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Uma nova realidade

Metaverso: um mundo virtual para chamar de seu

Metaverso é uma realidade virtual que já está entre nós, promete ser um caminho sem volta e que onde é possível viver quase tudo o que se vive no mundo real.

Imagem ilustrativa da notícia Metaverso: um mundo virtual para chamar de seu camera Fones de ouvidos e óculos especiais, e outras ferramentas, ajudam a amplificar as experiências sensoriais no metaverso. | Freepik

Na lista de Palavras do Ano de 2021 segundo o tradicional dicionário Collins, o termo “metaverso” é motivo de muitas buscas na internet, e essa procura explodiu principalmente a partir do momento em que a empresa Facebook anunciou, em outubro do ano passado, a mudança de seu nome para Meta - mas sem alterar o nome da rede social. A novidade indicaria o interesse da empresa do bilionário Mark Zuckerberg em mergulhar em uma realidade que já está entre nós e promete ser um caminho sem volta, inclusive atraindo o interesse de outras gigantes do consumo e do entretenimento, de Disney e Mc Donald’s a Victoria’s Secret.

Quem assistiu ao filme “Jogador Nº 1” (2017), de Steven Spielberg, jogou o popular eletrônico Pokemon GO, criado em 2016, e o hoje não tão mais lembrado simulador virtual Second Life, lançado lá em 2003, não deve ter dificuldades em entender o significado da palavra que designa, ainda de acordo com o mesmo dicionário Collins, uma realidade virtual que incorpora ambientes tridimensionais. Fones de ouvidos e óculos especiais, e outras ferramentas, ajudam a amplificar as experiências sensoriais no metaverso, onde é possível viver quase tudo o que se vive no mundo real.

“O metaverso vai muito além de um jogo. Para alguns pode lembrar um pouco o Second Life, mas é como se fosse outra realidade igual a nossa, só que virtual. As pessoas vão poder trabalhar no metaverso, ir ao cinema, comprar um carro, um terreno, ver uma propaganda, usando uma realidade virtual ou aumentada, vai poder utilizar moedas para a compra de produtos físicos, que vão chegar na sua casa ou virtuais, que ficam dentro do metaverso”, detalha o professor da Universidade da Amazônia (Unama) e mestre em Ciência da Computação pela Universidade Federal do Pará (UFPA), Romulo Silva Pinheiro.

professor e mestre em Ciência da Computação pela UFPA, Romulo Silva Pinheiro.
📷 professor e mestre em Ciência da Computação pela UFPA, Romulo Silva Pinheiro. |Divulgação

O conceito surgiu na década de 90, quando o escritor norteamericano Neal Town Stephenson, escreveu um livro chamado Snow Crash (de 1992, traduzido como “Nevasca” no mercado editorial brasileiro), sobre um mundo virtual onde as pessoas iriam viver. “No enredo do filme [Jogador Nº 1], o protagonista inclusive ‘vive’ na realidade virtual porque é melhor que sua vida real”, explica Romulo. Ele atenta para o fato de que, esta semana, a rede de fast food norte americana criadora do Big Mc comprou terrenos virtuais no metaverso, e que empresas de imobiliária estão comprando terrenos para revender.

“Cantores estão comprando espaços, gastando milhões, para em vez de cantar, por exemplo, em um estádio para 300 mil pessoas, fazer um show para um milhão de pessoas no metaverso, para o planeta inteiro, cobrando ingresso - é algo muito maior que uma live. Imagina na Copa do Mundo, comprar um ingresso para assistir de verdade um jogo que vai estar sendo realizado em outro país”, exemplifica o também doutorando em Ciência da Computação pela UFPA. “É poder expandir as possibilidades, fazer no metaverso tudo o que se faz no mundo real, e usando alguma criptomoeda (um tipo de dinheiro digital): Bitcoin, Ethereum, e outros projetos que estão vingando. Lembrando que é preciso usar dinheiro real para comprar criptomoedas, então há a ligação entre real e virtual”, explana o docente.

O Brasil já está no metaverso, ainda começando sua ocupação, mas Romulo não tem conhecimento de iniciativas paraenses nessa outra realidade. “Não sei de nenhuma empresa local embutida no metaverso, mas o Círio por exemplo, nada impede que possam ir no virtual e no real, ou ir a cinemas, comprar apartamento, assistir um RE x PA e essa realidade não está longe, é um caminho sem volta”, garante.

CERTIFICADOS

E não dá para falar de metaverso sem falar de NFTs, na tradução literal “tolkens não fungíveis”. Na prática, tratam-se de certificados de propriedade que não podem ser substituídos, divididos ou compartilhados. O conceito não é dos entendimentos mais fáceis, já que é difícil encontrar o que não pode ser um NFT.

“São apetrechos, objetos, pode ser uma obra de arte, uma foto, uma música, tudo é digital, a gente não toca, mas pode ser vendido. Recentemente, o Neymar comprou, o Justin Bieber também, milhões em NFTs e vão fazer parte do metaverso. É simples criar uma NFT, você pode bater uma foto tua, vender, ganhar milhões, e expô-la em um museu lá no metaverso, que só vai ter acesso quem está lá. Por isso tá crescendo, as pessoas estão investindo agora porque é muito amplo o que pode ser”.

A expectativa é que o NFT se torne a forma prioritária de negociar no metaverso. Entre o primeiro e o terceiro trimestres de 2021, as transações desses tokens triplicaram no mundo, para mais de US$ 5,9 bilhões, segundo o site Nonfungible.com. O primeiro tuíte (postagem no Twitter) da história foi leiloado no ano passado, por US$ 2,9 milhões, enquanto o curta-metragem “Crossroads”, de 10 segundos, custou US$ 6,6 milhões. Tudo em NFT.

Pesquisadora, doutora em Ciências da Comunicação e jornalista da Universidade do Estado do Pará (Uepa), Guaciara Freitas entende o metaverso como a maior revolução tecnológica desde o smartphones, pois a um só tempo aciona recursos da realidade virtual, da realidade aumentada, da inteligência e o uso de criptomoedas. “Isso possibilita uma imersão mais profunda nessa realidade virtual. Mas observo que, além da imersão mais profunda, o metaverso quer configurar uma experiência de extensão da vida, apagando essa linha já quase transparente da realidade contígua e da virtual”, avalia.

Pesquisadora, doutora em Ciências da Comunicação e jornalista da Universidade do Estado do Pará (Uepa), Guaciara Freitas.
📷 Pesquisadora, doutora em Ciências da Comunicação e jornalista da Universidade do Estado do Pará (Uepa), Guaciara Freitas. |Divulgação

A realidade virtual é um mundo criado pelo usuário, mas todo baseado em software. Cria-se uma casa, um avatar que representa esse usuário, e a interação entre criador e criatura se dá por meio de óculos de realidade virtual e de algumas ferramentas, geralmente parecidas com joystick, que a pessoa utiliza para interagir com o ambiente. Já a realidade aumentada permite projetar alguns elementos virtuais no ambiente em que se estiver. No início da pandemia, o Google disponibilizou esse recurso de realidade aumentada para que os professores pudessem projetar animais nos espaços, para os estudantes verem como se o animal estivesse ali.

“Você pode querer saber como uma mesa vai ficar na sua sala, e apontar seu celular para esse espaço e projetar esse elemento virtual, verificar como ele vai se comportar naquele ambiente. Ou seja, a realidade aumentada é como se fosse a sobreposição de elementos virtuais no espaço do ambiente real. A diferença é que a realidade virtual é imersiva”, diferencia Guaciara.

SAIBA MAIS

Um pouco sobre a criptomoeda e por que as pessoas ainda estão testando

O Bitcoin, por exemplo, é um elemento virtual finito, que você detém a propriedade dele comprando e colocando na sua carteira virtual. A ele foi atribuído determinado valor. Para ter uma moeda virtual é necessário ter uma série de requisitos, dentre eles ser finito e ser único, porque algo digital a gente copia facilmente, mas a moeda digital não pode ser copiada, senão acaba virando dinheiro falso.

“Acredito que é uma tendência que veio para ficar”

Estar no metaverso não significa estar em uma outra dimensão do estar no mundo, afirma a doutora em Comunicação. Ela cita como exemplo uma situação, em dezembro de 2021, quando um grupo selecionado participou de uma experiência de interação por meio de avatares dentro de um espaço do metaverso, chamado Horizon Words. Naquela ocasião, uma mulher fez uma denúncia de assédio, pelo fato de que o avatar dela foi apalpado por um outro avatar desconhecido.

“Alguns julgaram que a atitude dela foi extrema e infantil. Mas ela argumentou que assédio é crime na internet, então deveria ser considerado crime naquela situação também. Se a promessa do metaverso é possibilitar que as pessoas façam reuniões, fechem negócios, façam compras, como se estivessem na realidade contígua, a mulher fez a leitura correta, ao entender que o avatar era ela”, justifica Guaciara.

Ela vê todo o sentido no fato de as marcas de luxo já estarem garantindo espaço no metaverso, porque estão num nicho em que os consumidores podem dispor dos aparatos tecnológicos e dos recursos financeiros necessários para participar dessa experiência.

“Acredito que é uma tendência que veio para ficar, embora inicialmente mais para uma classe de consumidores com poder aquisitivo para isso. Como alguns espaços do metaverso ainda estão em fases de experimentação, certamente as próprias experiências dos usuários continuarão a ajudar a configuração do espaço, inclusive com a criação de ferramentas que ampliem a segurança, principalmente em relação às criptomoedas”, sugere.

Quando o assunto são possibilidades de inserções paraenses no metaverso, Guaciara pensa que uma festa de aparelhagem nessa realidade, além de ser viável, iria “bombar”. “Mas com uma ressalva: a experiência completa seria para um público que possa ter um óculos de realidade, uma boa qualidade de internet, criptomoeda para pagar o ingresso etc. Também seria necessário um bom investidor para patrocinar”, pondera.

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