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Dan Brown lança livro infantil junto com disco de composições clássicas próprias

Mais de 200 milhões de livros impressos em dezenas de línguas renderam a Dan Brown uma fama internacional comparável a de poucos autores vivos – e, mais raro ainda, uma fortuna que passa de US$ 150 milhões. Mas, por um fio, ele não acabou como mais um ent

Imagem ilustrativa da notícia Dan Brown lança livro infantil junto com disco de composições clássicas próprias camera Divulgação

Mais de 200 milhões de livros impressos em dezenas de línguas renderam a Dan Brown uma fama internacional comparável a de poucos autores vivos – e, mais raro ainda, uma fortuna que passa de US$ 150 milhões. Mas, por um fio, ele não acabou como mais um entre tantos músicos anônimos.

No Amherst College, no estado americano de Massachusetts, ele estudou ao mesmo tempo escrita criativa e música. “Quando saí da faculdade, pensei se deveria escrever romances ou música – o que soava muito mais divertido”, conta. “Fui para Los Angeles, fiz um disco que umas cinco pessoas compraram”.

Tocava piano num estilo de pop contemporâneo típico daquela década de 1980, uma coisa “meio Billy Joel, meio Elton John”, segundo define o próprio autor, deixando transparecer o embaraço na entrevista por Zoom. O fato de quase ninguém conhecer essa história, enquanto sete milhões de livros seus foram vendidos só no Brasil desde a chegada de “O Código Da Vinci”, em março de 2004, diz tudo que o leitor precisa saber sobre o resto.

Mas agora um novo capítulo se abre na fábula do compositor Dan Brown. Acoplado ao seu primeiro livro infantil, “Sinfonia dos Animais”, vem um álbum com composições de música clássica dele próprio. A ideia é que as crianças ponham o disco para tocar, usando um aplicativo, enquanto leem o instrutivo conto sobre bichos que juntam os seus diferentes sons para montar uma orquestra silvestre.

Um dos objetivos que animaram a empreitada, conta Brown, foi levar ao cotidiano da infância, de uma forma leve e acessível, a música clássica – que pode ser intimidadora para pais e filhos. É um projeto que ele rascunhou sem pretensões há quase três décadas, quando criou uma peça curta chamada “Happy Frogs”, inspirada por um coral de sapos que ele ouviu coaxando, em tons mais e menos graves, num passeio de volta para casa.

Brown, que não tem filhos e pela primeira vez se dirige ao público infantil, afirma que escreveu o livro que gostaria de ler quando criança. Junto com o tom preocupado em ser informativo e brincar com pequenos mistérios e códigos – recursos que não se afastam tanto assim de sua literatura adulta –, uma coisa em especial o empolga. “É a primeira vez que a minha música é lançada de verdade”, comemora.

Não que ele tenha desenvolvido algum rancor por não ter se tornado músico – é difícil ficar muito frustrado quando o seu cárcere de quarentena é uma mansão campestre no estado de Nova Hampshire com um campo de golfe. Mas essa é uma faceta artística que sempre foi cara ao escritor e que ele nunca deixou de exercitar, tocando todos os dias depois de dedicar as manhãs aos seus romances.

Escrever e compor, diz ele, são atividades “muito, muito parecidas”, que têm a mesma espinha dorsal. Se você não pensa bem na estrutura da sua música, ela não vai funcionar, e a mesma coisa vale para uma narrativa, “não importa o quão bela seja a escrita”. “Nos dois você precisa entender de ritmo e dinâmica. Não dá para ter cinco cenas de perseguição seguidas num romance. E não dá para ter cinco fortíssimos seguidos numa peça de música clássica. O ouvinte fica surdo.”

Dan Brown (na foto abaixo) escreveu em “Sinfonia dos Animais” um conto em que os bichos unem seus sons para formar uma orquestra, feito para ser lido escutando música
📷 Dan Brown (na foto abaixo) escreveu em “Sinfonia dos Animais” um conto em que os bichos unem seus sons para formar uma orquestra, feito para ser lido escutando música |Gregory Brown/Divulgação

Muito dessa formação musical vem, veja só, da religião. Brown, que irritou nove entre dez cristãos ao insinuar uma paixão entre Jesus e Maria Madalena no seu maior best-seller, cresceu cantando num coral de igreja, regido pela mãe, também organista.

“Fui criado muito religiosamente, mas também tinha muito interesse por ciência. Meu pai era professor de matemática na universidade. Eu cresci em pleno campus, entre esses dois mundos colidindo.”

Afinal, prevaleceu o lado científico da árvore genealógica. Brown hoje é agnóstico, o que se reflete na maneira como afasta qualquer interpretação mística sobre a pandemia que está assolando a humanidade. “Eu tendo a ver isso como um evento natural, como um terremoto, um furacão. Causa destruição, mas vai passar”, afirma.

Ao mesmo tempo, ele diz intuir que a religião fique mais forte em tempos duros como os de agora, quando as pessoas estão mais necessitadas. Quando tudo vai bem, comenta, as pessoas só “dizem obrigado, Deus, e pronto”.

“O vírus fez todos perceberem que nosso modo de vida pode desaparecer de um dia para o outro, nos tornou um pouco inseguros de nosso lugar no cosmos”, reflete. Em seguida, relativiza o seu comentário. “No fim, depende de que tipo de pessoa você é. Se a sua religião é frágil, você pode se voltar contra o seu deus, achando que ele o abandonou”, provoca.

A racionalidade dos adultos, diz ele, permite manter uma religião que os faça sentir protegidos por uma entidade divina, ao mesmo tempo em que o cérebro pensa que isso não faz sentido. As crianças, que são seu novo público leitor, aceitam tudo. Brown se lembra de quando era pequeno e tomado pela fé materna. “As pessoas me diziam, você é o milagre do cristianismo, e eu respondia ‘OK!’, sem questionar”, recorda.

A beleza dessa ingenuidade, segundo ele, é que o artista que se dirige às crianças tem liberdade muito maior para criar. Pode ter na narrativa, por exemplo, um hipopótamo tocando violoncelo, que ninguém vai reclamar.

Escrever para um público infantil não foi uma decisão muito planejada. Não se trata do início de uma nova fase do autor ou coisa parecida – na verdade, ele já está trabalhando em uma nova aventura de Robert Langdon, o herói intelectual de obras como “Origem” e “Anjos e Demônios”. Da maneira como Brown descreve, soa quase como uma casualidade que sejam as crianças o público mais adequado para ele experimentar uma narrativa musical. Não que isso diminua sua ambição diante de seu glorioso début como compositor.

Para marcar o lançamento do livro, havia planos pré-pandemia, que agora devem ser readaptados, de ocupar teatros em vários países com orquestras de até 65 instrumentistas para apresentar as músicas de “Sinfonia dos Animais” – uma obra que, em tese, é infantil. Mas a produção tem tamanho de gente grande.

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