Estudante paraense foi morto por traficantes do RJ por crime que não cometeu

A Polícia Civil do Rio de Janeiro identificou seis suspeitos de participar do sequestro e morte do universitário paraense Marcos Winícius Tomé Coelho de Lima, de 20 anos, no último mês de outubro, na cidade do Rio de Janeiro. Segundo as investigações, o jovem foi morto após traficantes acreditarem que ele tinha relação com um roubo de uma carga de entorpecentes. As informações são do portal O Globo.

Estudante paraense desaparecido é achado morto no Rio de Janeiro

De acordo com a investigação, Marcos - que era estudante de farmácia na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) - foi sequestrado enquanto andava pela Urca, após sair de um shopping na Zona Sul do Rio de Janeiro, em 8 de outubro.

Uma grande campanha foi realizada nas redes sociais por qualquer pista que levasse ao paradeiro do jovem, mas, um dia depois, o corpo do universitário foi encontrado em Nova Iguaçu.

A polícia acredita que o rapaz tenha sido executado por traficantes de classe média alta que suspeitaram do envolvimento dele no roubo de uma carga de drogas. Os criminosos seriam especializados no tráfico de drogas como skank e haxixe.

A Justiça decretou a prisão temporária dos suspeitos. Dois foram presos. Um foi capturado na última quinta-feira (17) e teve a prisão relaxada, já o outro suspeito segue detido.

ROUBO DE CARGA E MORTE POR ENGANO

Investigações da Delegacia de Homicídios da Baixa Fluminense apontaram que Marcos teria participado de uma negociação para a encomenda de uma carga de skank avaliada em R$ 80 mil. No momento em que a droga seria entregue em Copacabana, uma outra quadrilha roubou o traficante que faria a entrega e levou a mercadoria.

A Polícia Civil investiga se houve participação de policiais militares nessa ação. Os “boteiros” – bandidos que dão um bote para se apropriar da carga – agem em bairros cariocas como Botafogo, Copacabana, Ipanema, Leblon, Barra e Recreio.

“Existe um grupo, da qual a vítima não fazia parte, mas mantinha um relacionamento. Eles combinavam uma negociação de drogas. Marcavam e roubavam a droga [na hora da entrega] em vez de comprar. Investigamos a participação de policiais militares nesse bote. A vítima não faz parte dos boteiros, mas participou da negociação [a encomenda da droga] junto com uma pessoa do relacionamento dela, que faz parte desse grupo. Quando foram receber a carga, a vítima não estava, e eles roubaram a droga do traficante. Essa foi a motivação [do crime]. Quem tomou prejuízo tinha certeza que a vítima tinha participado desse bote”, contou o delegado Uriel Alcântara à reportagem do portal O Globo.

Ainda de acordo com as investigações, alguns integrantes do grupo de ‘boteiros’, entre eles os que conheciam o estudante, fugiram para São Paulo.

O jovem nasceu em Altamira, no sudeste do Estado, e ingressou na UFRJ no segundo semestre de 2017. Ele era estudante do curso de Farmácia, vinculado ao Centro de Ciências da Saúde (CCS), e completaria 21 anos no último dia 23 de outubro.

SEQUESTRO E MORTE

Câmeras de segurança registraram os últimos minutos de vida de Marcos, enquanto pedalava na Urca. As imagens mostram o momento em que um carro branco aparece na contramão e atinge a bicicleta elétrica do estudante. Ele cai no chão e, em seguida, bandidos armados descem do veículo e colocam o rapaz dentro do automóvel.

É possível ver que algumas pessoas testemunharam o crime, mas saíram correndo com medo na direção oposta aos bandidos.