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PROTESTO

Indígenas pró-garimpo destroem equipamento de TV americana no Pará

A equipe da Vice TV, incluindo o jornalista e apresentador brasileiro Pedro Andrade, foi hostilizada na última terça-feira (6)

Imagem ilustrativa da notícia Indígenas
pró-garimpo destroem equipamento de TV americana no Pará camera PRF-PA

Garimpeiros do povo mundurucu destruíram equipamentos de uma equipe de TV norte-americana durante um protesto em Itaituba (PA). O incidente faz parte da escalada da tensão na região entre indígenas favoráveis e contrários à exploração do ouro, uma atividade ilegal dentro de terras indígenas.

A equipe da Vice TV, incluindo o jornalista e apresentador brasileiro Pedro Andrade, foi hostilizada na última terça-feira (6) enquanto cobria o bloqueio do entroncamento da BR-163 com a BR-230 (Transamazônica). O protesto, feito por garimpeiros mundurucus e não indígenas, exigia a legalização da atividade, uma promessa do governo Jair Bolsonaro (sem partido).

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Com microfone em punho, os mundurucus se revezavam com críticas aos jornalistas. "Vocês não podem pegar um avião e ficar filmando assim. Senão, as coisas vão ficar difíceis. Vocês pensam que é só vocês que têm o poder de mandar as ONGs, mandar avião, fazer isso? Não", disse um deles.

"Se vocês forem lá na nossa aldeia, lá nós temos televisão, lá nós precisamos de voadeiras [lanchas], nós precisamos de carro, nós também precisamos comer comida boa, entendeu?", prosseguiu o mundurucu, em vídeo que circula em redes sociais.

Pedro Andrade tentou apaziguar os ânimos. "Eu vim aqui ouvir a opinião de vocês, mas eu entendo, respeito perfeitamente o porquê de vocês estarem agindo desse maneira", disse ao microfone. "Eu quero pedir desculpas caso a gente tenha atrapalhado. Mas eu não quero que o senhor ache que eu vim aqui para fabricar uma história."

Presente no local, o antropólogo bolsonarista Edward Luz, que tem assessorado invasões de terras indígenas no Pará, ainda tentou convencer os mundurucus a falar com a Vice TV.

Foi em vão. Pedro Andrade e a equipe tiveram seus rostos pintados, e um dos mundurucus ordenou que a equipe colocasse os equipamentos sobre o asfalto. Em seguida, câmera e microfone foram destruídos a pauladas.

Na quarta-feira (7), os garimpeiros levantaram o bloqueio após negociação com a Polícia Rodoviária Federal, desafogando uma fila de caminhões de alguns quilômetros.

No início de agosto, uma operação do Ibama contra garimpos provocou protestos de garimpeiros mundurucus durante a visita do ministro Ricardo Salles a Jacareacanga (PA), cidade próxima à Terra Indígena Munduruku.

No dia seguinte, a FAB levou de avião garimpeiros mundurucus para reuniões com autoridades federais em Brasília. O Ministério Público Federal (MPF) investiga a carona.

A bacia do rio Tapajós, onde está localizada a Terra Indígena Munduruku, é o epicentro da exploração ilegal de ouro no país. A atividade, financiada por não indígenas, é feita sobretudo por meio de PCs (retroescavadeiras).

O impacto ambiental é grande, com a destruição de margens e o assoreamento de igarapés e rios. Além disso, a atividade financia álcool, drogas e prostituição dentro do território indígena.

Apesar do estrago, o governo federal vem defendendo a legalização do garimpo e da mineração em terras indígenas. Em fevereiro, o presidente Jair Bolsonaro enviou ao Congresso um projeto de lei sobre o assunto.

RESISTÊNCIA AO GARIMPO

Na quarta-feira (7), cinco organizações mundurucus publicaram um manifesto condenando o garimpo ilegal. "Não aceitamos os poucos que são enganados pelos pariwat [brancos] e usam o nome do nosso povo. Não queremos regularizar atividades de destruição no nosso território", afirma o texto, publicado na internet.

"As invasões do nosso território aumentaram e, com ela, a destruição em nosso território desde a chegada desse desgoverno e ainda mais após a visita do ministro do Meio Ambiente no nosso território. Somos a maioria dos mundurucus, estamos nas nossas aldeias e somos contra empreendimentos minerários e madeireiros em nosso território!"

Em agosto, indígenas do povo caiapó fecharam a mesma BR-163, mas para protestar contra a invasão de madeireiros e garimpeiros em seus territórios.

"Eu sempre fui contra a exploração de madeira e de ouro", disse o cacique Raoni, do povo caiapó, em vídeo divulgado nesta quinta-feira (8). "Na minha terra, não vou permitir a entrada de madeireiros e garimpeiros."

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