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NOVA ESCOLA

Educação caminha para formato híbrido

A rotina de partir em direção à unidade de ensino todos os dias úteis da semana havia sido interrompida desde que o novo coronavírus aportou no Brasil. Desde então, estudantes de todos os níveis de educação, precisaram buscar novas formas de aprendizagem

Imagem ilustrativa da notícia Educação caminha para formato híbrido camera Ricardo Amanajás/Diário do Pará

A rotina de partir em direção à unidade de ensino todos os dias úteis da semana havia sido interrompida desde que o novo coronavírus aportou no Brasil. Desde então, estudantes de todos os níveis de educação, precisaram buscar novas formas de aprendizagem para não ficarem ociosos e perderem o conteúdo do ano letivo.

Foi então que o Ministério da Educação (MEC) publicou uma portaria (544/2020) em que regulamenta o ensino a distância como solução para o período da pandemia. É nesse contexto nacional que a educação híbrida surge como possível alternativa para 2021.

A educação híbrida seria a junção da modalidade física e a distância, dando ao aluno um pouco mais de autonomia, como explica a professora Suzanny Bium, da Universidade do Estado do Pará (Uepa), onde coordena o Núcleo de Educação Continuada e a Distância. Doutora em Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem, ela informa que o ensino híbrido é um tipo de ensino que comporta a organização metodológica de atividades presenciais e on-line.

“As aulas acontecem em instituições de ensino, bem como em salas de aulas que são implementadas em ambientes virtuais de aprendizagem, como o Moodle”, destaca.

Segundo a educadora, a metodologia compreende materiais educacionais com linguagem específica, interação mais dinâmica e maior autonomia para o planejamento e estudo, uma vez que os envolvidos precisam organizar seus horários, elaborar materiais, aguçar a interação nas salas virtuais, dar feedback sobre a aprendizagem, ter autoavaliação contínua, usar recursos como videoaulas, webinários, fóruns e desenvolver avaliações que não visem somente quantificar o conhecimento para aprovar ou reprovar o aluno.

SOMENTE EAD

O conceito abrangente e com proposta enriquecedora vai de encontro ao que a supervisora de proteção aeroportuária Elizabete Dias tem vivenciado com as duas filhas, Ana Cláudia Bastos e Anabel Bastos, de 9 e 13 anos, respectivamente. Desde que a Covid-19 chegou ao Pará, as meninas passaram a estudar somente a distância.

“No primeiro semestre, quando começou, elas aceitaram, mas agora já ficou mais complicado. Elas assistem as aulas porque é obrigado, elas dizem que o ensino não dá para entender. Se presencial já é complicado, imagina on-line? É mais atividade de plataforma, não tem presencial”, descreve.

Com videoaulas que passaram a se estender até aos sábados e o desestímulo das filhas que já sentem a saudade do ambiente escolar, Elizabete optou por mudar o horário no trabalho para poder acompanhar mais de perto as sessões remotas. “Prefiro assim. Fica difícil em matéria de conhecimento, as crianças estão ‘empurrando’, tem uma noção, mas aprendizado não”, considera.

Apesar da constatação, a mãe sabe que é preciso ser paciente. “Não tem vacina, ninguém em casa pegou (Covid-19). Tenho medo, tem uma idosa em casa. Vai ficar muito complicado. Se não tiver outro jeito vai ter que ir, mas com cuidado redobrado”, afirma, ao prever a hibridização do ensino.

BOA VONTADE

A professora Suzanny Bium destaca que as mudanças na forma do ensino/aprendizado aceleradas com a pandemia vieram para ficar e esse processo de transformação exige um esforço coletivo de toda a comunidade educativa. “Um dos nossos desafios é a mudança de pensamento. É preciso compreender que a educação é uma tarefa de todos: agentes governamentais, profissionais da educação e família responsável pelo aluno”, lembra.

“Apesar de reconhecer que muitos pais trabalham o dia todo; que muitos não são educadores com formação em nível superior, desconhecem concepções e metodologias específicas ao ensino; que muitos desconhecem e deixaram de acreditar no potencial transformador da educação; é muito importante lembrar que a escola não assume a responsabilidade de educar sozinha. A família é corresponsável pela formação intelectual, social e humana”, considera Bium.

A educadora ressalta que para os professores existem mais desafios. “O principal é a mudança de pensamento. É preciso superar a ideia de que já sabemos todo o conteúdo da disciplina e não é preciso continuar a formação. Em seguida, é preciso ter humildade para reconhecer suas fragilidades e buscar novas aprendizagens”, sugere, antes de citar uma dificuldade comum aos estudantes. “O acesso à internet. É preciso um amplo programa de conectividade para que todos possam ter acesso democrático”, recomenda.

UNIVERSIDADE

Na Universidade da Amazônia (Unama), a diretora acadêmica do campus Alcindo Cacela, em Belém, Adriana de Sá, explica que a hibridização já faz parte do escopo da mantenedora (Ser Educacional) para alguns cursos. “A pandemia trouxe essa possibilidade para alguns cursos da saúde, como enfermagem; no direito; no marketing, em alguns períodos letivos”.

Segundo Adriana, a experiência tem sido bastante satisfatória, “haja vista que o aluno se vê ancorado em uma plataforma, com material de suporte criado por editoras e o professor também tem oportunidade de transitar em diferentes ferramentas”.

Ela afirma que o planejamento é retomar as aulas presenciais, o que não impede de se implementar a metodologia híbrida, “haja vista que a gente não consegue mais dissociar essas tecnologias que facilitam o acesso ao conhecimento e disseminação do conteúdo”.

Apesar da avaliação positiva não ser unanimidade, a diretora nega que haja casos de evasão por não adaptação ao formato remoto. “Pela pandemia sim, mas não pelas tecnologias, isso não foi associado. A principal causa é a conjuntura econômica”.

Estudo presencial aliado aos recursos tecnológicos

No ponto de vista da presidente do Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino do Pará (Sinepe-PA), Beatriz Padovani, o estudo presencial é imprescindível e não vai acabar, mas precisa se aliar às tecnologias para ser mais eficiente, o que deve ajudar a amenizar problemas educacionais que existem no Brasil “desde a época dos Jesuítas”.

A educadora observa que, apesar de tecnicamente não existir uma modalidade de educação híbrida, esse é um caminho que se pode seguir. “Vai ser uma solução e uma ferramenta muito importante para o aumento da qualidade de educação a partir da pandemia. A possibilidade de incrementar o ensino presencial com a tecnologia, para dar suporte a todos os alunos, vai se tornar uma possibilidade muito interessante para os próximos anos”.

Sobre a preocupação com a adequação das escolas, a presidente do Sinepe observa que a questão não é apenas de infraestrutura diferente entre elas. “Se trata de um problema muito mais profundo. Primeiro, a diferença é na capacidade de atendimento remoto ou a distância, de acordo com a faixa etária das crianças, das famílias também, de dar esse suporte. De acordo com a capacidade de acesso das crianças e jovens à internet”, cita.

“E aí, multiplicam-se as formas desse atendimento com materiais didáticos impressos, com aulas televisivas, aulas em plataforma. Enfim, estamos sendo empurrados para fazer uma revolução na educação”, destaca.

Com isso, Beatriz avalia que é preciso se reinventar. “Para isso, precisamos quebrar paradigmas e encontrar novas soluções”, constata. Soluções essas que ainda dependem do desenrolar da pandemia e do ano letivo atual. “O plano para 2021 vai ser desenhado a partir da retomada pelo menos parcial das atividades presenciais (em 2020)”, confirma.

Educação caminha para formato híbrido
📷 |Reprodução
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