Filme de Miguel Falabella tem olhar amoroso à história de uma cafetina

Com a volta gradual dos cinemas em algumas cidades do país, o elenco do longa “Veneza”, que inclui a paraense Dira Paes, e seu diretor e roteirista, Miguel Falabella, voltaram a realizar eventos, desta vez em formato on-line, para falar sobre a produção, na expectativa de que em breve ela possa estrear no circuito comercial do país. O filme é uma adaptação da peça de teatro homônima escrita pelo argentino Jorge Accame e conta a história de Gringa, uma cafetina que tem como sonho reencontrar o único homem que amou. Para realizar seu desejo, as prostitutas que trabalham em seu bordel se unem a uma trupe circense e idealizam um plano para levá-la ao encontro de seu amado.

Em uma live na última quinta-feira, 17, que deveria ser comandada por Dira, mas que acabou sem a participação da paraense por falhas de conexão, as atrizes Danielle Winits e Carol Castro acabaram dando suas impressões sobre o filme, além de receberem Falabella brevemente. O diretor comentou a sua escolha de elenco. “É um elenco sensacional, que eu escolhi com o maior carinho. Eu visualizei as pessoas fazendo esses personagens. E eu queria fazer um filme que falasse de sonho, de esperança, de possibilidades. Tem uma cena da Carol que eu adoro: o menino tem um atlas escolar, e ela diz: ‘como o mundo é colorido!’. Eu poderia tê-las olhado [as prostitutas] com um olhar mais desgraçado, mais realista, digamos assim, mas eu não queria. Eu queria olhá-las como divas italianas, aquelas que me inspiraram lá atrás”, descreveu.

Já reconhecido nos festivais de Gramado, Miami, Los Angeles e na mostra “Première Brasil” do “Festival do Rio”, “Veneza” foi filmado no Uruguai e na Itália, tendo entre as locações principais os famosos canais e ruas de Veneza. Uma ode às mulheres latino-americanas, o filme ainda conta com um elenco estrelado pela atriz espanhola Carmen Maura - conhecida pelas atuações nos filmes do cineasta Pedro Almodóvar -, a talentosa argentina Georgina Barbarossa, a uruguaia Camila Vives e a colombiana Carolina Virgüez.

“‘Veneza’ é o filme da minha maturidade. Ele mostra a angústia de uma mulher que, na velhice e na cegueira, percebe que foi cruel com o único homem que a amou. É um filme intenso”, resume Falabella. Sobre suas experiências e personagens, Carol comentou o impacto que foi receber Madalena após a maternidade. “Madalena é uma mulher da vida, cheia de sexy appeal, dona de si, e eu estava vindo de um momento muito mãe. E posso dizer que a Madalena me ajudou a me reencontrar como mulher, como profissional”, admite.

EXPECTATIVA

Danielle Winits comentou que, apesar de todo o feedback positivo que o elenco e direção receberam nos festivais internacionais, está ansiosa pela estreia nos cinemas brasileiros. Para a atriz, é difícil sintetizar um filme como “Veneza”, mas ao menos uma coisa pode ser notada em cada um dos personagens: “Todos convergem de alguma forma para algum tipo de esperança. Eles acreditam em um sonho, cada um tem o seu e sabe da sua limitação. A minha personagem, por exemplo, a Gerusa, ela sabe das limitações que tem, e acho bonito ela vivenciar isso de uma forma coerente dentro daquele microuniverso que é o papel dela”.

Sem a presença esperada de Dira Paes, o próprio diretor comentou como a personagem vivida pela atriz, Rita, é maravilhosa. “A Rita conduz a história. É engraçado que eu nunca tinha trabalhado com a Dira. Sempre fui um grande admirador, um espectador da Dira e nunca pude. Tem muita gente que eu sei que ainda vou cruzar e que a vida ainda não me proporcionou o encontro. A Dira eu sabia que ia me encontrar com ela em algum momento da vida. E quando eu roteirizei, eu falei: é a Dira, a Rita é a Dira”, disse Falabella.

O elenco elogiou ainda a trilha sonora do filme e a canção principal. “Ela dança com o filme, que tem disso, ele conta tudo meio fora do tempo, tem os dias atuais, as lembranças da Gringa, os momentos dela com o amor”, pontua Carol. “E eu acho que ele é um filme que não vai envelhecer, acredito que por muitos anos as pessoas vão assistir e vão gostar. Porque o sonho não envelhece”, comentou também Falabella. A canção principal, “Pecado” ainda chega como uma boa surpresa para o público, sendo cantada pela funkeira Ludmilla. “Ficou lindo, vocês vão ver a beleza que é a Ludmilla cantando um bolero. Todo esse elenco deu ao filme uma tessitura muito especial”, garantiu o diretor.