O drama de quem vive à beira de um canal em Belém

Falta de saneamento básico, manutenção e alagamentos são alguns dos problemas que os moradores que vivem próximos aos canais, em Belém, enfrentam diariamente. As péssimas condições no canal da avenida Gentil Bittencourt com a travessa Segunda de Queluz, em Canudos, incluem a mureta, que está quase para desabar, e a presença de mato, lixo e entulho acumulado. O risco de acidentes, segundo relatos de moradores, é constante. Além disso, uma parte avenida encontra-se interditada, com tubulação à deriva, impedindo a passagem de veículos.

Proprietário de um comércio em frente ao canal, Fernando Costa, 62, diz que até animais mortos são enterrados no local. “Outro dia vimos um rapaz enterrando um cachorro e gerou uma confusão porque muitos moradores queriam impedi-lo. Infelizmente algumas pessoas acham que podem jogar tudo no canal. Ainda temos de conviver com ratos e urubus sobrevoando, por causa do lixo acumulado”, reclamou.

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Além desses transtornos, os alagamentos são outra queixa dos moradores. Em decorrência das chuvas, o canal transborda e, por conta disso, muitos precisaram construir calçadas para evitar que a água invada casas e estabelecimentos comerciais. “Quando chove alaga tudo. Precisei construir uma espécie de barragem na calçada para evitar alagamento no meu comércio”, relatou o idoso.

A cabeleireira Maria Silva, 57, também conta que mora no local há 20 anos e tem sido difícil conviver com os problemas ocasionados pela falta de manutenção do canal. “Fica complicado até de caminhar. O canal está seco agora, mas quando chove alaga toda a avenida. Fica difícil até de sair de casa”, lamentou.

RISCOS

Já no bairro da Pedreira, no canal da travessa Antônio Baena, o cenário é praticamente o mesmo. Além do mato invadindo as margens do canal, há lixo e entulhos, e as muretas estão cedidas por conta da erosão. Na esquina com a passagem Oliveira Belo, a principal queixa é o alagamento. A contadora Claudiane Magalhães, 44, conta que precisou adaptar móveis e eletrodomésticos com suportes de madeira, para evitar que ficassem em contato com o chão, pois a água invade a residência até o terceiro degrau da escada. “Já moro aqui há 40 anos e quando iniciaram as obras de macrodrenagem achamos que seria um alívio, mas esse perímetro ficou mais baixo. Qualquer chuva causa alagamentos. Já perdi tantos móveis e eletrodomésticos que tive que optar por deixá-los em cima de bases de madeira”, relatou.

Ainda de acordo com a contadora, os moradores também precisaram construir calçadas mais elevadas em frente as casas com a finalidade de barrar a água do canal.

O QUE DIZ A PREFEITURA

- A Secretaria Municipal de Saneamento informou que ontem o canal da Antônio Baena recebeu ações de limpeza manual. Já o canal da Gentil está na programação de limpeza para o início de dezembro, com a formulação de um projeto de reestruturação das muretas.

- Para prevenir os alagamentos e amenizar os impactos das chuvas sobre os canais, a Sesan esclarece que mantém coleta regular nas áreas citadas e que, mensalmente, recolhe mais de mil toneladas de lixo domiciliar e 600 toneladas de entulho em Belém e distritos.

- A Secretaria ressalta que recolhe até um m³ de entulho, e diz que para volumes maiores, a obrigação é do morador.

- A prática indevida de jogar lixo domiciliar ou entulho, em via pública, gera multa e possível detenção por se tratar de crime ambiental.

- Sobre as calçadas, a Sesan fará um estudo técnico para verificar a melhor forma de atender a questão.