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TRADIÇÃO

Pato e maniçoba: pandemia começa a afetar almoço do Círio

Vendedores de ingredientes que compõem pratos como pato no tucupi e maniçoba projetam vendas baixas, já que a procissão do segundo domingo de outubro está cancelada

Imagem ilustrativa da notícia Pato e maniçoba: pandemia começa a afetar almoço do Círio camera Nas feiras, famílias já saem às compras. Garrafas de tucupi, maniva e pato vivo estão à venda em Belém | Wagner Almeida

Fé e tradição andam juntas no Pará, e se fartam na mesma mesa. Se existe uma combinação intocável que rege a essência do povo paraense, ela passa diretamente pela culinária e suas significâncias. O Círio de Nazaré talvez seja a maior prova do quanto elas se complementam. É impossível a fé em Nossa Senhora de Nazaré sem o almoço tradicional, composto por maniçoba e pato no tucupi, mesmo com o cancelamento das romarias por causa da pandemia do novo coronavírus.

Basta andar nas feiras da capital para perceber a movimentação em torno da festa. A parte culinária do evento é uma das primeiras a serem providenciadas. E tratando-se das tradicionais maniçoba e pato no tucupi, tem gente que não perde tempo. O cabeleireiro Manu Damasceno garante que em sua casa não vai faltar. “Já estou comprando os ingredientes para a maniçoba. É uma tradição que não depende da procissão, depende mais da nossa vontade, da nossa fé e do interesse em reunir a família”, afirmou.

Manu, assim como outras pessoas, já se adianta na compra dos ingredientes. Mas, sem a garantia da procissão para este ano, muitos vendedores não querem arriscar na preparação maciça do estoque, com medo de que, sem festa, muita gente, principalmente turistas, deixe de comprar o prato típico. “Não podemos nos preparar da mesma forma. Vamos reduzir o nosso estoque, até porque o volume de vendas será bem menor, agora, apesar disso, sempre vai ter maniçoba”, garantiu Marcelo Sagica, 45, vendedor de mistura que engorda o prato.

BAIXA

Ele e outros vendedores estão preocupados. A estimativa na queda das vendas faz com que todo o planejamento para a época seja revisto, inclusive o aumento de empregos temporários. “Já sabemos que esse ano dificilmente as vendas serão como no ano passado. Em média, a gente vende cerca de três mil quilos do ingrediente para a maniçoba. Esse ano projetamos uma queda pela metade. Não é o que gostaríamos, mas é uma venda significativa”, disse Manoel Barbosa Magno, 67. Batatinha, como é conhecido, projetou a contratação de dez funcionários durante o Círio, para trabalhar nas suas três barracas, mas já descartou por conta da não realização da festa.

Batatinha vende a mistura dos ingredientes por R$ 26. Na época do Círio esse valor sobe para R$ 28. No composto vem toucinho branco, chouriço, paio, costela, bacon, rabo, orelha, pé, charque. Todos esses ingredientes, segundo ele, serão adquiridos de forma consciente, evitando assim um estrago tanto do produto quanto no bolso. Além dos ingredientes, a maniva, outro item obrigatório, também deve sofrer uma retração. É o que conta a vendedora Jane Silva. Na barraca onde trabalha, o quilo da maniva cozida é vendido a R$ 4, e a crua sai por R$ 3. Dos mais de cinco mil quilos que geralmente vende, ela acredita que o número deva cair pela metade, mas a estimativa não a desanima. “Eu não penso muito na questão da festa. Sabemos que é importante, mas não existe Círio sem maniçoba e pato no tucupi. Todos os anos a gente vende cerca de cinco mil quilos de maniva, só nas encomendas. Então com certeza vamos vender bastante. O Círio também está nas casas, e, principalmente, na mesa do paraense”, reforçou. Jane também vende o tucupi, usando para preparo do pato, com preço de R$ 10 a garrafa de dois litros.

A família da estudante Alice Silva também foi às compras e já garantiu o prato para o Círio de Nazaré. “Nós gostamos tanto de maniçoba que já estamos comprando os ingredientes para o Dia dos Pais. É uma tradição na nossa família ter o prato todos os anos”, comentou.

De acordo com os vendedores, uma panela de oito quilos da maniçoba tem o custo aproximado de R$ 200, bem acima do pato no tucupi, que sai em torno de R$ 120. O vendedor de Pato Cauã Silva, 18, nem pensa em mexer no estoque. Diz que vai trabalhar com a mesma quantia e já está vendendo bastante a unidade, que custa em média R$ 60, mas fica entre R$ 70 e R$ 120, entre dois e quatro quilos. “Tem muita gente que já está comprando o pato para armazenar. Na época sobe um pouco, esse ano esperamos uma venda boa. Não sei se a mesma quantidade, mas estamos trabalhando com o estoque normal”, afirmou.

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