, liderado por mim, que também busca disseminar as melhores práticas e busca estabelecer os melhores parâmetros para que essa inovação possa acontecer. Acho que o melhor exemplo que a Vale tem, neste momento, é o projeto S11D, o maior projeto de mineração do mundo e que vai funcionar sem caminhão fora de estrada. Não existe hoje nenhum projeto de minério de ferro que funcione sem caminhão. Os caminhões são elementos críticos cruciais de um projeto de minério de ferro e, nesse caso, eles foram substituídos por correias transportadoras. Mas isso que parece uma substituição simples é um processo complexo, requer uma engenharia elaborada, um planejamento sofisticado e, sobretudo, lidar com incertezas. Como é uma coisa que ninguém fez antes, quando se faz sempre tem chances de acontecer algo errado. Então, é preciso testar, validar e garantir que você tenha um método de sucesso.

P:Qual a vantagem de fazer mineração sem caminhão?

R: Inúmeras. A gente vive no período de aquecimento global e a emissão de CO2 é um item central. Se você não tem caminhão rodando com motor diesel, você não tem emissão de CO2. No caso do S11D, será possível reduzir, no mínimo, 50% das emissões anuais de gases do efeito estufa, se comparado com uma mina do mesmo porte operando com caminhões. Isso é um item importante. Com o uso de correias transportadoras no lugar de caminhões, teremos, além de uma maior eficiência energética, um aumento na segurança, com menos exposição do trabalhador ao risco, e também um ganho maior na produtividade, com redução de custo. Mas o S11D não é só inovador por conta da ausência de caminhões. A mina será a primeira a operar sem barragem de rejeitos, pois não haverá rejeito. Isso só foi possível porque o processamento do minério será totalmente a seco, o que permitirá reduzir em 93% o consumo de água, o equivalente ao abastecimento de uma cidade de 400 mil habitantes. No processamento a seco, o ultrafino de minério com alto teor de ferro, que geralmente iria para uma barragem numa mineração tradicional, a úmido, não será descartado. Ele será novamente incorporado à produção.

P:O senhor é oriundo da Academia e está na Vale há oito anos. Poderia falar dessa relação entre a Academia e as empresas. Como o ITV está trabalhando isso?

R:No Brasil, a interação entre a Academia e a indústria é ainda muito precária. A Vale se deu conta disso já há alguns anos e criou uma organização para ser um instrumento central nessa interação. Essa organização se chama Instituto Tecnológico Vale. É uma organização, sem fins lucrativos, destinada ao ensino e à pesquisa, mantida pela Vale, mas que tem pesquisadores oriundos da Academia. Nesse sentido, a gente está buscando criar um grupo de “embaixadores”, que visa uma interação muito mais permeável entre a Vale e a Academia e que, certamente, servirá de modelo para o País. O ITV já tem alguns anos e as grandes provas de teste do instituto, enquanto modelo de operação, já foram superadas. O ITV gera claros retornos para a Vale, porque articula o que a gente chama de sociedade do conhecimento com esse outro elemento que são as indústrias, gerando riqueza, que, no fim, é distribuída para toda a sociedade.

(Diário do Pará)

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