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Verticalização da produção ainda é ideal distante

A baixa participação do Pará no PIB brasileiro passa por uma questão que há tempos aflige os analistas da economia do Estado e os empresários da região: a quase inexistente verticalização da produção industrial paraense. "A verticalização é o grande sonho

A baixa participação do Pará no PIB brasileiro passa por uma questão que há tempos aflige os analistas da economia do Estado e os empresários da região: a quase inexistente verticalização da produção industrial paraense.

"A verticalização é o grande sonho para a indústria do Estado. Mas não depende apenas do empresário, que acaba sendo um grande herói nessa questão", opina José do Egypto, diretor para assuntos econômicos da Fiepa.

A fala é semelhante a do empresário Antônio José Henriques, um dos sócios da fábrica de panelas Pisa, localizada em Belém. A empresa é uma das poucas da cidade que conseguiu verticalizar o processo de produção, aventurando-se no ramo da manufatura. A realidade enfrentada, no entanto, não é nada fácil.

"Indústria é algo absurdamente difícil. Você não pode imaginar a dificuldade. Seja pela mão de obra qualificada ou pelo atraso tecnológico. É muito complicado ter uma indústria. É muito mais difícil do que ter um comércio ou ter uma prestadora de serviço, por exemplo. Ter indústria é quase algo heróico, aqui em Belém do Pará", afirma Antônio José.

O sócio é filho do fundador da Pisa, Bernardino Henriques, que começou as atividades de fabricação de panelas em 1959. Atualmente, Antônio divide a sociedade da empresa com o irmão Abílio. A fábrica produz panelas para o público C e D e comercializa para revendedores (como supermercadistas) do Estado.

No início, a Pisa comprava matéria prima semi-elaborada para produção das panelas. Hoje em dia, a indústria tem um processo de laminação próprio e produz quase todo material necessário para fabricação dos produtos. "Nós compramos o alumínio diretamente da Albrás. É preciso fundi-lo e derretê-lo para fazer as placas que vão dar origens às lâminas e depois os discos, material que compõe as panelas", explica o industrial.

Na compra do alumínio bruto, reside uma das primeiras – e maiores – dificuldades verificadas na Pisa: a matéria-prima é vendida em dólar, que, em 2015, alcançou patamares históricos de alta. "A gente vem trabalhando com uma corda no pescoço", desabafa Antônio José.

"A gente não mexe nos preços da panela há pelo menos quatro meses. Os grandes supermercadistas não vão suportar esse aumento de preço. A recessão que todos estão vivendo é pública e notória. Não dá pra repassar esses aumentos. A Pisa está tendo que absorver esse prejuízo", prossegue o sócio.

De acordo com o industrialista, o lucro da empresa é "muito pequeno", o que fez com que diversos trabalhadores já fossem demitidos em 2015: atualmente, o quadro da Pisa é de aproximadamente 75 funcionários.

Uma isenção fiscal do Governo do Estado – de 95% do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) – concedida à Pisa é um dos principais fatores de sobrevivência do negócio, de acordo com Antônio José. Nem todos empresários do Pará, no entanto, possuem essa chance.

"Isso foi uma tábua de salvação pra Pisa. Se não, não teríamos condição de sobreviver", finaliza.

GALERIA DE IMAGENS - PRODUÇÃO NA FÁBRICA DE PANELA PISA

CUSTO ENERGÉTICO

Outro fator que dificulta a verticalização da produção do Pará é o alto custo da energia, mesmo o Estado sendo considerado um dos maiores produtores do insumo no país. “O aumento no preço energético está trazendo um peso significativo para o setor produtivo do Estado”, opina Garlindo Lins, diretor técnico do Conselho Nacional de Energia Elétrica.

O diretor do Conselho de Energia concorda com a reclamação do diretor da Pisa, de que, muitas vezes, o alto custo da energia elétrica acaba tendo que ser absorvido pelo produtor, o que desacelera a economia. “Se você repassar esse custo todo que a energia vem acumulando ao longo dos anos, você não vende. Você sai do mercado”, explica Garlindo.

Para o especialista, deve existir uma reformulação das políticas de tributação: Estados produtores de energia, como o Pará, deveriam receber mais pelo que produzem. Atualmente, os preços da energia estão focados nos grandes mercados, que estão no sul e sudeste do Brasil.

"Os industriais são divididos em subgrupos pelo nível de tensão. Em aumentos anteriores [em 2015] tivemos grupos com aumentos na faixa de 45 a 46%, como você joga isso no produto? Tem gente que está fazendo milagre para continuar caminhando", considera Garlindo Lins.

"Quando uma empresa sai do mercado, o Estado deixa de ter uma receita por meio dos tributos, além de a gama de empregos que é perdida. Ou seja, há reflexos tanto econômicos quanto sociais", finaliza o diretor técnico.

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