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DESCASO SEM FIM

Belém: Uma cidade com o selo do abandono

O Mercado de São Brás e o Espaço da Palmeira são apenas dois entre tantos exemplos da falta de cuidado da atual gestão municipal com a capital paraense. Feirantes e ambulantes sofrem sem nenhuma infraestrutura

Imagem ilustrativa da notícia Belém: Uma cidade com o selo do abandono camera A cobertura do Mercado de São Brás está cheia de goteiras e as parentes com infiltrações | Mauro Ângelo

Dois importantes centros de atividades comerciais de Belém retratam o verdadeiro cenário de abandono por parte da Prefeitura. Um deles é o Espaço da Palmeira, criado em 2008 como uma espécie de camelódromo, onde deveriam trabalhar 324 vendedores ambulantes. Hoje, o lugar se parece com uma espécie de “feira fantasma” em virtude da falta de manutenção e gestão pública. Um pouco mais distante da área central está o Mercado de São Brás, que também reflete o descaso da atual administração municipal.

As condições precárias também afastaram a clientela, que não frequenta o espaço como antes
📷 As condições precárias também afastaram a clientela, que não frequenta o espaço como antes |Mauro Ângelo

O local será repassado para a iniciativa privada, mas nenhum feirante de lá sabe sobre o destino que os trabalhadores terão. Enquanto isso, trabalham num ambiente insalubre, já que o prédio está com infiltrações, goteiras e lixo por todo o entorno da edificação.

Os poucos trabalhadores que atuam nestes espaços representam a resistência de quem não quer voltar para as ruas e calçadas para vender suas mercadorias e ganhar o sustento da família ou, no caso dos que trabalham mercado de São Brás, querer manter viva a cultura que envolve a atividade no local – que vai além da Economia. O mercado guarda parte da memória de Belém e é dono de uma arquitetura cujo valor histórico é incalculável.

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O espaço Palmeira está localizado no bairro da Campina, praticamente dentro do centro comercial de Belém. Das 324 barracas que foram erguidas, nem metade funciona hoje. As poucas que ainda abrem comercializam os mais variados produtos – confecções, livros, discos de vinil e CDs, artesanato, brinquedos, importados e lanchonetes.

O local necessita de uma reforma
📷 O local necessita de uma reforma |Mauro Ângelo

Salomão Pinheiro trabalha no local desde que foi inaugurado. Confecciona pulseiras masculinas em couro e metal. “Hoje em dia o nosso movimento aqui é praticamente zero. Se você perceber, os boxes estão fechados por não conseguir vender. Teve quem voltasse para as ruas e calçadas para tentar trabalhar”, revelou.

O trabalhador apontou ainda para as calhas do teto entre as barracas. Todas corroídas pela ferrugem. “Tivemos de colocar uma lona para a queda d’água. A prefeitura nunca veio ver isso e nós nos reunimos para verificar o orçamento da calha e cobraram mais de R$ 1 mil. Não temos como pagar isso”, lamentou.

Vários trabalhadores tiveram de fechar as portas
📷 Vários trabalhadores tiveram de fechar as portas |Mauro Ângelo

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O feirante Milton Miranda também está no Espaço Palmeira desde que foi inaugurado, em 2008. “Se você perguntar se temos problemas, sim, temos! 99% da nossa realidade aqui é de problemas e 1% representa a nossa persistência em tentar trabalhar com dignidade. Aqui estamos abandonados”, definiu.

O Espaço da Palmeira também vive o mesmo drama de abandono total
📷 O Espaço da Palmeira também vive o mesmo drama de abandono total |Mauro Ângelo

O piso está deteriorado. Boxes que estão há muitos dias fechados já foram arrombados e a mercadoria saqueada. “Não temos segurança. Nem guarda municipal passa por aqui, o que dirá clientes para comprar algo”, ressaltou.

Em vários pontos a fiação elétrica está exposta. Lixo e entulhos são jogados na parte detrás da feira. Em 2012, uma revitalização do Espaço Palmeira foi anunciada, mas ficou só na promessa.

A Prefeitura diz que a Guarda Municipal faz rondas periódicas com motos e viaturas nos dois espaços.

O que diz a prefeitura?

A Companhia de Desenvolvimento e Administração da Área Metropolitana de Belém (Codem) informa que já conversa com a associação de empreendedores do Espaço Palmeira, com o propósito de remanejá-los para um espaço próximo e assim dar início, ainda em novembro, ao processo de reformas emergenciais no local.

A Codem informa ainda que já concluiu o processo de concessão do Complexo de São Brás, o qual está em fase de licenciamento do projeto executivo pela concessionária.

A Prefeitura reitera que mantém diálogos constantes com os permissionários dos respectivos espaços, para a construção coletiva e integrada de todas as soluções para as áreas.

Prédio histórico está cheio de infiltrações

Não é de hoje que trabalhadores do Mercado de São Brás também denunciam as péssimas condições em que o espaço se encontra. A situação de abandono é tamanha que o ambiente de trabalho está praticamente insalubre. As paredes têm infiltração. O sistema elétrico está com a fiação exposta. Isto sem falar do lixo próximo ao local, onde inclusive se comercializa alimentos. A reportagem esteve no mercado ontem, na hora da chuva da tarde, e teve de fazer malabarismo para andar por lá desviando das goteiras que estão por toda parte.

“O que você está vendo é só um pouco do que a gente enfrenta diariamente para ter o nosso ganha pão”, pontuou o feirante Leomar Rodrigues, 59. Ele trabalha no mercado há de 20 anos. “A última reforma aqui tem mais de duas décadas. Os últimos prefeitos que passaram por Belém não olharam para a gente”, desabafou sobre o abandono por parte administração municipal.

A feirante Rosenilde Lima, 40, também apontou inúmeros problemas, mas a maior preocupação dela é em relação a entrega da gestão do Mercado de São Brás para a iniciativa privada. “Não sabemos se, de fato, iremos ser remanejados e nem para onde iremos se isto vier acontecer. Não existe transparência nesse processo. A prefeitura nunca esclarece as nossas dúvidas”, criticou.

Ela vende roupas há 20 anos e diz que neste intervalo de tempo nunca viu a prefeitura fazer qualquer benfeitoria no local. “Somos nós, trabalhadores, que nos unimos para mandar consertar algo e fazer coleta para apagar”, comentou.

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