O promotor militar Armando Brasil informou ao DOL, nesta quinta-feira (20), que intimou o comandante do Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Praças (Cfap), tenente-coronel Sadala, e o diretor de Ensino da Polícia Militar, coronel Artur Moraes, a prestar depoimento à Promotoria Militar na próxima semana. Eles são acusados de assédio sexual dentro da corporação.
De acordo com Brasil, a denúncia surgiu de cinco alunas que estão em estágio probatório para ingressar na tropa da PM. "A denúncia veio acompanhada de uma gravação feita pelo celular. Elas já foram ouvidas e citaram ainda o nome de outras mulheres para também prestarem depoimento", conta. Ele diz ainda que mais de 20 mulheres serão ouvidas.
No último domingo, depois de trabalhar no jogo entre Remo e Paysandu, um grupo de alunas retornou ao quartel do Cfap e encontrou o chefe "preocupado" com o desalinho dos uniformes femininos. Sadala, segundo a denúncia, revistou pessoalmente o grupo, apalpando as pernas das subordinadas.
Constrangidas e atemorizadas, as policiais procuraram o diretor de Ensino para relatar a violência. De acordo com a denúncia, o coronel Artur Moraes ameaçou expulsá-las da PM se levassem o caso adiante. Porém tudo foi gravado com os celulares das alunas.
"Nós estamos ouvindo primeiro as alunas e, em seguida, iremos ouvir os acusados. Eles já foram intimados para serem ouvidos na próxima semana", explica Armando Brasil, que não especificou o dia que os acusados falarão.
A promotoria recebeu como provas gravações de ameaça atribuída ao diretor de Ensino da PM, a quem as vítimas recorreram pedindo providência. No áudio de celular, o coronel Artur Moraes desestimula as alunas a denunciar sob pena de expulsão do curso.
Por causa das acusações, foi aberto um Procedimento Investigativo Criminal na Promotoria Militar. Os oficiais podem ser denunciados por constrangimento ilegal, atentado violento ao pudor, assédio sexual e prevaricação. A Convenção Americana de Direitos Humanos condena a revista de mulheres por policiais do sexo masculino.
A Polícia Militar informou ao DOL que as denúncias estão sendo apuradas pela Corregedoria Geral da Polícia Militar, por meio de Inquérito Policial Militar.
(DOL)
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