plus

Edição do dia

Leia a edição completa grátis
Previsão do Tempo 27°
cotação atual R$


home
PANDEMIA

Rodoviários convivem com o medo da Covid-19

Motoristas e cobradores que trabalham nas linhas da Grande Belém relatam que encontram passageiros que ainda tentam acessar os coletivos sem máscara. A lotação nos ônibus preocupa até quem já contraiu a doença

Imagem ilustrativa da notícia Rodoviários convivem com o medo da Covid-19 camera Mesmo com os riscos diante da pandemia, muitos trabalhadores e passageiros não usam máscaras, ou usam de maneira incorreta. | Wagner Santana

“Ninguém estava preparado para viver uma situação como esta, de enfrentar uma doença desconhecida. Hoje, a minha maior preocupação é com o risco de alguém da minha família ser contaminado por esse vírus”. O relato é do motorista de ônibus Almir Almeida, 56. Ele está entre os 259 mil paraenses que tiveram Covid-19. Apresentou os sintomas em maio, período mais crítico da pandemia. “Fiquei 12 dias internado no Hospital de Campanha no Hangar”, ressaltou. Mesmo tendo voltado ao trabalho, Almir ainda enfrenta algumas sequelas deixadas pela doença. “Lidar com o cansaço é uma delas, mas me considero cerca de 80% melhor se eu for comparar com meses atrás, quando saí do hospital”, prosseguiu.

O rodoviário ficou três meses e meio afastado das atividades. Ele dirige um dos ônibus que faz a linha UFPA/Padre Eutíquio, em Belém. Trabalha com o público e se diz inquieto ao ver um grande número de pessoas agindo como se a pandemia estivesse acabado. “Tem gente que tenta subir sem máscara no ônibus. Temos de conversar e tentar convencer o passageiro que a máscara é para o bem dele e de todos os outros”, disse.

Não se tem dados exatos sobre quantos rodoviários em Belém e Região Metropolitana foram infectados pelo novo coronavírus. No entanto, em uma rápida conversa com eles, no final da linha, é possível obter relatos que sugerem ser grande o total de motoristas e cobradores de ônibus que já apresentaram sintomas da Covid-19 ou mesmo tiveram o diagnóstico positivo para a doença.

Irlana Moreira, 35, também está entre as estatísticas dos infectados pela doença. Ela diz que perdeu as contas de quantos colegas de trabalho também contraíram o vírus. “Eu tive sintomas leves, mas muitos aqui tiveram sintomas mais fortes. Alguns até ficaram hospitalizados, mas graças a Deus ninguém faleceu.”

Hoje ela cuida da higienização dos coletivos no final da linha, que fica no terminal da Universidade Federal do Pará (UFPA). “Meu medo era que meu marido ou filhas acabassem adoecendo, mas não apresentaram sintomas”, contou.

Rodoviário há 26 anos, Luiz Pereira, 61, também já se recuperou da Covid-19. “Fui contaminado logo que voltei de férias, no mês de abril. Tomei vários remédios, entre eles a azitromicina, e, por sorte, não precisei ficar internado”, revelou.

Luiz não faz ideia de quantos passageiros transporta por dia, mas alega estar preocupado com a quantidade de pessoas que tentam subir no coletivo sem máscara. “Alguns vêm com a máscara no queixo, outros sem ela. É difícil essa situação porque o vírus está circulando. A gente tenta conversar, mas tem gente que é agressiva conosco”, apontou. Quem também teve Covid-19 foi Edson Melo, 42, que trabalha como rodoviário há menos de um ano. “Eu e a minha esposa pegamos. Por sorte os nossos sintomas ficaram entre leves e moderados, mas até hoje ainda tenho algumas sequelas (cansaço) que tento vencer trabalhando a minha resistência. No geral, sigo a vida normal”, contou.

Sindicato garante que não houve demissão

O Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros de Belém não tem dados fechados sobre quantos rodoviários foram infectados, mas destaca que não houve demissões durante a pandemia. “Atualmente são, em média, dez mil trabalhadores rodoviários na Região Metropolitana de Belém. Mesmo trabalhando com a frota reduzida, não houve demissões nas empresas”, garantiu Natanael Romero, diretor de operações do Setransbel.

Ele ressaltou que a entidade sindical tem acompanhando o cenário da pandemia desde 16 de março, quando 905 mil pessoas usavam o transporte coletivo. No dia seguinte já havia sido decretado o fechamento de diversas atividades econômicas e das escolas por conta da pandemia. “Atualmente, cerca de 75% deste total de pessoas (exatos 678.750 passageiros) tem andado de ônibus em Belém”, apontou.

Estes índices, segundo Natanael, são importantes para que as empresas possam esboçar o planejamento de trabalho. “Os protocolos continuam. Continua havendo higienização dos ônibus em todos os 106 finais de linha. Continua havendo a orientação para que os passageiros usem máscara”, ressaltou o diretor. “Em algumas áreas, como Icoaraci e Outeiro, a frota já voltou a circular com 80% dos ônibus”, finalizou.

VEM SEGUIR OS CANAIS DO DOL!

Seja sempre o primeiro a ficar bem informado, entre no nosso canal de notícias no WhatsApp e Telegram. Para mais informações sobre os canais do WhatsApp e seguir outros canais do DOL. Acesse: dol.com.br/n/828815.

tags

Quer receber mais notícias como essa?

Cadastre seu email e comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Conteúdo Relacionado

0 Comentário(s)

plus

Mais em Notícias Pará

Leia mais notícias de Notícias Pará. Clique aqui!

Últimas Notícias