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DESCASO

Obra da Prefeitura descaracteriza história da rua João Alfredo

Segundo historiador, asfalto colocado cobriu completamente os paralelepípedos que marcavam o local, além das réplicas do trilho do bondinho. Via também foi alargada e trabalhadores criticam demora na finalização

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Imagem ilustrativa da notícia Obra da Prefeitura descaracteriza história da rua João Alfredo camera Superfície de concreto foi posta por cima da estrutura de paralelepípedos e trilhos que havia no local. Via ficou alagada com obra | Celso Rodrigues

Uma parte importante da história de Belém foi parar embaixo do concreto. Isso porque a obra de requalificação da Rua João Alfredo, no Centro Comercial de Belém, executada pela Prefeitura com verbas federais, cobriu completamente os paralelepípedos e a réplica do trilho do bondinho que já circulou por lá em outras épocas. Além disso, a parte já pavimentada, entre a Avenida Portugal e Av. Sete de Setembro, foi alargada e está mais alta que o restante, causando alagamentos nas áreas mais baixas. Como se não bastassem todos esses problemas, a obra está descaracterizando por completo o espaço, que ainda guarda memórias importantes da capital paraense do início do século.

O professor e historiador Michel Pinho foi um dos primeiros a denunciar a situação. “Recebi fotos de como estava a obra e fui lá no final de semana para ver de perto, já que antes havia tapumes no local que foram retirados agora e fiquei horrorizado com o que vi”, contou ele. Entre as irregularidades encontradas pelo professor na obra está o fato dela não ter continuidade e cobrir completamente os paralelepípedos, que fazem parte da história do lugar. “Eles remontam do início da ocupação da rua. Além disso, ela está completamente descaracterizada, foi alargada e chega somente até a avenida Sete de Setembro”, explica.

O historiador ressalta que a rua nunca foi asfaltada e que os trilhos, embora não sejam originais, estavam lá para marcar uma época importante da história da cidade. “Mesmo com todas as intervenções que já ocorreram no local, não lembro dessa rua já ter sido asfaltada ou do piso já ter sido coberto da maneira que foi agora, contra a memória de ocupação da via, que é a mais antiga do comércio da capital”, disse. Para o professor, havia outras formas de realizar a obra. “O que me angustia não é só o fato de ter aniquilado a rua, mas todo o processo histórico de ocupação dela, sem falar nos problemas de urbanização que ela causará ao local”, ressaltou.

DEMORA

Asfalto colocado cobriu completamente os paralelepípedos
📷 Asfalto colocado cobriu completamente os paralelepípedos |Mauro Ângelo
Via foi alargada.
📷 Via foi alargada. |Reprodução

Os trabalhadores do local direcionam suas críticas apenas à forma como o trabalho está sendo executado. “Essa obra era para ter iniciado no primeiro semestre, mas atrasou por conta da pandemia e só está sendo executada agora”, informou um dos coordenadores da Associação dos Ambulantes do Centro de Belém (AACCB), Máximo Moreira. Uma placa no local informa que a obra, no valor de R$ 1.123.000,00, teve início no dia 10/07/2020 e o prazo final é de oito meses, apesar de ter avançado apenas em um quarteirão da rua.

Sobre a descaracterização da via, ele garantiu que o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) liberou a obra como ela está e que a via já recebeu outras pavimentações que igualmente cobriram os paralelepípedos e o trilho, que de acordo com ele, “não são originais”. Já o ambulante Gerson Galvão afirma que não acredita que a obra será concluída no prazo estabelecido e que o pavimento colocado na via não é de boa qualidade. “Não deve resistir por muito tempo. Além disso, com as chuvas do final de semana, como essa parte (que está pavimentada) ficou mais alta e acabou causando alagamentos no restante. E não é só isso, até agora não colocaram os bloquetes onde devem ficar as barracas padronizadas”, ressaltou ele, apontando para os bloquetes empilhados ao lado da via.

A projeto de revitalização do corredor da Rua João Alfredo, entre a Avenida Portugal e Travessa Frutuoso Guimarães, no centro comercial de Belém, prevê a instalar nova iluminação, calçadas e padronização de 250 barracas e foi apresentado pela Prefeitura de Belém aos permissionários que atuam no local durante uma reunião em novembro do ano passado. Na ocasião, ficou estabelecido que as obras teriam início no primeiro semestre de 2020. A reportagem fez contato com a Prefeitura de Belém sobre a situação, mas até o fechamento desta edição não teve retorno.

História da Rua João Alfredo

- A história da Rua Conselheiro João Alfredo se inicia no século XVII quando Belém possuía dois núcleos urbanos inicialmente distintos denominados Cidade e Campina. Em 1727 foi estabelecida a freguesia da Campina, e em torno dela se estabeleceu o comércio da cidade, o qual se transformou na Rua dos Mercadores, posteriormente Rua da Cadeia (naquela área que se localizava a única cadeia da cidade no período) e, mais tarde, a atual Rua João Alfredo.

- A Rua constituía-se na principal artéria daquela área, situada entre o Largo das Mercês (atual Praça Visconde do Rio Branco), e o igarapé do Piri e se transformou no centro da zona comercial de Belém, devido suas lojas conterem mercadorias que atendiam não só as necessidades da capital, mas da Amazônia.

- Entre as décadas de 1950 e 1960, a Rua João Alfredo era considerada um espaço para se apreciar o que havia de melhor na moda tanto nas vitrines das lojas, quanto nas vestimentas de seus transeuntes. Já na década de 1980 o comércio, anteriormente dinâmico e luxuoso, começa a dar lugar a um comércio ainda mais variado e de caráter popular, com lojas de tecidos, livrarias, óticas, sapatarias, joalherias, farmácias, venda de artigos eletrodomésticos e importados passando a compor a nova paisagem da rua. O mercado informal também começou a ganhar espaço, contando com a presença de ambulantes na via. A Rua João Alfredo encontra-se em meio ao Centro Histórico da cidade, tombado pela lei nº 7.709 de18 de maio de 1994.

Fonte: ibge.gov.br

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