Há um aumento do número de candidatos no Pará aos cargos de
vereador e prefeito nas eleições desse ano (23.425) quando comparamos os dados
com as eleições de 2016 (20.610), representando um incremento de 13,6% no total
de candidaturas. Para o sociólogo e cientista político Paulo Ribeiro, o cidadão
paraense assumiu postura proativa de chamar para si a responsabilidade de
intervir na dinâmica política das suas cidades.
O eleitor, segundo ele, “tem a percepção de que aqueles que elegeu nas eleições 2016 não foram capazes de produzir políticas públicas que atendessem aos seus interesses”. Para o pesquisador, os dados devem ser comemorados, pois indicam uma tendência de renovação da classe política paraense.
LEIA MAIS!
Avião faz decolagem forçada, atinge vaca e parte ao meio
Show no Pará em meio à pandemia é assunto em site nacional
Os dados contrastam com a redução em quase 50% dos
candidatos à reeleição nas eleições 2020: em 2016, 1.456 candidatos se
apresentaram para disputar novamente o cargo. Esse ano a Justiça Eleitoral
registrou apenas 771 candidatos à reeleição (-47%). “Uma das explicações para
essa acentuada redução pode estar relacionada à própria percepção do candidato
à reeleição de que seu desempenho foi extremamente sofrível como prefeito ou
como vereador e que, por este fato, o eleitor não o reconduziria de volta ao
cargo”, aponta Ribeiro.
Assim como em 2016 os homens, mais uma vez, serão
majoritários na disputa: do total de candidatos, 66,4% são do sexo masculino.
“Infelizmente esse percentual reflete o modelo patriarcal da sociedade
brasileira”.
Outro dado a ser destacado, segundo o professor, é o estado
civil dos candidatos na disputa pelos cargos no Executivo e Legislativo
municipais. Esse ano 52,2% são casados. Em 2016 o percentual era de apenas
42,3%, um crescimento de 10 pontos percentuais. A grande participação de
candidatos casados, segundo o pesquisador, “pode estar relacionada à onda
conservadora que assola a política nacional, já que uma das bandeiras da última
eleição presidencial esteve relacionada à defesa da família”, atesta.
No que tange ao quantitativo de candidatos por partidos
políticos, o MDB desponta como a legenda com maior número de candidatos (9,89%)
inscritos. Paulo Ribeiro diz que isso pode estar relacionado ao fato de que a
agremiação está no poder, possuindo maior capacidade de atração de candidatos e
mais recursos do fundo partidário.
O número reduzido de candidatos do PSDB (na 5ª colocação com
6,34% das candidaturas), para o pesquisador pode ser explicado pelo fato de
estar fora do poder e pela cultura política nacional, “onde num contexto de
poucos recursos, o partido deve priorizar aqueles candidatos que já possuem
mandato em detrimento dos recém-chegados”.
Boa parte dos
candidatos com ensino médio
No que se refere ao grau de instrução dos candidatos as
estatísticas mostram que a maioria (38,05%) possui o ensino médio completo;
vindo em seguida o superior completo (22,47%), o fundamental incompleto
(13,69%); o fundamental completo (13,5%); quem apenas lê e escreve (4,75), o
ensino médio incompleto (4,54%); e o superior incompleto (2,99%).
“Esses números refletem a historicidade educacional do Pará,
onde predominam os detentores do ensino médio e uma reduzida parcela da
população com acesso ao ensino superior. Para qualificar os candidatos os
partidos devem investir alto em formação política e buscar filiar os melhores
quadros para oferecer à sociedade nas futuras eleições”.
Em relação ao quesito ocupação, os números mostram ainda que
25,22% dos candidatos são servidores públicos. Para Ribeiro isso se deve ao
fato de que essa categoria possui grande expertise técnica e estabilidade no
emprego, o que permite que participem das eleições e possam retornar aos seus
cargos de origem caso não obtenham êxito.
PROFISSÕES
A segunda categoria que mais se inscreveu na disputa é dos
agricultores (10,31%). Na terceira colocação aparece o servidor público
municipal (5,9%), vereador (4,92%), comerciante (4,66), professor do ensino
fundamental (4,17%) e empresário (3,92%). “Isso mostra que existe uma crescente
compreensão de que os interesses destas categorias devem ocupar o espaço
político para implementar suas respectivas agendas, uma vez que os agentes
políticos que receberam seus votos não foram capazes de implementá-las nos
espaços de poder”, avalia. Para o pesquisador este fato deve ser comemorado,
“pois qualificará os debates e contribuirá para a formulação de novas políticas
públicas”.
O grande dado a ser comemorado nestas eleições, sem dúvida,
diz Paulo Ribeiro, é o aumento da participação política dos paraenses.
“Conseguimos superar o processo de desencantamento com determinados políticos,
a guerra e a crescente intolerância nas redes sociais. Estamos compreendendo
que a política é o único meio de transformar nossas vidas nos planos econômico
e social”, atesta.
SERVIÇO
COMPARATIVO DAS CANDIDATURAS NO PARÁ 2016-2018 (ATUALIZADO
ATÉ O DIA 9)
Registros
Na eleição deste ano 23.425 candidatos foram registrados no
Pará: 660 candidatos a prefeito, 668 a vice-prefeito e 22.097 candidatos a
vereador. O número supera os da eleição municipal de 2016, que registrou
20.610, 549, 563 e 19.498, respectivamente.
Reeleição
Na eleição de 2016, 1.456 candidatos se apresentaram para
disputar novamente o cargo. Esse ano a Justiça Eleitoral registrou apenas 771
candidatos à reeleição (-47%).
Partidos
O partido com o maior número de candidaturas é o MDB
(9,87%), vindo a seguir o PSC (7,18%), PL (6,81%), PSD (6,67%) e PSDB (6,33%).
No pleito de 2016 o então PMDB também liderou a disputa com 8,24% dos
candidatos inscritos. A maior queda registrada foi do PSDB, que 4 anos atrás
estava na segunda colocação com 7,69% dos candidatos inscritos, e na eleição
deste ano aparece na 5ª colocação com 6,34%.
Sexo e estado civil
A maioria dos candidatos na eleição deste ano é homem
(66,4%) e casado (52,2%). Na eleição de 2016 os candidatos também eram
majoritariamente homens (67,9%), mas a maioria era solteiro (52%).
Faixa etária
O maior número de eleitores está na faixa de 40 a 44 anos
(17,97%), vindo a seguir a de 35 a 39 anos (16,55%) e a de 45 a 49 (16,27%).
Essa maioria se repetiu nas mesmas faixas etárias em 2016.
Raça
Do total de candidatos, 68,61% se declararam pardos, 18,3%
brancos e 10,8% se declararam pretos. Os pardos também eram maioria em 2016
(71,71%). Nesse quesito a colocação das 3 primeiras categorias não se alteraram
na última eleição, sendo que o percentual dos que se declararam pretos era de
9,1%, percentual 1,7% menor do que o registrado esse ano.
Grau de Instrução
A maioria (38,03%) possui o ensino médio completo; vindo em
seguida o superior completo (22,47%), o fundamental incompleto (13,69%); o
fundamental completo (13,52%); apenas lê e escreve (4,75) o ensino médio
incompleto (4,55%); e o superior incompleto (2,99%). Os analfabetos são 3, o
que equivale a 0,01%. Nesse quesito houve apenas variação percentual entre as
categorias, mas as 3 primeiras colocações se mantiveram inalteradas em relação
a 2016, com a diferença que há 4 anos não houve nenhum analfabeto na disputa.
Seja sempre o primeiro a ficar bem informado, entre no nosso canal de notícias no WhatsApp e Telegram. Para mais informações sobre os canais do WhatsApp e seguir outros canais do DOL. Acesse: dol.com.br/n/828815.
Comentar