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JUSTIÇA

Quilombolas devem deixar área de reserva da Agropalma

Em audiência de conciliação, empresa se comprometeu a desobstruir estradas e permitir a circulação das associações dentro da propriedade, localizada na região nordeste do Pará.

Imagem ilustrativa da notícia Quilombolas devem deixar área de reserva da Agropalma camera Após acordo, Quilombolas devem deixar área de reserva da Agropalma. | Mauro Ângelo/Diário do Pará

Durou cerca de cinco horas a audiência de conciliação que pôs fim ao conflito gerado pela ocupação de quilombolas no terreno da antiga comunidade de Nossa Batalha, que fica próxima ao limite entre Tailândia e Acará, no nordeste paraense. O terreno ocupado pertence a uma área de reserva florestal de 18 mil hectares mantida pela Agropalma - empresa que trabalha com a produção do óleo de palma há 40 anos no Pará. A invasão começou no último dia 6 de fevereiro. Três ações tramitam na Justiça; uma pedia a reintegração de posse à empresa.

Foi justamente esta reintegração que foi tema central da audiência de conciliação promovida pela Vara Agrária de Castanhal, ontem. A sessão ocorreu no plenário Edvard Monteiro Fonseca, da Câmara de Acará, e presidida pelo juiz André Luiz Filo-Creão Fonseca. Participaram a promotora de Justiça Agrária Ione Nakamura; a defensora pública Andréia Barreto, que representa o movimento quilombola; o presidente da Associação dos Remanescentes de Quilombos da Comunidade de Balsa, Turiaçu, Gonçalves e Vila dos Palmaresdo Vale do Acará, José Joaquim dos Santos Pimenta.

Dois diretores da Agropalma estiveram presentes e acompanhados dos advogados da empresa. Colaboradores da companhia se deslocaram para o Acará, mas ficaram do lado de fora da Câmara. O policiamento foi reforçado na área para evitar ou agir caso houvesse alguma manifestação violenta de populares -o que não aconteceu. Tudo ocorreu dentro da pacificidade. O Instituto de Terras do Pará (Iterpa) enviou dois assessores jurídicos para a audiência de conciliação.

Ficou acordado que os ocupantes deverão deixar o local no prazo de dez dias, a contar a partir de ontem, dia em que foi homologado o acordo entre os quilombolas e a Agropalma. Esse documento é válido como sentença judicial, tendo, portanto, de ser cumprido por força de lei.

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A empresa se comprometeu a manter a livre circulação dos quilombolas nas estradas dentro do terreno da Agropalma, como já fazia anteriormente. Um sistema de controle de acesso será implantado e as comunidades tradicionais que circulam pelo local deverão usar uma espécie de carteira de identificação.

Ficou acertado também que a Agropalma vai retirar a vala cavada para obstruir a circulação de pessoas não autorizadas pelo território da reserva florestal e da área de plantio de dendê. O compromisso da empresa é tapar essa vala inicialmente em dois perímetros, um deles próximo a um dos cemitérios quilombolas e outro próximo a Vila dos Palmares. A decisão também permitirá à empresa colocar outra forma de proteção às suas áreas.

Outro ponto importante da audiência foi que tanto as associações quilombola quanto a empresa Agropalma, e a Defensoria e o Ministério Público, reconheceram que este conflito pela terra só poderá ser solucionado depois de uma decisão administrativa do Iterpa, responsável pela regularização fundiária no Pará.

PREOCUPAÇÃO

O agricultor Jorge Silva, que mora na Vila Arauaí, relativamente próximo da área ocupada, acompanhou a audiência preocupado. “O meu medo é que outros invasores possam vir e isso gerar dano ao meio ambiente e conflitos mais sérios”, comentou enquanto aguardava o desfecho do acordo.

“Eram três processos em curso, este da audiência de conciliação tratou a reintegração de posse e o resultado vai ajudar, de certa forma, nos dois processos civis que foram abertos - um pelo Ministério Público do Estado e outro pela Defensoria Pública do Estado - que tratam da regularização fundiária”, explicou a promotora de Justiça Agrária, Ione Nakamura. “O Iterpa vai fazer os estudos técnicos e as análises necessárias e esse processo administrativo será essencial”, completou.

A defensora pública Andréia Barreto, avaliou como positivo o acordo fechado na conciliação, no entanto, enquanto se reuniu com as associações de povos tradicionais reforçou que ainda há uma longa batalha até o reconhecimento da área como terra remanescente de quilombo. “A lei permite que estas comunidades tradicionais voltem a ocupar seus lugares”, ressaltou.

O resultado vai ajudar, de certa forma, nos dois processos civis que foram abertos - um pelo Ministério Público e outro pela Defensoria Pública do Estado - que tratam da regularização fundiária” Ione Nakamura, promotora.

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