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TRÂNSITO

Micromobilidade: Opção sustentável, prática e acessível

Focada em soluções para pequenas distâncias, como trajetos entre bairros e lugares próximos, a micromobilidade estimula o uso de meios de transporte mais acessíveis, como bicicletas e patinetes

Imagem ilustrativa da notícia Micromobilidade: Opção sustentável, prática e acessível camera Ruth Costa lembra que o deslocamento de bicicleta evita a aglomeração do transporte público, algo importante na atual situação de pandemia | UCB/Divulgação

Segundo o Instituto de Políticas de Transporte e Desenvolvimento, nas cidades mais populosas do mundo, a maioria das viagens já é feita a pé, de bicicleta e de transporte público. Muitas cidades da Índia, por exemplo, têm menos de 10% das viagens feitas de carro. Priorizar as alternativas de micromobilidade possibilita aos cidadãos opções ao veículo particular, principalmente se ele estiver integrado a outros modos de transporte e for acessível para todos.

Hoje, dentro da série de reportagens sobre “Tecnologias Sustentáveis”, vamos tratar de micromobilidade, última tendência global na área de transportes. Seu conceito inclui bicicletas e patinetes compartilhados, alimentados por bateria, e que percorrem trajetos de até 5 quilômetros. Como o próprio nome indica, a micromobilidade está focada em soluções para pequenas distâncias, como trajetos entre bairros.

Nas cidades brasileiras, estes deslocamentos são geralmente feitos a pé, e em condições ruins de infraestrutura e segurança. Com isso, desafoga-se o trânsito nas regiões centrais. O termo é bastante novo: foi utilizado pela primeira vez em 2017, durante o Tech Festival em Copenhagen, na Dinamarca.

A Grande Belém, apesar dos transportes lotados, já se coloca como uma das cidades brasileiras com maior número de pessoas se deslocando de bicicleta. Contagem realizada pelo coletivo ParáCiclo (coletivoparaciclo.org) em 2019, registrou 55.418 viagens de bicicleta em 4 dias de contagem, por 12 horas em seis pontos diferentes, entre centro e periferia

Esse número é bastante expressivo, mas a criação de políticas públicas antes ou depois da pandemia inexistem para contemplar esse fluxo intenso de ciclistas. “Enquanto no Brasil e no mundo as cidades se organizam para estimular o uso da bicicleta, com a ampliação da malha cicloviária, criação de ciclovias emergenciais, uso das bicicletas públicas compartilhadas a custo zero, em Belém, a única mudança veio na contramão: o fim das bicicletas compartilhadas”, destaca Ruth Costa, diretora administrativa da União dos Ciclistas do Brasil (UCB).

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PROJETO

A entidade está com o projeto “Bicicletas para Futuros Possíveis”. Ele é baseado na recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS) para o uso da bicicleta nos deslocamentos como forma de reduzir a aglomeração dos transportes públicos neste momento de pandemia.

“A sociedade civil organizada precisa cobrar dos gestores municipais providências que auxiliem a sociedade nesse sentido. Em Belém o Coletivo ParáCiclo e o perfil BelémTrânsito estão encarregados dessa missão”, diz Ruth, que integra a Rede Bike Anjo, Pedala, Mana! e Coletivo ParáCiclo.

Como forma de estimular o uso da bicicleta e da caminhabilidade e auxiliar as pessoas que utilizam a bicicleta para ir ao trabalho o coletivo ParáCiclo e a Rede Bike Anjo, com os projetos “Pedala, Mana!” e “Bike na Obra”, têm planejado algumas ações.

“Elas vão desde a distribuição de kits de proteção a mulheres que pedalam até a colocação de placas com indicação de tempo para curtos trajetos que podem ser feitos a pé ou de bicicleta. Também entregamos kits de proteção e orientação para pessoas que trabalham com entrega de mercadorias ou na construção civil e se deslocam de bicicleta”.

Mês passado, no dia 14/06, a empresa Tembici, contratada por uma operadora de saúde para executar um projeto de empréstimo de bicicletas compartilhadas encerrou suas atividades em Belém. Era o único da área executado em toda a região metropolitana. Com o encerramento, a Rede Bike Anjo herdou algumas bicicletas do projeto.

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BONS EXEMPLOS DE MOBILIDADE PELO MUNDO

Fundado em 1999, o Grupo CCR é uma das maiores empresas de concessão de infraestrutura da América Latina. Tem atuação nos segmentos de concessão de rodovias, mobilidade urbana, aeroportos e serviços, sendo referência nacional e internacional nesses segmentos. O grupo divulgou em seu site (www.grupoccr.com,br) um estudo com o Índice de Mobilidade das Cidades Sustentáveis, estudo realizado pela consultoria holandesa Arcadis, que avalia o desempenho geral dos sistemas de mobilidade em 100 cidades ao redor do mundo. Acompanhe o top 5 do estudo:

Hong Kong (China) - A número 1 do ranking, é uma referência em sustentabilidade e eficiência no transporte público: menos de um quarto da população local possui carro próprio. Somente o metrô de Hong Kong atende cerca de 12,6 milhões de pessoas todos os dias.

Zurique (Suíça) - A maior cidade da Suíça investe constantemente em melhorias. Um dos projetos de mobilidade mais ambiciosos é a construção de uma rede de logística subterrânea que permitirá o transporte de mercadorias através de túneis, liberando espaço na superfície para bicicletas e pedestres.

Paris (França) - Principal destino turístico do mundo, Paris tem investido fortemente em infraestrutura para ciclistas e na ampliação da rede ferroviária no entorno da cidade. As novas linhas devem transportar até 2 milhões de pessoas todos os dias.

Seul (Coreia do Sul) - A capital sul-coreana é considerada uma das cidades mais inteligentes do mundo. Com uma frota de veículos cada vez maior, tem investido em uma infraestrutura para carros autônomos, em sua maioria elétricos, e que poderão ser compartilhados pela população.

Praga (Tchecoslováquia) - Uma das cidades mais belas do Leste Europeu, Praga é também referência em acessibilidade. Estações de metrô, ônibus e bondes são equipados com plataformas para facilitar a locomoção de pessoas com deficiência, que dessa forma podem circular com certa autonomia.

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José Francisco da Fonseca Ramos, ciclista, professor aposentado e especialista em mobilidade urbana, afirma que o principal ponto que envolve a mobilidade urbana é que pessoas possam se deslocar de um lugar a outro com rapidez e conforto, sem perder tempo. “Ocorre que a mobilidade nas cidades é baseada em automóveis e hoje estamos com grandes congestionamentos. A frota cresceu, mas as ruas não aumentaram de tamanho. Somado a isso, temos uma grande falta de educação dos motoristas”, destaca.

Ele afirma que muita coisa poderia ser diferente caso o BRT de Belém tivesse sido finalizado com suas respectivas linhas alimentadoras. “Dessa forma, muitas pessoas utilizariam o sistema e passariam a andar mais de ônibus e a frota diminuiria nas ruas, melhorando o fluxo”, destaca.

Em 2017, ele disse ter procurado o município para propor um projeto de Educação para o trânsito da capital. O projeto tinha como base a criação de uma rede de ciclofaixas e ciclorotas espalhadas pela cidade, indicando vias e fazendo com que mais pessoas tivessem vontade de deixar o carro na garagem e andar de bicicletas. “Até hoje, nada foi executado. Preferimos deixar tudo para a próxima gestão. Vamos apresentar nosso projeto para os candidatos ao pleito”, disse.

OPÇÃO PARA TUDO

Camilo de Paula Silva, 28 anos, cursa arquitetura e trabalha como projetista em uma loja de revestimentos. Começou a andar de bike em 2017, não apenas por ser mais sustentável, mas para ter mais rapidez e mobilidade para chegar aos lugares. “Moro na Sacramenta e utilizo a minha bicicleta hoje para tudo. Me locomovo do trabalho para casa e vice-versa. Antes da pandemia também fazia o trajeto para a faculdade, além de ir para a casa da minha esposa no Jurunas”, conta.

Apesar de andar de bicicleta trazer muitos benefícios para a saúde e meio ambiente, Camilo afirma que Belém oferece vários obstáculos que dificultam a micromobilidade. “Quase não existem ciclovias e isso faz com que nós ciclistas tenhamos que se esgueirar em meio ao trânsito caótico”, cita.

Além dessa estrutura física, ele diz que falta ainda mais educação no trânsito. “A maioria dos motoristas não respeita os ciclistas e pedestres e acaba invadindo as ciclovias, principalmente as motos. Ou não dão o espaço que nos é concedido por lei, que é 1,5m de distância. Sem falar que não dão sinalização (pisca alerta), o que acaba gerando acidentes. E quando reclamamos ainda somos ofendidos”.

Em 2017, o estudante foi atropelado por uma motorista que não deu sinal para fazer uma conversão e acabou com um grave ferimento na perna. Por sorte, ela prestou socorro.

“Países da Europa já investem pesado nas bicicletas e acredito que o Brasil e Belém devem olhar com mais cuidado a mobilidade urbana. Hoje as intervenções urbanas em Belém são feitas para os carros e nunca para os pedestres e ciclistas. Só assim poderemos ter um pouco mais de qualidade de vida no trânsito”.

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