Dados divulgados pelo Banco Central referentes ao primeiro semestre de 2020 apontam que o Pará é o estado da região Norte do país que ocupa o primeiro lugar em apreensão de cédulas de dinheiro falsas. Segundo a instituição financeira, somente nos primeiros seis meses deste ano, 585 notas falsas foram apreendidas. O Banco Central destacou ainda que a maioria das cédulas falsificadas pelos criminosos e apreendidas nesse período correspondia ao valor de R$100, pertencentes à segunda família, que teve 239 notas apreendidas. No ano passado, foram 6.611 cédulas falsas identificadas no Estado, o que deu um total de R$ 415.219,00 em dinheiro irregular circulando no Estado.
Segundo o delegado da Polícia Federal, Bruno Benassuly, esse tipo de crime ganhou força a partir do ano de 1994, com a introdução do Plano Real. “Com a instituição desse plano, a nossa moeda passou a ter um grande valor de mercado. Nesse início ela era maior até que o dólar, tornando-se muito atrativa. A partir dessa relevância várias pessoas passaram a falsificar o dinheiro”, conta.
O delegado lembra que nos últimos 26 anos, tanto o combate a esse tipo de crime quanto a melhoria da qualidade dos itens de segurança das cédulas, permitiram que houvesse uma queda no crime de moeda falsa. Para tentar coibir a prática criminosa, a PF também adotou novas formas de atuação. “Nós também mudamos os paradigmas de investigação. Antigamente se instaurava um inquérito policial toda vez que alguém apresentava uma cédula falsa. É o item de sucesso em uma investigação”, afirma o delegado.
Atualmente, a partir do novo modo de investigação o foco maior consiste em tentar identificar o local exato onde as células estão sendo falsificadas. “Agora nós pegamos as cédulas, criamos um banco de dados com os números das notas e realizamos também a perícia para identificar a categoria de falsificação das mesmas, tudo em parceira com o Banco Central. A partir disso, tentamos mapear o local onde possivelmente essa cédula foi falsificada”, explica.
Um fenômeno que também tem chamado a atenção das autoridades policiais nos últimos anos é a comercialização de cédulas falsas através das redes sociais, onde a venda do dinheiro é anunciada abertamente. “Geralmente os anúncios são feitos por pessoas do Sul e do Sudeste do país, e as pessoas compram sem nenhum problema. Nesse sentido temos também efetuado bastante prisões durante o recebimento dessas cédulas que são encaminhadas pelo correio ou demais vias de entrega”, disse Benassuly.
Mesmo com os altos números de apreensões que foram apresentados pelo Banco Central, o delegado da PF afirma que até o presente momento, não foi identificada a existência de quadrilhas especializadas na falsificação de moedas, no Pará. “Geralmente essa moeda falsa que chega ao Estado são de pequenos falsificadores ou foram adquiridas em outros estados e entrou aqui por qualquer meio”, destaca.
CAMINHOS
Para inserir a moeda falsa no mercado sem chamar a atenção, o delegado conta que os criminosos procuram locais de grande circulação de pessoas. “É muito comum esse dinheiro falso ser passado em grande supermercados, feiras e estabelecimentos de diversão noturna. Esses são locais que também possuem uma grande circulação de dinheiro em espécie, onde nem sempre as pessoas têm tempo de verificar a autenticidade das cédulas”, observa.
O delegado lembra ainda que outra conduta que pode se enquadrar no crime está em: “Você recebeu a moeda, viu que é falsa, só que ao invés de você entregar em uma unidade policial ou procurar uma instituição bancária para mostrar a falsidade, preferiu passar adiante esse dinheiro sem valor, também será enquadrado no crime pelo parágrafo segundo da lei”. Nesses casos, o indivíduo pode pegar detenção de seis meses a dois anos, além de multa.
Os dados do Banco Central indicam que a soma de todas as notas falsificadas apreendidas no Pará no primeiro semestre corresponde ao valor de R$ 37.610. No Brasil, quem lidera o ranking de apreensões é o estado de São Paulo, com 27.158 cédulas apreendidas.
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